Sonhos e desejos são diferentes entre si.
Desejos são intenções frágeis; sonhos são projetos elaborados com critério e responsabilidade.
O simples desejo de ser um bom profissional, de ser um bom aluno, de ser um atleta de sucesso não tem força suficiente para suportar os reveses da empreitada.
Sonhos, ao contrário, são projetos de vida, que ganham força e consistência quando chegam os embates, sofremos derrotas ou atravessamos momentos de dificuldades, pois podem ser remodelados. Eles são testados e saem corrigidos no que precisar; eles são avaliados e saem estruturados; eles são revistos e encontram o Norte magnético da realização.
Desejo se sente.
Desejo pode ir embora tão ligeiro como quando chegou, sendo substituído conforme as circunstâncias.
Sonho se elabora e se estabelece como ideal.
Pode acontecer de um desejo despertar um sonho, e, a partir de então, o sonho representará a realização de um desejo.
Já os sonhos terão os desejos como seus subordinados, agindo estes como combustível para impulsionar a vontade realizadora, essa verdadeira força motriz.
Os sonhos são movidos por desejos, mas nem todo desejo é um sonho. Fazem parte da mesma equação da vida, mas são variáveis distintas.
Sonhos, no seu verdadeiro sentido de ideal de vida, precisam ser antevistos, e para se antever é preciso saber o que se está objetivando; objetivos para serem alcançados precisam de disciplina; disciplina precisa de foco; foco precisa de estratégia; estratégia precisa de escolhas; escolhas implicam perdas; perdas pedem o contraponto da resignação.
Os desejos podem ser despertados pelos instintos. Sonhos chegam pela imaginação ativada.
Obedecer determinada diretriz existencial é estar certo das suas coordenadas a fim de se seguir o objetivo com segurança e deliberação firme.
Por isso se diz que a obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração. Ambas são forças ativas, porque levam o fardo das provas que a revolta insensata deixa cair.
Onde nasce esse ideal, que podemos dizer, para efeito de raciocínio, que é o sonho melhor conformado, delineado, planeado?
Vamos figurar a nossa mente como um escritório de operações, para poder identificar a nascente dos sonhos e dos ideais.
Nesse escritório mental, vamos encontrar o Departamento do Desejo, onde se operam os propósitos e as aspirações, acalentando o estímulo ao trabalho; o Departamento da Inteligência, cuja função é zelar e enriquecer os patrimônios da evolução e da cultura; o Departamento da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade, a casa dos sonhos, a fábrica de ideias, ideais e idealistas, que são forjados não apenas com compromissos, mas com comprometimentos; o Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros mais, que definam os investimentos do ser perante a vida.
Acima de todos eles, porém, surge o Gabinete da Vontade, que gerencia de maneira esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental.
A Vontade é o leme de todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento.
O pensamento é o dínamo que produz a energia mental. Se ele fosse um trem, a Vontade seria os trilhos.
Imaginar é criar.
A imaginação é tudo. É uma prévia das próximas atrações da vida, disse-nos Albert Einstein, notável cientista.
Foi na imaginação que primeiramente Samuel Morse sonhou poder acontecer e ser possível fazer, e, em 1843, acabou por inventar a telegrafia.
E foi a telegrafia e sua capacidade de ligar as pessoas com a comunicação, que levou o norte-americano Charles Field e os britânicos Charles Bright e os irmãos John e Jacob Brett, a sonharem com a aproximação dos povos, entre Continentes, idealizando e juntos fundarem uma empresa para lançar o primeiro cabo submarino telegráfico intercontinental, encurtando distâncias com a comunicação. Depois de muito trabalho, reveses, esforço férreo e persistência, em 1858 tiveram tentativa bem-sucedida, alcançando a Europa. E a primeira transmissão que então se deu, foi nesses termos: Glória a Deus no mais alto, e na Terra, paz, boa vontade aos homens.
A lógica levará você de A à B. Imaginação te levará a qualquer lugar, lecionou Albert Einstein.
Eis mais um exemplo da afirmativa de Einstein.
O sonho emoldurado num ideal moveu Albert Sabin em busca de uma solução para conter a ameaça da pólio que crescia após a Segunda Grande Guerra. Ele e outros pesquisadores, notadamente Jonas Salk, em Pittsburgh, USA, iniciaram a busca por uma vacina para prevenir ou amenizar a doença.
A vacina de Salk, desenvolvida com vírus “inativado ou morto”, foi testada e liberada para o uso em 1955. Ela era eficaz na prevenção da maioria das complicações da pólio, mas não prevenia a infecção inicial de acontecer.
