O avô entra na sala de sua casa e encontra a sua netinha chorosa, pois ela queria estar com sua mãe, que tinha ido ao médico para consulta regular.
O avô, condoído, sereno, aproximou-se e, ao invés de lhe questionar o comportamento com tentativas de fazê-la entender da importância da sua mãe ir ao médico, preventivamente etc., a olhou, criança que era, como criança que deveria ser vista, e lhe convidou: – minha querida, vem comigo até aquela janela logo ali ao lado.
A menininha, com seu choro silencioso, pegou na mão do avô, e foi com ele.
Chegaram e o avozinho pegou-a no colo ternamente, apontou para fora e lhe disse: – olhe com atenção e me diga o que vê.
– Vovô, eu vejo a garagem, minha bicicleta, seu carro, o balanço logo ao lado…
– Muito bom, arrematou o avô e, paciente e docemente, apontou a outra janela, no outro lado da sala e disse: então, vamos até lá?
– Claro, vô, vamos. E desceu do colo.
Dessa feita, foi ela que puxou o avô pelas mãos.
Já não chorava.
– Agora, fique em pé no sofá e olhe lá para fora e, outra vez, me conte o que você, sorriu o avô enquanto falava e a ajudava a subir no sofá.
– Ah, eu vejo o jardim que a vovó tanto gosta de cuidar, ali estão as rosas, todo o chão com grama, a cerca branca, o portão e o seu cachorro, que na verdade é meu, não é mesmo?
– Sim, querida, é seu. Ele fica aqui para que eu cuide dele e quando você venha estar conosco, possa brincar e se divertir com ele. Aliás, ele gosta muito de você. Quando você não está aqui em casa, ele caminha aqui e ali, a sua procura. Mas, quando você chega e entra por aquele portão, uau! quanta alegria ele sente.
– É mesmo, vô – já mais alegre, comentou a menina -, ele vem, pula, abana o rabo, resmunga, sai em corrida e volta rápido, pula de novo e não sai mais do meu lado.
O avô olhou-a e, quase num sussurro, indagou: – qual janela você escolhe para sairmos agora e irmos brincar lá fora?
Sem titubear, ela apontou para a janela do jardim e do seu cãozinho.
Saíram e a menina brincou alegremente, jogava bola com o cachorro, corria atrás dele, ele corria atrás dela…
O avô, tranquilo, observava, cuidava, brincava um pouco também, até que a mãezinha chegou. Logo se abraçaram as duas, vieram em direção a varanda, sentaram-se os três, todos sorridentes.
A mãe, claro, quis saber o que tinham feito ao longo do tempo.
A menininha contou logo: – eu estava triste, queria você ao meu lado, mas meu avô me ensinou que eu posso escolher a janela, conforme aquilo que eu queira fazer.
– Mamãe, eu escolhi o jardim e brincar com o meu cachorro.
Com o olhar indagador da filha, o avô falou:
– Minhas filhas, a vida é assim, feita de escolhas. A minha pequena hoje aprendeu que, ao invés de ficar chorosa, parada com a tristeza como companhia, podia levantar-se e ir ver a vida por outras janelas, perceber que tinha opções e que podia escolher o que fazer, segundo sua preferência.
Aprendeu, então, que a mudança começou com o seu movimento em direção a primeira janela. Não foi o movimento de se deslocar, mas, sim, a tristeza que foi deixada de lado, quando mudou o rumo de sua atenção.
Onde estiver nossa atenção, ali estaremos presentes.
A experiência lhe demostrou que conseguiu alcançar seu grande primeiro desejo – estar com a mãezinha – sem dispensar a oportunidade de aproveitar momentos de alegria.
O tempo de espera foi o mesmo. O estado de espírito foi outro. A satisfação final, concretizada.
Enquanto a menina saía a correr pelo jardim, com seu cãozinho, o bondoso senhor voltou-se para a filha, e continuou:
– Minha filha, Buda, o Iluminado, ensinou que todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas pela mente e criadas pela mente. Tudo o que somos hoje é ·resultado do que temos pensado. O que pensamos hoje é o que seremos amanhã; nossa vida é uma criação da nossa·-· mente. Se um homem fala ou age com uma mente impura, o sofrimento o acompanha tão de perto como a roda segue a pata do boi que puxa o carro.
Tudo o que somos hoje é o resultado do que temos pensado. Se um homem fala ou age com a mente pura, a felicidade o acompanha como sua sombra inseparável.
