Singularidade: qualidade do que é singular, com característica única, original, único.
Será que a Ciência chama Deus de Singularidade?
A classificação de um evento ou circunstância como singular, por parte da Ciência, corresponde ao marco ou ponto divisório entre o que a Ciência é capaz de analisar e teorizar a respeito do evento, com o que nada sabe além desse limite, do qual não transpassa, pois adentraria no campo do inexplicável.
É o limite do concebível e verificável, segundo os postulados até então acolhidos pela Ciência.
Por exemplo, a teoria do big bang:
Imaginemos que a história do Universo esteja registrada em um filme que podemos passar do passado para o presente ou vice-versa. Se passarmos o filme do presente para o passado, veremos o Universo se encolher, com as distâncias entre as galáxias ficando cada vez menores.
Se continuarmos a passar o filme em direção ao passado, chegaremos a uma época em que a matéria estava completamente desintegrada e que a temperatura era enorme, muito maior que no interior do Sol. Continuando nossa projeção, chegaremos a uma época em que o próprio tamanho do Universo será comparável às distâncias subatômicas.
Se ignorássemos o que nos ensinou a mecânica quântica, chegaríamos eventualmente na singularidade inicial, na qual todas as distâncias entre todos os pontos chegariam a zero; o Universo deixaria de existir, com a singularidade engolindo o próprio espaço e o tempo.
O argumento da ciência sobre a casualidade na formação do Universo, imperante desde o evento big bang, resultando num Universo matematicamente perfeito, como de fato é, enfraquece a própria teoria.
O mundialmente reconhecido autor de dezenas de livros em que aborda temas relevantes para o conhecimento humano, Deepak Chopra, em seu livro Ciência x Espiritualidade, argumenta:
Vamos substituir o Universo visível por uma fábrica de automóveis. A linha de montagem da fábrica produz máquinas muito bem-feitas, intrincadas e eficientes, os projetos mostram imaginação e criatividade. Mas se você for até o local de trabalho e observar de perto, vai encontrar uma nuvem de átomos de ferro, silício e polímeros plásticos girando loucamente enquanto são sugados para a fábrica. Será que se pode mesmo acreditar que essa nuvem de matéria e energia, mas um indeterminado período de tempo, foi por si só suficiente para produzir um automóvel? Essa é a atual tese da ciência sobre como o big bang se desenvolveu até o cérebro humano.
E ele também fala que a criação sem consciência é como a fábula do quarto cheio de macacos teclando aleatoriamente uma máquina de escrever até que por fim produzem as obras completas de Shakespeare, milhões de anos depois.
Sir James Jeans, eminente físico britânico da primeira metade do século XX, ponderou: O Universo parece cada vez mais um grande pensamento, e não uma grande máquina.
Nos nossos dias, Sir Roger Penrose, outro renomado físico inglês, propõe que as sementes da consciência estão entranhadas no Universo, no nível mais sutil da natureza, no ponto de esvaecimento da matéria e da energia.
Continuamos com Chopra, no mesmo livro citado: Não importa se em pequena ou em grande escala, o cosmo continua tão exato que descarta o aleatório. Alguma coisa deve ter causado isso, e ela deve existir além do Universo visível. Mesmo segundo sua própria ótica, os materialistas estão diante de uma região transcendental, e expulsar Deus dessa região não vai torná-lo menos verdadeiro.
[…] Crucial é que a ciência foi obrigada a olhar para o abismo existente além do tempo e do espaço, abrindo a porta para a consciência, criatividade, evolução, regularidade e totalidade como princípios básicos da natureza.
O “nada”, para a física quântica, é um caldeirão em ebulição no qual as partículas estão sempre aparecendo e desaparecendo.
A natureza ainda não comprovada do “nada” irá apresentar o que existe além do espaço e do tempo, concluindo-se que a consciência é a base da criação.
Há várias teorias sobre a singularidade inicial com o big bang, por exemplo, que tratam da física após o evento singular, mas não se tem melhor fundamentado conceito-teoria sobre a física do evento, propriamente dito, que religiões chamam do Momento da Criação.
