Os sentidos sensoriais são as janelas da alma, através das quais percebemos o infinito em cada detalhe tangível
Na simplicidade dos sentidos encontramos nossa fonte de conhecimentos e nossa compreensão do mundo.
Tudo o que sabemos sobre o mundo e sobre nosso corpo é um mosaico formado pela visão, audição, olfato, paladar e tato.
Sem esses portais, não sentiríamos o mundo ao nosso redor nem reconheceríamos nossa própria existência física.
A Vida, no entanto, tem nuances mil…
O mundo dos sentidos físicos nos liga ao exterior, mas ao mesmo tempo, nos afasta das delicadas percepções que revelam a plenitude da vida.
O simples sonhar é mágico.
Quando a noite chega e mergulhamos no sono, o universo ao nosso redor se desfaz, as pessoas se evaporam de repente, e até nós mesmos nos dissolvemos.
Todavia continuamos vivos na dimensão dos sonhos, todos ao nosso redor continuam vivos, o que nos permite antever que, sem interferências externas no sono, nos aproximamos do nosso verdadeiro ser… Mas, sim, nossos registros das experiências diárias se apagam, porque os sentidos se fecham como portas trancadas.
Os sentidos são limitados, captam apenas a superfície do físico. Se nossa percepção se restringir aos cinco sentidos, nossa vida estará confinada ao tangível, que é a parte estreita de nosso existir.
Ao fixar o olhar nas formas tangíveis, apenas nas manifestações objetivas, perdemos de vista o mundo sutil, o qual desvela o vasto domínio das causas e efeitos.
Os sentidos traduzem o mundo em comparações, por isso sua relatividade. Todavia, são como janelas para o mundo, através das quais podemos perceber o infinito em cada detalhe tocável, desde que nos estimulemos para isso…
Há uma urgência em nutrir a vida interior, pois só assim podemos tocar a essência da realidade verdadeira.
Imaginemo-nos caminhando descalço em um dia ensolarado.
Ao pisar na areia quente da praia, sentiríamos o calor abrasador sob nossos pés.
No entanto, se compararmos essa experiência com um dia frio de inverno, quando o solo está gelado, a areia seria percebida como aconchegante e quente em relação à temperatura baixa do ambiente.
Essa mudança na percepção é um reflexo direto da comparação que nossos sentidos fazem com base no contexto e nas condições ambientais.
Ou seja, o frio pode ser quente, depende do jeito que se vê… Segurar um cubo de gelo pode queimar nossa mão.
Os sentidos são dádivas da Vida para a sobrevivência, dados a nós no nascimento para que possamos caminhar no mundo externo.
Porém, se nossa busca for para além da mera sobrevivência, os sentidos se mostram insuficientes. Eles são espelhos distorcidos da realidade física, oferecendo reflexos relativos, circunstanciais.
A Vida e o viver são mais…
Para conhecer a vida em sua total profundidade, dimensões e esplendor, devemos voltar nosso olhar para dentro de nós mesmos.
Por quê? Porque a essência da vida não se encontra nas expressões físicas ou mentais, mas na sua fonte primordial!
O que vem e vai no dia a dia é apenas uma miragem, uma sombra passageira. A essência que percebe todas essas idas e vindas é a única verdade eterna. Nós somos essa essência.
Ao compreender essa parte essencial, a vida se revela infinita.
Ao abandonar as certezas habituais, deixando-as de lado, somos brindados com a visão clara da percepção que vai além das limitações sensoriais e revela a verdadeira natureza da existência.
Olhar para dentro de nós mesmos não é uma tarefa fácil; exige vontade, coragem, aceitação e dedicação, pois nossos mecanismos perceptivos ainda não estão preparados para a transcendência dos sentidos.
Nosso dilema é que, embora o âmago da experiência esteja dentro de nós, nossa percepção está voltada somente para fora, criando uma desconexão entre o interior e o exterior.
Vemos o que está fora, mas não enxergamos o que está dentro.
Ouvimos um sussurro, mas não percebemos a sinfonia interna do nosso ser.
Sentimos uma formiga caminhando sobre a pele, mas não sentimos o sangue fluindo em nossas veias.
Nossos sentidos captam apenas as vibrações externas de visão, audição, olfato, paladar e tato, mas a fonte de toda experiência mora dentro de nós, onde residem as conexões com as infinitas possibilidades.
Uma experiência pode ser provocada por um estímulo externo ou até sem qualquer estímulo externo, mas sua origem e interpretação é sempre interna.