O poeta Milton Ward recitava: A mente pode transformar o inferno em céu, ou o céu em inferno.
Um provérbio sânscrito diz que o cativeiro ou a liberdade do homem dependem do estado de sua mente.
O que teria impedido a nossa pequena de deixar a tristeza e se encontrar com a alegria?
A resistência!
Insistir em permanecer num estado indesejado, quando podemos ir em direção ao estado desejado, é exemplo de resistência.
Resistência aqui, como fator impeditivo de avanço.
A resistência é astuta demais, mostra-se sempre com disfarces.
Veja você, minha filha, o que se passa quanto ao início de um regime alimentar específico, ou a se fazer exercício físico, ginástica, caminhadas regulares. A procrastinação é o nome que damos ao resultado insistente da resistência, que é invisível, mas age em nosso íntimo, ora sob o nome de preguiça, ou de falta de tempo, ou começarei na segunda-feira, ou sou ainda muito jovem, ou já sou velho demais etc.
Em cada um de nós, um mesmo convite, desculpas diversas, todas elaboradas pela resistência.
Acabamos por viver uma vida sem nos darmos conta que há uma outra vida interior, não vivida, por causa da resistência.
Podemos estender o raciocínio e enveredar por diversas áreas da ação e do pensamento humano, como conhecimentos espirituais, adoção religiosa, práticas meditativas, estudo de música, conhecimento de filosofia, a relação mente-corpo, a importância da vida com propósito e ação consciente, cursos de aperfeiçoamento e melhoria intelectual e profissional, leitura de bons livros…
No geral, que resposta damos ou ouvimos diante desses convites ou de outros tantos mais que, quase diariamente, nos chegam, estimulando-nos a mudanças para melhor?
Um copo ou uma vasilha, se ali não se depositar água, por mais que queiramos ou necessitemos dela em dado momento, não a teremos. Não se retira o que não se contém.
Ou tomamos as rédeas do pensar e das emoções, ou a resistência nos derrotará por impor a estagnação, a inação diante da devida melhoria íntima, da renovação e de tudo o mais que a vida em sua verdadeira grandeza deve ser vivenciada.
A cada dia da nossa existência, devemos nos apresentar perante nós mesmos como a nossa mais recente edição, melhorada e ampliada.
A resistência pode ser vencida!
Basta a imposição da intenção e da vontade nesse sentido, e agir.
Mesmo surdo, Beethoven compôs obras grandiosas. A ‘Nona Sinfonia’, por exemplo, criada poucos anos antes de sua morte, foi declarada patrimônio mundial pela Unesco.
A invenção da telegrafia por Samuel Morse, em 1843, incentivou a ideia de serem lançados cabos e atravessar o Atlântico para utilizar a nova tecnologia. O norte-americano Charles Field e os britânicos Charles Bright e os irmãos John e Jacob Brett fundaram uma empresa para lançar o primeiro cabo submarino telegráfico intercontinental.
Em 1850, o primeiro cabo submarino foi instalado no Canal da Mancha, entre Dover e Calais, ao sul da Inglaterra e ao norte da França, respectivamente.
Dois navios, um britânico e um americano, transportaram 2.500 milhas náuticas (4.630 km) de cabo, partiram da Irlanda. O cabo se rompeu quanto já haviam sido lançados cerca de 750 km. Nova tentativa foi feita em 1858 e novo rompimento ocorreu quando somente 250 km haviam sido lançados.
Ainda em 1858 houve uma terceira tentativa. Essa foi bem sucedida, os navios partiram do meio do Atlântico e atingiram portos em lados opostos sem nenhuma ocorrência de rompimento. A mensagem ” Glória a Deus nas alturas, e na Terra, paz, boa vontade para os homens “, foi enviada.
Hoje, existem cerca de 380 cabos submarinos em operação em todo o mundo, com uma extensão de mais de 1,2 milhão de quilômetros.
Vencer a resistência, nos permite caminhar adiante!
Os sonhos possíveis, diante dos empecilhos, não precisam ser mudados. Os recursos e os processos necessários é que devem ser ajustados.
Planejamento, trabalho, persistência e determinação, são palavras de ordem nesses casos.
Repito, minha filha, para nossa fixação do aprendizado: Tudo o que somos hoje é ·resultado do que temos pensado. O que pensamos hoje é o que seremos amanhã; nossa vida é uma criação da nossa·-· mente.
Mudemos o nosso pensar e mudaremos o mundo.
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