Usando-se apenas leis materiais para se fazer leitura de um universo que não é apenas material, como modernamente demonstrado pela física quântica, o alvo não será alcançado com perfeição, visto que, então, a visão científica estaria incompleta.
A existência da singularidade inicial não deve ser interpretada como uma barreira absoluta do conhecimento. Na hipótese de se vencer essa barreira, desloca-se a singularidade para outro ponto inicial. A Ciência é flexível e caminha sob ordens dos avanços.
No entanto, chegará o inevitável momento em que a Ciência se renderá à Deus, a exemplo de vários cientistas ao longo da História. O caminho está aberto.
No século XX, a ciência moderna pode ter redescoberto a Teia da Criação ou o Espírito de Deus, como de há muito vem sendo chamado, como um Campo de energia que é diferente de qualquer outra forma de energia. Ela parece estar em toda parte, sempre, e ter existido desde o princípio dos tempos. O homem geralmente considerado como pai da física quântica, Max Planck, afirmou que a existência do Campo sugere que uma grande inteligência é responsável pelo nosso mundo físico. “Devemos admitir por trás dessa força a existência de uma mente consciente e inteligente”. Ele concluiu, dizendo simplesmente, “Essa mente é a matriz de toda matéria”. Referindo-se a ela em outros termos, como Campo Unificado, estudos contemporâneos comprovam que a matriz de Planck tem, de fato, inteligência.
O nível quântico da natureza demonstra-nos que o vazio, segundo postulação da física quântica, o ponto zero da vibração, não é o nada, mas o ponto inicial de tudo o que existe, o útero da realidade.
A revolucionária equação de Einstein E=MC² provou que a energia pode ser transformada em matéria, e isso permitiu um avanço da física para além da barreira do menor que o mínimo, onde mentes atiladas identificam o maior que o máximo.
William Daniel Phillips (1948-), Nobel de Física em 1997, comenta: Muitos cientistas são também pessoas com uma fé religiosa bastante convencional. Eu, um físico, sou um exemplo. Creio em Deus como Criador e como Amigo. Isto é, creio que Deus é pessoal e interage conosco.
Persiste a premissa de Francis Bacon (1561-1626), fundador do método científico moderno: Um pouco de filosofia inclina a mente humana para o ateísmo, mas o aprofundamento na filosofia reaproxima a mente humana da religião.
É o que nos diz Louis Pasteur (1822-1895), um dos fundadores da microbiologia, criador da pasteurização: Quanto mais eu estudo a natureza, mais me maravilho com a obra do Criador.
E na mesma linha de conclusão, destacou Albert Einstein: Quanto mais me aprofundo na Ciência, mais me aproximo de Deus.
Inúmeros cientistas que ajudaram e ajudam a mudar as características da vida na Terra, testemunham seu encontro pessoal com a Causa Primeira de todas as coisas, a Inteligência Suprema do Universo, eles que, por vontade própria, ousaram transpor a barreira, o limite, indo para além do ponto representativo da singularidade inicial que a Natureza revela, que se apresenta mais como uma incógnita, como reticência, do que como ponto final de uma descoberta.
Comenta Einstein: Quando abro a porta de uma nova descoberta já encontro Deus lá dentro.
São de Jérôme Lejeune (1926-1994), descobridor da trissomia do cromossomo 21 (causa da síndrome de Down) e presidente da Pontifícia Academia para a Vida (1994), estas palavras: Não há nenhum ponto em que se verifique um divórcio entre a ciência de hoje e a religião de sempre. Não há nenhuma questão de fé sobre a qual a ciência possa afirmar algo e, quanto mais, nos surpreender, já que sabemos de antemão que não pode haver incompatibilidade alguma entre o objeto da religião e o da ciência, ou seja, entre a verdade e o verificável.