A inovação de Sabin aconteceu cerca de cinco anos depois, quando o Serviço Público de Saúde dos Estados Unidos apoiou sua vacina com um vírus “vivo” para a pólio, em 1961. Seu produto, preparado com o vírus atenuado da pólio, poderia ser tomada oralmente, e prevenia a contração da moléstia. Esta é a vacina que eliminou efetivamente a pólio em quase todo o mundo.
Sabin renunciou aos direitos de patente da vacina que criou, facilitando a difusão da mesma e permitindo que crianças de todo o mundo fossem imunizadas contra a poliomielite, que é mais conhecida no Brasil, como paralisia infantil.
Sonhos, ideias, ideais e idealistas.
Um outro caso exemplar.
Aos trinta anos, ele gozava de uma posição invejável: trabalhava numa das mais notáveis universidades europeias; tinha uma grande reputação como músico e prestígio como pastor de sua Igreja. Porém, isto não era suficiente para uma alma sempre pronta ao serviço.
Albert Schweitzer soube dos problemas de um povo e dirigiu sua atenção para os africanos das colônias francesas que, numa total orfandade de cuidados e assistência médica, debatiam-se na dura vida da selva.
Decidiu-se por ajudá-los. Mas, para lá ser útil, identificou que o melhor modo, se não o único, seria se fosse médico.
E surpreendeu seus amigos. Em 1905 iniciou o curso de medicina, e, seis anos mais tarde, já formado, casou-se e decidiu partir para Lambaréné, no Gabão, onde uma missão religiosa necessitava de médicos. Ao deparar-se com a falta de recursos iniciais, improvisou um consultório num antigo galinheiro e atendeu seus pacientes enfrentando obstáculos como o clima hostil, a falta de higiene, o idioma que não entendia, a carência de remédios e instrumental cirúrgico insuficiente. Tratava de mais de 40 doentes por dia e, paralelamente ao serviço médico, ensinava o Evangelho com uma linguagem apropriada, dando exemplos tirados da natureza sobre a necessidade de agirem em benefício do próximo.
Sua história é uma verdadeira ode à vida devotada ao ideal nobre de serviço ao próximo.
Sonhou, idealizou, se preparou, foi e venceu… e ficou conhecido como o Apóstolo das Selvas.
Em 1952 foi laureado com o prêmio Nobel da Paz.
Após a sua morte, em 1965, na sua amada vila de Lambaréné, seu maior legado seria o exemplo de seu trabalho missionário e a crença de que “um dia a Humanidade vai perceber que a destruição de vidas é incompatível com a Ética”.
Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor, recitou Johann Goethe, o célebre escritor, com toda a força da razão.
Sonhos e ideais.
O não menos célebre Victor Hugo, concluiu: Julgar-se-ia bem mais corretamente um homem por aquilo que ele sonha do que por aquilo que ele pensa.
Você tem ideal, ou ideais de vida? Formulou seus sonhos? Tem objetivos?
Relembremos o Mestre: onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração.
Ideal: aquilo a que se aspira. Sonho é aquele algo que uma vez melhor ideado, se faz objetivo de vida, que pede projetos e metas, para poder ser alcançado com êxito.
Se você pode sonhar, você pode fazer, ensinou Walt Disney, produtor cinematográfico, cineasta, diretor, roteirista, dublador, animador, empreendedor, filantropo e cofundador da The Walt Disney Company.
Vamos falar um pouco formulação de objetivos.
Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll:
– Pode me dizer, por favor, que caminho devo pegar?
– Depende de para onde você quer ir, disse o gato.
– Não me importa onde…, disse Alice
– Então não importa o caminho que você pegue, respondeu o gato.
Vamos começar pelo começo: pelos alvos ou objetivos que desejamos atingir. Quanto mais preciso e positivamente conseguirmos definir o que queremos, e quanto mais programarmos nosso cérebro para procurar e perceber possibilidades, maior probabilidade teremos de obter aquilo que queremos. As oportunidades existem quando são reconhecidas como tais.
Para viver a vida que desejamos precisamos saber o que desejamos. Ser eficiente significa produzir os resultados desejados. O primeiro passo é escolher.
Para se ter objetivos bem formulados, examinemos os seguintes critérios:
O objetivo deve ser indicado de modo positivo. É mais fácil ir na direção daquilo que se quer do que fugir daquilo que não se quer. Entretanto, não podemos ir na direção daquilo que queremos se não soubermos o que é.
Você deve ter uma participação ativa na sua busca e o resultado desejado deve estar ao seu alcance. Objetivos que dependem basicamente da ação de outras pessoas não são bem formulados. Se as pessoas não corresponderem como esperado, você estará num beco sem saída. É melhor se concentrar naquilo que precisa fazer para provocar a participação dos outros, conforme cada caso. Portanto, em vez de esperar que alguém apareça e se torne seu amigo, por exemplo, pense no que pode fazer para se tornar amigo de alguém.
