Quem já não fez um simples corte em um dos dedos da mão, por exemplo?
Houve o sangramento, logo a seguir a coagulação do sangue, a formação de capa mais rígida protetora, e, num tempo relativamente breve, a cicatrização, a queda da capa protetora (casca) e se conclui com o restabelecimento da pele, inclusive com a parte lacerada da impressão digital específica daquele dedo.
Em qualquer outra parte do corpo, em condições gerais, acontece o mesmo processo de restabelecimento da exata parte lacerada. Inteligentemente sem erros.
Não só quanto machucaduras.
O funcionamento de nossos sistemas, como o digestivo, o circulatório, o nervoso e os demais, tanto isoladamente vistos, como no seu maravilhoso conjunto, dão mostras de como a sua estrutura molecular e orgânica é harmoniosamente inteligente.
Agreguemos o pensamento, os sentimentos, as emoções, o psicológico, os cinco sentidos, como se fossem nossas janelas de comunicação com o mundo exterior, e nos vejamos como esse todo que somos, reflitamos um pouco só sobre essa fantástica organização e sincronismo entre cada partícula atômica, cada célula, cada órgão, e nos surpreenderemos, admirados, emitindo um sonoro: Uau!
O corpo material é um rio de átomos; a mente, um rio de pensamentos; e o que os mantém unidos é um rio de inteligência.
Já está pacificado o entendimento de que o microcosmo repete o macrocosmo.
O teorema de Bell (formulado por John Bell, físico, em 1964) que estabelece que a realidade do universo deve ser “não local”; em outras palavras, todos os objetos e eventos no cosmos estão interligados e reagem às mudanças de estado dos outros.
Décadas antes, o grande astrônomo inglês Sir Arthur Eddington antecipou essa ligação, ao dizer: “Quando o elétron vibra, o universo estremece”.
Atualmente, os físicos aceitam essa interconexão como um princípio normativo.
É o que poeticamente se diz que não se colhe uma flor sem macular uma estrela.
Teóricos contemporâneos, como o físico britânico David Bohm, que trabalho exaustivamente com as implicações do teorema de Bell, tiveram que supor a existência de um “campo invisível” que mantém toda a realidade unida, um campo que possui a propriedade de saber o que está acontecendo em qualquer lugar ao mesmo tempo.
No campo da vida, mineral, vegetal, animal, hominal, não é diferente.
Esse “campo invisível”, que mantém a forma unida e dentro do seu modelo preconcebido, é conhecido desde muito tempo. Hipócrates, por exemplo, chamava-o Enormom, enquanto Plotino o identificava como Corpo Aéreo ou Ígneo. Orígenes o denominava como Aura. No Vedanta ele apara como Mano-maya-Kosha. Os egípcios diziam-no Ka e o Zend Avesta aponta-o por Baodhas, a Cabala hebraica por Rouach. Corpo sutil e etéreo de Aristóteles e Leibnitz qualificou-o de Corpo fluídico.
Podemos sintetizá-lo como Modelo organizador biológico, constituído de matéria hiperfísica, que simplesmente sabe como organizar matéria – agregando as células na sua intimidade energética – e inteligência de funcionamento, mente e forma.
O controle da interação mente-corpo, se dá através do cérebro humano, cujos bilhões de conexões neurais lhe dão suficiente complexidade para refletir a complexidade do universo.
O cérebro não é importante como objeto, dizem os rishis, antigos médicos da cultura hindu. Ele é importante porque nossa própria subjetividade brilha através dele, pois tudo o que existe está dentro dessa subjetividade, que não pode ser reduzida aos termos de mera hipótese, nem expandida em níveis do inconcebível.
Neste artigo o que fala alto em favor dessa subjetividade inteligente, é o nosso corpo físico, o nosso processo mental, a corrente dos pensamentos, os canais dos sentidos.
Olhemos com atenção o corpo humano, e nele veremos uma unidade funcionando em harmonia de conjunto, num perfeito sincronismo e interdependência orgânica, tendo, qual se fosse uma orquestra com seus diversos componentes, um maestro organizador, controlador e direcionador, acionando causas e produzindo efeitos.
Isto é vida que nos revela uma transcendência que nos leva ao contato com a vida maior, abundante e suficientemente inteligente e bela, que nos tira suspiros de admiração e, outra vez, nos leva a dizer em voz alta: Uau!
Há muitos círculos de ilusão a serem rompidos. Hoje somos convidados a ir além da ilusão de que somos apenas um corpo com vitalidade que se locomove e que pensa, para assumirmos que somos uma mente independente que organiza e dirige um corpo, aprendendo que podemos fazê-lo de modo consciente e intencional, bastando, para isso, cessar de se identificar apenas com ondas e começar a nos identificar com o oceano.
Transcender o círculo acanhado dos limites impostos por um conhecimento pouco aprendido sobre a vida e o viver, sobre a vida e sua razão de existir, sobre a vida e o porvir, e a vida e a arte de bem viver.
Não caminhemos somente na horizontalidade do comum da vida. Busquemos a verticalidade existencial que revela estágios superiores de consciência, nos permitindo compreender que viver é muito mais do que simplesmente estarmos aqui.
____________
Projeto INOVE – a vida sob novo prisma
www.projeto-inove.com.br