SOMOS FONTE CRIATIVA

A cadeira que nos sustenta sentados enquanto lemos este texto, bem como o computador (smartphone) que nos permite recepcionar o texto, e ainda a internet e os softwares de que nos utilizamos para criá-lo e veiculá-lo, antes de tudo estiveram na mente dos pensadores, para depois virem ao mundo da utilidade.

Platão atinou com a ideia certa milhares de anos atrás quando disse que a existência material é baseada em formas invisíveis.

A roupa que vestimos, o preparo do alimento de que nos servimos, o livro que lemos e por aí adiante, segue o mesmo caminho criativo.

E é bem própria a dedução decorrente da observação da vida, da natureza, do mundo e dos mundos: se assim é, há que se ter um princípio, uma mente criativa, o princípio de tudo, a causa primeira de todas as coisas. Albert Einstein, que muito cogitou a esse respeito antes de nós, citou: Quando abro a porta de uma nova descoberta já encontro Deus lá dentro.

Descobrir que somos criadores é uma perspectiva excitante.

Uma frase dita, uma atitude tomada, uma tarefa realizada. Houve uma nascente. Teve seu momento inicial, criativo.

Pensemos que pensamos, e o simples pensar dá movimento ao eletroencefalograma.

O pensamento é força.

E o que insistentemente pensarmos, mais dia, menos dia, se plasmará no mundo das formas ou no mundo dos feitos, dos benfeitos e dos malfeitos – isso é por conta de cada um.

“Faça-se a luz”, e a luz se fez.

De modo muito finito, pessoal e não muito figurado, nós nos juntamos a esse ato criativo a cada pensamento.

Somos um agente criativo, sabendo disso ou não.

Ser e agir como um agente criativo e consciente, deve ser nosso empenho, com dedicação de nossos melhores esforços.

Os antigos sábios da Índia declaravam que o mundo é apenas um sonho.

Acordar de um sonho nos parece fácil e natural. Acordar da realidade física, transcendendo-a, passando a ver ali sonhos (ou pesadelos) realizados, é o foco.

Sustentar uma vida não experimentada nem sentida, pela qual apenas se passa sem maior percepção nem interação, como num sono profundo, sem sonhos, é manter-se trancado em quarto escuro.

Despertar para a vida em seu verdadeiro sentido, importância e grandeza, é chave para a iluminação, é fazer luz no pensar e no sentir.

Esse acordar é a base do vedanta, a mais antiga tradição indiana, cuja influência se espalhou pela Ásia. Um conceito-chave o vendanta é Pragya paradha, que quer dizer algo como “o erro do intelecto”. O erro vem do esquecimento de quem nós somos. Ao nos vermos como entes separados, isolados, do “lá fora” e do “aqui dentro”, nós nos rendemos à aparência do mundo, aceitando que forças naturais insensatas nos controlem.

Einstein coloca a questão de outra forma quando diz que a coisa mais incrível não é a existência do universo, mas nossa consciência de sua existência.

Isso é um milagre diário e, quanto mais nos aprofundamos nele, mais maravilhoso ele se torna. Afinal, concluímos, o “lá fora” existe, por causa do “aqui de dentro”, e o “aqui de dentro” existe por causa das experiências com o “lá de fora”. Ou seja, “lá fora” ou “aqui dentro”, depende do momento e do jeito que nós vemos.

Percebemos que o problema difícil se torna muito mais fácil quando consideramos que a consciência tem um papel primordial para o pensamento, para o cérebro.

O melhor e o pior do que acontecer conosco hoje – e tudo o que fica entre um e outro – é fruto da nossa conscientização, começando com as coisas que são dolorosas e as que são prazerosas.

Nós temos consciência; nós somos consciência.

A realidade não é uma dádiva; é uma consequência.

Isso quer dizer que eu posso assumir o controle dos pensamentos e gestar realizações intencionais?

Sim!

Não há realmente um mundo “aqui de dentro” ou “lá de fora”. Há apenas experiência de qualidades, ou de qualia, como se diria em latim.

Cores são qualia, e também cheiros. O amor é qualia; até o ponto que interessa, o mesmo acontece com sentimento de estar vivo.

Vamos chamar de “realismo consciente”, de acordo com a teoria de Donald D. Hoffman, especialista em percepção, cientista cognitivo da Universidade da Califórnia: o mundo objetivo consiste de agentes conscientes e de sua experiência perceptual.

Segue esse caminho a afirmativa do físico teórico francês Bernard d’Espagnat: A doutrina do mundo feito de objetos cuja existência é independente da mente humana acaba por entrar em conflito com a mecânica quântica e com fatos estabelecidos pela experimentação.

Adeus a tudo “lá de fora”; olá a tudo “aqui de dentro”. A nossa mente é que entrelaça as duas metades da realidade.

Essa atuação e essa percepção, esse pensar, agir, sentir, perceber, registrar, entender é apenas experiência de nossa mente.

Nós efetivamente somos a fonte de qualia. Somos os cuidadores da mente. Somos uma força transformadora.

Pensemos e dediquemos persistência na realização de algum feito ou concretização de alguma ideia, e conseguiremos êxito.

Já nos foi dito busque e encontrará, bata que a porta se abre…

Na exploração para superação de nossos limites, finitos que somos, ordenemos:

“Faça-se a luz” (exatamente como Deus faz em sua mente infinita): da concórdia, e ela se dará; da tolerância, e ela se apresentará; da paciência, e ela se sobreporá; da saúde, e ela se manifestará; da harmonia íntima e nas relações humanas, e ela imperará; da superação de problemas e conflitos íntimos, e ela encaminhará; do sentido existencial, e ela revelará; do autodescobrimento, e ela iluminará.

Nos voltemos à nossa fonte, que é consciência pura, e estaremos retomando o controle sobre qualia. As mensagens positivas ou negativas sobre a nossa vida, isso tudo é qualia. O que significa que podem ser mudados, desde que mudemos nossa mente, nosso pensar.

Recuperemos o controle sobre a qualidade de vida, ou as qualidades no geral; é a chave para remodelar pensamentos e a realidade pessoal ao mesmo tempo.

A consciência cria a atividade cerebral e os objetos materiais do mundo, como ensina Hoffman.

Criamos qualia constantemente. O desafio é tornarmo-nos melhor nisso. Para se tornar melhor, é preciso ficar mais próximo da fonte criativa, pois ela é um campo de possibilidade infinitas, e esse campo está em toda parte e dentro de nossa própria consciência.

Reconquistemos a fonte criativa. Conquistemo-nos… e teremos todas as melhores possibilidades ao nosso alcance.

Sejamos agentes conscientes do nosso melhor.

O tempo disso é nossa responsabilidade.

Nós somos nossos pensamentos, nossas memórias, nossas crenças, nossos valores, nossos atos.

Somos uma força criativa!

Criemos o melhor, o belo, o útil, o saudável.

E unamo-nos àquilo que nos sustenta e anima, visto que para que se expanda o qualia pessoal, se faz necessário reparti-lo, para que se torne uno com o Todo, com todos e com tudo o mais!

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Projeto INOVE – qualia do conhecimento edificante

www.projeto-inove.com.br

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