Pense no seu objetivo final o mais detalhado e especificamente possível. O que vai ver, ouvir e sentir? Imagine-o e descreva-o para si próprio, especificando quem, o quê, onde, quando e como. Lembre-se: imaginar é criar.
Considere quais indícios sensoriais que lhe permitirão saber que já tem aquilo que deseja? O que verá, ouvirá e sentirá quando tiver atingido esse objetivo?
Avaliar se você tem os recursos para iniciar e manter o objetivo. De que precisa? Já possui isso? Se não possuir, como vai obtê-lo? Lembrar que os recursos serão internos (pessoais, sua aptidão, seu conhecimento, seu tempo etc.), ou externos (localidade, coisas, dinheiro etc.), ou ambos.
O objetivo também precisa ter um tamanho adequado. Talvez ele seja grande demais, e neste caso será necessário dividi-lo em objetivos menores e mais facilmente atingíveis.
Não deixar de visualizar o objetivo dando-lhe previsão de tempo para ser alcançado.
Na estruturação do objetivo, examine-o dentro do conjunto, do contexto que ele fará parte, sistemicamente. Ninguém existe sozinho; fazemos parte de sistemas maiores: nossa família, nosso ambiente de trabalho, nossos amigos e colegas de trabalho e a sociedade em geral. Faça levantamento das eventuais consequências de se atingir o objetivo dentro do contexto desses relacionamentos mais amplos. Como ficaria quanto a família, os amigos etc. Que consequência indesejável adviria ao final?
Em resumo, o objetivo precisa de:
Ser positivo – pense naquilo que deseja em vez de pensar naquilo que não deseja.
Ação individual – Pense no que terá que fazer pessoalmente para atingir seu objetivo, que também deve estar ao seu alcance.
Especificação – Imagine o objetivo da maneira mais clara possível.
Demonstração – Pense nas evidências sensoriais que lhe mostrarão que você obteve aquilo que desejava.
Recursos – Você tem os recursos adequados e as opções necessárias para atingir seu objetivo?
Tamanho – O objetivo tem a dimensão correta?
Estar em harmonia com seu mundo de relações – Verifique as consequências da obtenção do objetivo tanto na sua vida como em seus relacionamentos.
Agir – Agora é ação mais ação. Dois mil passos começam com o primeiro passo.
Se o objetivo estiver bem formulado, será estimulante e terá maior chance de ser atingido.
Num sentido mais amplo e geral, porém de suma importância para nossa realização e plenitude, devemos ter ideais nobres de vida, primando adquirir e desenvolver valores imorredouros para o ser permanente que somos.
E para bem enxergarmos para além do horizonte estreito e acanhado que serve atualmente de mapa existencial e comportamental para boa parte da Humanidade, necessário, imprescindível mesmo, examinarmos a vida em seu sentido mais essencial e profundo, a fim de descobrirmos nossa real razão de existir e viver.
Não pode ser tão somente dormir, acordar, trabalhar, reproduzir, gozar e divertir e, logo mais, desaparecer num simples fim, com um triste ponto final. Numa reflexão mais amadurecida, nossa inteligência nos levará a concluir que o certo é, ao término, escrevermos reticências… pois a vida é o maior de todos os livros, mas é pouco útil para quem não soube ler nas entrelinhas e reticências, que não há fim, apenas a demarcação do início de um próximo capítulo.
… E melhor entenderemos a afirmativa de Voltaire, escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês: Turva-me o universo e não posso imaginar que exista este relógio e não haja um relojoeiro.
A vida sob um novo prisma: abra os olhos e veja!
Para os crentes, Deus está no princípio das coisas. Para os cientistas, no final de toda reflexão, bem anotou Max Planck, pai da física quântica e um dos físicos mais importantes do século XX. Planck foi laureado com o Nobel de Física de 1918, por suas contribuições na área da física quântica.
Se empenhe por enriquecer a mente com valores que a traça não consome nem a ferrugem corrói, de onde os ladrões nada poderão roubar – parafraseando o Mestre dos mestres por excelência.
Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe, conforme menção do mestre dos artistas, Leonardo da Vinci.
Encharque o coração com sentimentos que construam pontes, não muros. A esse sentimento chamamos Amor.
O amor é uma fonte inesgotável de reflexão, profunda como a eternidade, alta como o céu, vasta como o universo, bem conceituou Alfred de Vigny, poeta romântico francês.
Mente enriquecida de valores edificantes e coração que ama, são essenciais para uma vida feliz.
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Projeto INOVE – a vida sob novo prisma
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