UMA QUESTÃO DE ESCOLHA

Imaginemo-nos usando óculos com lentes azuis.

Tudo o que olharmos, ficará matizado com azul, gerando distorções entre as cores reais do objeto em si mesmo, e aquelas que vemos.

Agora, substituamos as lentes com outras de cor vermelha. Tudo terá mudado para nós, menos as cores próprias do objeto, que permanecem originais.

Por isso se diz que o mundo, a vida, os ditos e os feitos, têm o colorido que nós lhes emprestamos.

Metaforicamente, esse colorido das lentes de nossos olhos, é o conjunto de nossos paradigmas, de nossas crenças, de nossos valores pessoais, que nos faz viver desse ou daquele modo, gostar disso ou daquilo, agir desse ou daquele modo. Em suma, é o que consubstancia o nosso pensar, sentir, falar, agir, ser. O que nos individualiza, que nos faz diferentes uns dos outros.

A palavra paradigma, na linguagem comum, é usada para significar uma percepção, uma premissa, uma teoria, um marco de referência ou uma lente (cor de nossa escolha) através da qual vemos o mundo.

A experiência pessoal de cada um de nós já nos demonstrou que nem sempre uma ou outra de nossas crenças, que são nossas “verdades”, seja, de fato, verdadeira. Vezes há que não chega nem próximo da realidade, no entanto, vem sendo a base existencial de nosso dia a dia.

Um paradigma é como um mapa de uma cidade. Se inexato, não fará diferença o quanto nos empenharmos para achar nosso destino, o quanto sejamos dedicados em seguir suas coordenadas – continuaremos perdidos. Se exato, então a diligência e a atitude têm importância. Mas só então.

Um paradigma adequado, uma crença verdadeira, explica, e, então, orienta.

Se corrigido o mapa, ele se apresentará como referência e guia seguro.

Se fizermos uso de lente ocular apropriada, suficientemente transparente, conseguiremos ver as cores certas do objeto.

Em nosso existir, se desejamos fazer pequenas mudanças e aprimoramentos incrementais em dado momento, basta trabalhar essa ou aquela prática que destoa do novo modelo pretendido. Se queremos fazer aprimoramentos existenciais significativos, superarmos problemas e conflitos íntimos, enfermidades, dificuldades comportamentais e de relacionamentos, hábitos infelicitadores, viciações, distonias emocionais, e outros óbices físicos e psicológicos, trabalhemos nos paradigmas.

Em diversas situações, mais sofremos não por não podermos resolver nossos problemas, mas porque não podemos ver nossos problemas. Se lentes oculares inadequadas distorcem a visão no nosso entorno, falsas crenças, conhecimentos incompletos ou equivocados, distorcem nosso olhar para dentro de nós mesmos.

Einstein disse: os principais problemas com que nos deparamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento que tínhamos quando os criamos.

Nossas premissas, nossas teorias, nossos marcos de referência, nossos costumes, nossos hábitos, enfim, tudo o que compõe nossos valores existenciais, nossa razão de existir, é o que nos impulsiona a vida, ou o que nos aprisiona nas celas sem grades das ilusões, retardando a caminhada, o alcance de dias melhores.

Precisamos determinação e coragem, e mexermos nos alicerces de nosso plano mental, flexibilizando-o e expandindo-o, enriquecendo-o com utilidades de novos conceitos e práticas, que edifiquem um mundo novo em nossa intimidade, com os materiais e as cores da realidade lúcida.

Somos seres com quatro dimensões – corpo, mente, coração e espírito.

Universalmente, nossas necessidades são comuns: Aprender, redesenhando nossos mapas mentais, com diretrizes de crescimento e desenvolvimento; Viver, dando ao nosso corpo adequadas condições de  sobrevivência, com saúde e bem-estar, admitindo, sem mais tardança, que o corpo tem inteligência própria, e funciona como uma máquina automotiva, e tem seu “motorista”, que responde aos comandos da mente. Numa visão mais abrangente, ele é matéria, mas dotado desse “motorista” em seu interior, que o põe em movimento e o dirige, surpreendentemente de maneira inteligente; Amar, contemplando o coração com tesouros de afeto e bem querer, relacionamentos harmônicos e edificantes, otimismo, alegria; Espírito, que é o nosso âmago pensante e determinante, donde retiramos e onde depositamos significado existencial, cujas ações se pautem em compromisso com o bem e o belo, o justo e o nobre, o respeito e a tolerância, deixando um legado pelo exemplo da persistência rumo ao êxito.

Tão certo quanto o alvorecer, que nada impede sua chegada, guardemos a certeza que da mente se origina a energia caprichosa que nos eleva ou que nos rebaixa diante de nós mesmos, que constrói os benfeitos ou malfeitos, que gera curas ou doenças.

Quando na encruzilhada entre o positivo e o negativo, o certo e o errado, a luz ou a sombra, o bem ou mal-estar, o caminho a ser tomado depende de nossos paradigmas, pois são eles que balizam nosso proceder e nosso sentir, conforme a qualidade do que nos nutre a alma.

Olhando para dentro de nós próprios, com disposição de enxergar os mais escondidos cantos dentro do coração, conseguiremos ver o mais apropriado caminho antes do passo seguinte, ou ver em que situação nos encontramos e, se em desconforto momentâneo, tratar de vislumbrar novo rumo, tendo forças para seguir ao alcance do melhor de fato, redimindo-se.

Olhando para dentro de nós próprios, com lucidez e em busca de respostas, teremos o ensejo de testar a verdade de cada crença, a consistência de nossos valores, a clareza de nossa consciência, o que e as fontes do que nos abastece nossas emoções, as utilidades e as futilidades que dominam nosso tempo, os pilares de sustentação construídos com os conhecimentos nobres e os sentimentos superiores, bem como poderemos ver os espaços vazios que pedem limpeza, ordem, ocupação inteligente com reservas preciosas das conquistas de virtudes.

Mudanças significativas pedem mudanças nos paradigmas.

Quanto maior a mudança, maior a resistência.

Quando maior a resistência, maior o esforço da continuidade.

Resistência se quebra com persistência.

Persistência vence aliando-se com a resiliência.

Resiliência é flexibilidade com assertividade.

Assertividade é o que devemos ter na construção de nossos paradigmas.

Bem analisando, concluiremos, enfim, que saúde ou doença, paz ou tormento, alegria ou tristeza, otimismo ou pessimismo, e as demais dualidades da vida, é uma questão de escolha.

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