Leonardo Da Vinci, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico, nos deixou, com sua genialidade, também fábulas escritas.
A Noz e o Campanário é uma delas:
Um corvo pegou uma noz e levou-a para o topo de um alto campanário. Segurando a noz com as patas começou a bicá-la para abri-la. Porém subitamente a noz rolou para baixo e desapareceu numa fresta do muro.
– Muro, meu bom muro – suplicou a noz, percebendo que estava livre do bico do corvo – pelo amor de Deus, que foi tão bom para você, fazendo-o alto e forte, e enriquecendo-o com esses belos sinos de tão belo som, salve-me, tenha pena de mim! Meu destino era cair entre os velhos ramos de meu pai – prosseguiu a noz – permanecer no rico solo coberto de folhas amarelas. Por favor, não me abandone! Quando eu estava sendo atacada pelo terrível bico daquele corvo feroz, fiz um voto. Prometi que, se Deus me permitisse escapar, eu passaria o resto de minha vida dentro de uma frestinha.
Os sinos, num doce murmúrio, avisaram o campanário que tomasse cuidado porque a noz podia ser perigosa. Porém o muro, teve compaixão e decidiu abrigá-la, deixando-a ficar onde havia caído.
Porém dentro em breve a noz começou a abrir e a estender raízes nas frestas da pedra. Em seguida as raízes forçaram caminho por entre os blocos de pedra e surgiram galhos que saíam pela fresta. Os galhos cresceram, tornaram-se mais fortes e estenderam-se para o alto, acima do topo da torre. E as raízes, grossas e enroscadas, começaram a fazer buracos nos muros, empurrando para fora todas as velhas pedras.
O muro percebeu, tarde demais, que a humildade da noz e seu voto de ficar escondida numa fresta não eram sinceros. E arrependeu-se de não ter dado ouvido aos sinos.
A nogueira continuou a crescer e o muro, o pobre muro, desmoronou e ruiu.
A noz da fábula, pode ser a mágoa, o ressentimento, o melindre, o desânimo e outros mais sentimentos, crenças, valores, que aceitamos abrigar em nosso íntimo.
As nossas escolhas são manifestações de nossa inteligência.
Liberdade de escolha deve estar luarizada pelas luzes da responsabilidade.
A palavra “inteligência” tem a sua origem no latim, vem de intellegentia, que significa “capacidade de entender”, de intelligere, formada por INTER-: “entre” e LEGERE: “escolher”. Portanto, o vocábulo inteligência refere-se ao que se revela intellegens (inteligente), ou aquele que compreende, percebe, conhece e sabe discernir sobre determinadas questões.
O filósofo francês René Descartes (1596 – 1650) pronunciou uma frase que ficou famosa: “Penso, logo sou” (“Cogito ergo sum”, do verbo latino “esse”, que significa prioritariamente “ser”, e não “existir”). Ou seja, aquilo que SOU comanda o pensamento. O SER está acima do pensamento. A ideia ilumina o pensamento, que dá origem a razão.
“Escolher dentre” opções é uso do nosso livre arbítrio, faculdade inerente a todos nós de escolher entre o fazer e o não fazer, de ceder ou de resistir.
A diretriz segura é fazer uso da inteligência e do livre arbítrio a nosso favor.
Quando escolhemos agasalhar o pessimismo, ao invés do otimismo, é escolha contra nós.
Quando optamos pelo perdão e pelo autoperdão, é ação em nosso benefício real.
Sabedores de que certa atitude nos trará prejuízos, e a outros, e insistimos na sua prática, é deliberar pelo sofrimento decorrente. É contra nós.
Uma lei física postula o seguinte: “Toda ação provoca uma reação de igual intensidade e em sentido contrário”.
O que se semeia, se colhe.
Prestemos atenção em nosso bem-estar, naquilo que nos faz bem, que nos engrandece, que nos estimula a melhoria do pensar, do sentir e do agir. Além de humanos, que nos humanizemos mais e mais, a cada instante.
Onde está nossa atenção, estamos ali presentes.