Francis Collins (1960-), diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA e diretor do Projeto Genoma Humano, deixa claro seu posicionamento: Descobri que há uma harmonia maravilhosa nas verdades complementares da fé e da ciência. O Deus da Bíblia é também o Deus do genoma. Deus pode ser encontrado na catedral e no laboratório. Investigando a criação incrível e majestosa de Deus, a ciência pode na verdade ser uma forma de louvor.
Há momentos em que as formulações matemáticas, as combinações químicas, as manifestações biológicas, de que se lança mão para fundamentação de entendimentos da vida, pela constrição dos próprios limites que os conceitos e teoremas determinam sempre que definidos, pois que então se circunscrevem a uma ideia específica, ao invés de alargar horizontes, constrange a compreensão profunda da Vida em sua verdadeira grandeza e propósitos.
Para se ir adiante com a abrangência devida, pede-se, por conseguinte, que a mente se aquiete e permita ao coração penetrar tais segredos que, por eles residirem no invisível aos olhos, somente serão alcançados pela consistência dos sentimentos, cujos pilares subjazem na abstração das formas, o mundo da consciência, aquela que verdadeiramente cria.
O coração vê muito além das aparências, permite o acesso à essência.
Onde está a música? A realidade da música é a forma invisível, difusa e bela que desperta nossas lembranças sem estar presente no mundo físico. Partitura, instrumento, musicista, som, são meios que veiculam o imponderável da música propriamente dita, a que foi um dia colhida pelo compositor nas reservas da leveza imponderável de suas emoções, que se transmite, quando se queira, em direção aos receptáculos virtuais das emoções do ouvinte.
Ouve-se a música com os ouvidos – o decodificador de sinais, mas registra-se sua beleza e se entende sua linguagem nos refolhos da alma, somente.
No invisível do ser, o visível da vida encontra ressonância e compreensão, sendo que este visível, por sua vez, é a manifestação do invisível, onde tudo foi inicialmente concebido, para depois ser aceito e conformado no mundo das formas aparentes.
Abrindo-se para a compreensão humana pela transcendência das letras, lemos no Tao Te Ching, escrito entre 350 e 250 a.C. por Lao Tsé, comumente traduzido como O Livro do Caminho e da Virtude, uma das mais conhecidas e importantes obras da literatura da China:
O Tao que pode ser pronunciado não é o Tao eterno.
O nome que pode ser proferido não é o Nome eterno.
Ao princípio do Céu e da Terra chamo “Não-ser”.
À mãe dos seres individuais chamo “Ser”.
Dirigir-se para o “Não-ser” leva à contemplação da maravilhosa Essência; dirigir-se para o Ser leva à contemplação das limitações espaciais.
Os Princípios: Espírito e Matéria, base da vida – os seres individuais, no dizer de Lao Tse – ainda carecem de mais profundo exame pela Ciência. Mais ainda ao que diz respeito à mãe dos seres individuais – Ser. E resta tempo não sabido para a Ciência cogitar do Não-ser.
No entanto, a Ciência não estaciona. Com sua cadência, caminha.
Prossegue no Tao te King:
Não-ser e Ser…
Pela origem, ambos são uma coisa só, diferindo apenas no nome.
Em sua Unidade, esse Um é mistério.
O mistério dos mistérios é o portal por onde entram as maravilhas.
A singularidade não é Deus para a Ciência, mas é sim para muitos cientistas que se resolveram por ir além do ponto inicial, mas que ainda não encontraram elementos concludentes e aceitos pela Ciência para fundamentarem o abstrato da fé, da convicção, que lhes plenifica o coração e lhes ilumina a mente.
Como também a palavra extraordinário é sinônimo de singularidade, por agora a Ciência classifica esse ou aquele evento como singular, extraordinário, e, implicitamente, pede tempo à Humanidade diante do temporário limite de seus conhecimentos, o que lhe impede de demarcar o mais oportuno e primordial evento singular – o mistério dos mistérios é o portal por onde entram as maravilhas – que ainda virá a classificar e que trará sublime Bem à Terra: Deus existe!
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