Meditação e yoga, por exemplo, nos guiam para além dos cinco sentidos e nos demonstram, se praticadas como devido, não somente como exercício físico, que existe uma dimensão além desses sentidos que pode ser vislumbrada, sentida e comprovada. Podemos chamá-la de “eu”, de “divino”, ou do que quisermos. Pois que as palavras sendo símbolos de “algo”, só cada um poderá definir ao seu próprio modo.
Contudo, mesmo que não estejamos em busca do “divino” ou do “eu”, ampliar nossa percepção é desvendar os mistérios da vida, o que é vital para garantir um bem-estar profundo.
Seja qual for nossa ocupação – artistas, estudantes, donas de casa, médicos ou engenheiros – a qualidade e a precisão da nossa percepção determinam nossa eficácia e sucesso, e o foco de nossa atenção define a amplitude da nossa experiência.
Expandir nossos sentidos pode trazer resultados maravilhosos, adicionando uma dimensão fascinante à nossa vida.
Os sentidos são como espelhos que refletem o mundo, mas é na quietude do coração que encontramos a verdadeira imagem da existência.
Perguntamos frequentemente: “Qual o grau de dificuldade para aumentar nossa percepção? Precisamos renunciar a tudo e nos internarmos em um mosteiro para olhar para dentro?”. A resposta é simples: de modo algum. Essa possibilidade está dentro de nós, não em lugares físicos específicos.
O que se dá é que estamos ocupados com o mundo externo ou mergulhados em nosso drama interior, e essa distração nos impede de descobrir o que está dentro de nós.
Voltar-se para dentro não tem a ver com lugares, pensamentos, ideias, opiniões ou filosofias. Não envolve a atividade mental.
Ao fechar os olhos dos sentidos físicos, abrimos as portas da intuição e da sabedoria interior.
Melhorar nossa percepção é acolher a vida como ela é!
Se dedicarmos alguns minutos diários a isso, veremos a transformação.
Prestar atenção à nossa natureza interior mudará a qualidade da nossa vida.
Por exemplo, comecemos prestando atenção em nós antes de dormir: pensamentos, emoções, cabelo, pele, roupas, constituição física etc.
Saibamos que nada disso somos nós!
Somos aquele que inicia todas as ações, que antecede e sucede a tudo que é passageiro.
Não precisamos concluir o que “somos” ou o que é a “verdade”.
A verdade não é uma conclusão a ser alcançada, mas uma revelação que emerge quando nos voltamos para dentro e nos libertamos das ilusões sensoriais, dado que ela se manifesta à medida que a consciência se expande e se aprofunda, ao longo da jornada interior de autodescoberta.
Se mantivermos as falsas conclusões à distância, a verdade surgirá. É como nossa experiência da noite: o Sol não se foi; sabemos que é só o planeta que está olhando para o outro lado.
A verdadeira compreensão não está na superfície dos sentidos, mas na profundidade do Ser que ultrapassa todas as limitações percebidas.
Apesar disso, ainda estamos distraídos, olhando só para fora…
Não prestamos atenção suficiente para saber o que o “eu” realmente é!
As nossas diversas dimensões se mostram quando o olhar interno se abre.
Não é necessário doutrina nova, mas de uma mudança de perspectiva e atitude.
Se agirmos com essa consciência e intenção, nossa experiência será poderosa.
Com o tempo, entraremos numa dimensão além de todas as ilusões.
Experimentemos, confirmemos e persistamos.
A jornada para dentro é a jornada para a verdade, onde a revelação reconfigura a realidade profunda.
Com o despertar íntimo, perceberemos que as emoções e os sentimentos nobres são sustentáculos e grandes conselheiros da razão, e nos depararemos com a força da coerência entre o que se sente e o que se fala, o que se sabe e o que se faz, o que somos e o que aparentamos ser, e então encontraremos a companhia da harmonia, da empatia, da compaixão, da solidariedade, do amor, da paz…
Eis o grande estímulo para o perdão e para o autoperdão!
Eis que nasce o autoamor!
É uma jornada de autodescobertas, onde os sentidos se transformam em guias para a eternidade.
Na dança sutil das causas e efeitos, desvendamos as portas do infinito, onde a grandiosidade e o significado se entrelaçam em perfeita harmonia.
Permitamo-nos olhar além das aparências e, sem receios, descobrir a essência existencial do Ser e as razões do viver.
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Projeto INOVE – a vida sob novo prisma
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