A atenção, do latim attendere, entrar em contato, nos conecta ao mundo, molda, define e nos liga a nossas experiências.
O entendimento do momento nos demonstra que nossa opção por um comportamento saudável, nos faculta uma vivência mais conveniente com a conquista dos inestimáveis tesouros da saúde e da paz.
Enfim, é usar a inteligência a nosso favor.
Não somos produto das circunstâncias fortuitas, mas, sim, das nossas escolhas e decisões.
Se nossa vida é resultado de condicionamentos e condições é porque, conscientemente ou por inércia, decidimos dar a essas coisas o poder de nos controlar.
Nós não somos completamente condicionados e definidos. Nós definimos a nós mesmos, seja ao ceder às circunstâncias, seja por nos insurgir diante delas. Em outras palavras, somos dotados de livre-arbítrio. Não existimos simplesmente, mas sempre decidimos como será nossa existência, o que nos tornaremos no momento seguinte.
As circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, não de modo absoluto, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Até porque as circunstâncias são criações dos homens, e não inversamente.
Por conseguinte, comecemos a aprender que não devemos nos comparar com os outros, mas com o melhor que podemos ser. A busca não é fora, é dentro de nós.
Na hipótese de uma derrota qualquer sofrida no nosso dia a dia, consideremos que a causa não esteja no obstáculo ou no rigor das circunstâncias, e, ao invés de desistência prematura, adotemos a determinação e a coragem da continuidade, rumo ao êxito.
“Persistência”, “tenacidade”, “foco”, “sem perder de vista” e outros termos que são sinônimos entre si, significam uma mesma ideia primordial: prosseguir sempre… para o melhor destino.
Todas as vitórias da criatura são frutos substanciosos da perseverança.
Perseverar na edificação do progresso, mente e coração, sem cessar, isso renova os itinerários da própria vida.
O estudante iniciante chega a ser o erudito professor.
O curioso tímido transforma-se no artífice genial.
A alma inexperiente atinge a maturidade moral.
O triunfo evolutivo se constitui num hino permanente que louva a constância no aprendizado.
Sem firmeza e tenacidade, o projeto jamais deixará o sonho do vir a ser…
Sem a chama da perseverança, a educação não pode patrocinar a iluminação das consciências; o “homem de ontem” não alcança a claridade do “homem de hoje” para maiores conquistas do “homem de amanhã”.
Se almejamos a autossuperação sobre nós mesmos, precisamos rever nossas crenças e valores existenciais, reformular pensamentos, hábitos e posturas, forjar fortaleza emocional e de propósitos, sem brechas em nosso campanário existencial.
Lembrar que os transes emocionais e sentimentais que nos visitam, por mais profundos e desconcertantes que se apresentem, têm limites justos e naturais, e que nos cabe o dever de servir, confiar e esperar, para nossa própria felicidade, aqui e agora, hoje, amanhã e sempre. Pois isso também passará.
O fruto é resultado de longo tempo de atuação da semente no escuro do solo, que persistiu por sair em direção ao sol.
Germinou, cresceu, fortaleceu, floriu, frutesceu e, somente então, amadureceu para permitir sua utilidade derradeira, cuja finalidade estava contida em gérmen na semente. Mas enquanto em gérmen, era somente promessa.
Com comprometimento, determinação, tenacidade, alcançou a condição de servir com a utilidade predestinada – cresceu e frutificou.
Por fim, persistência, tenacidade, foco, que sejam nossa prática de todos os dias, por recomendação da nossa inteligência aplicada a nosso favor.
Mágoa, ressentimento, melindre, desânimo – espantemo-los. Não nos deixemos contaminar.
Fugacidade – não lhe dar asas. Adotemos a tenacidade.
Desistir jamais – assumamos essa forte posição pessoal.
Quais campanários da fábula, ouçamos os conselhos dos sinos – a voz do coração, a voz da consciência – e tomemos cuidado porque a noz que acolhamos para fazer parte de nossa vida consciencial, pode nos ser amistosa, benéfica, construtiva, ou poder ser perigosa, destrutiva.
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