A natureza oferece lições preciosas para quem tem olhos de ver.
Veja o caso do bambu-chinês.
Feita sua semeadura, e se sempre regado e nutrido, logo se vê no solo um pequenino broto, e assim fica sem crescer por cinco anos.
Enquanto isso, solo abaixo, a atividade é intensa para formar maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende na terra adentro, em todas as direções.
Passado esse tempo necessário para a raiz e a base estrutural da planta se fixarem, nas seis semanas seguintes chega a crescer vinte e cinco metros de altura.
Apesar de ser firme e resistente, o vento forte não causa maior transtorno para o bambu-chinês, pois é flexível para se vergar, leve para se balançar, e os nós que se apresentam de espaço em espaço na vara, lhe dão resistência. Além do mais, cresce em grupo, o que dá mais proteção ainda.
Toda essa versatilidade só é possível devido a caracteres muito específicos dessa planta, dentre as quais: resiliência, força, flexibilidade, união.
Com um novo olhar, as lições tiradas da vida do bambu-chinês, podem ser aplicadas na vida pessoal de cada um, em nome do bem-estar.
Resiliência
Entenda resiliência, inicialmente, como a capacidade de se reerguer das quedas vivenciais, se recompor após situações difíceis, ou saber sair de circunstância altamente estressantes. Na prática, quer dizer que diante de uma adversidade, a pessoa utiliza sua força interior (resiliência) para se superar e se recuperar.
A palavra vem do latim: resiliens, com base no verbo resilire, “rebater, ricochetear”; de re -, “de volta”, mais salire, “saltar, pular”.
A etimologia da palavra deixa ver um significado mais ativo do que apenas a ideia de suportar uma pressão e se adaptar a situações difíceis e superá-las.
Ou seja, examinado mais a fundo, o resiliente é aquele que se refaz, mas se atualiza, se renova, e “dá saltos” em direção aos seus propósitos, pois não volta à estaca zero após os embates da vida, já que toda experiência bem aproveitada promove a consciência.
Assim, ser resiliente não é apenas suportar reveses e se recuperar, mas principalmente a capacidade de transformar a realidade.
Força
O bambu é cheio de nós. São esses nós que dão forças ao bambu para ficar em pé, porque ele é oco e os nós são o ponto de força, junção e resistência da planta.
Os “nós” dos conflitos pessoais superados, dos problemas solucionados, dos limites vencidos, dos transtornos sanados, são experiências tidas que aclaram valores, fortalecem o ser, equilibram as emoções.
Quando compreendemos nossas emoções, temos o controle de nós mesmos, somos capazes de identificar (e mudar) padrões de comportamento destrutivos, seguir com transformações morais para melhor e manter esforço de melhoria permanente.
Flexibilidade
“Há que ser forte. Há que ser flexível”, diz provérbio chinês.
Os nós que dão força de coesão e sustentação ao bambu, são os que lhe suportam o vergar e lhe dão condição para voltar a sua posição natural. Esse seu ir e vir cada vez mais lhe fortalece, e mais lhe sustenta e faculta a sua necessária flexibilidade.
Quando você se conhece mais, identifica as suas crenças limitantes e aquelas que o ajudam a se tornar flexível, a começar da aceitação de si mesmo, não do que aparenta ser, mas do que se é.
A escolha das crenças que permanecerão moldando seu estado de ser, diz respeito à cada um.
O que a experiência vivencial demonstra é que momentos de adversidade pedem crenças flexíveis e fortalecimento de valores que deem sustentação para prosseguir.
A rigidez de um muro de tijolos pode suportar os embates no seu entorno até um certo limite. A partir do que, a sua queda é o mais provável.
Por isso se diz que é preciso muita fibra para se chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.
A mesma vara de bambu que se veja curvada num dado momento, em outro estará a serviço da comunidade com sua resistência.
União
O bambu-chinês traz um outro aspecto importante a ser analisado: é o de que eles crescem agrupados. Assim ficam mais resistentes por estarem menos vulneráveis às adversidades da natureza.
Aprender a viver harmonicamente em família (o primeiro grupo existencial e primeiro ponto de união fraternal) e em sociedade (o segundo grupo existencial) é básico para aprender a agir com segurança emocional e caminhar com desenvoltura na realização de seu propósito.
No entanto, todos os aspectos positivos que sejam identificados, metaforicamente, no bambu-chinês, só se realizam pela fortaleza e estabilidade da sua raiz, o que veio primeiro, o real ponto de apoio.
Poucos são aqueles que se devotam na formação de suas raízes, com afinco e conscientes dessa ação.
Boa parte das pessoas só conhece o imediato.
Se seus projetos de vida começam a demorar para acontecerem, logo desistem.
Muitos são aqueles indivíduos que somente veem, valorizam e se fixam nos galhos das árvores, suas flores e frutos – tudo o que é exterior –, e deixam de priorizar as raízes.
Com raízes fortes e saudáveis, os galhos podem se partir e se perder, mas a planta permanece viva e logo se refaz.
Variação abrupta do tempo pode abortar uma floração e, por conseguinte, a frutificação. Mas a planta bem enraizada logo de refaz.
Só a raiz pode dizer: “eu sou o bastante”.
Por mais robusto o caule, bela a flor e saboroso o fruto, a raiz é o que tudo é.
Por não atentar aos valores de raiz, que formam a robustez do caráter e a segurança existencial, muitos pisam em falso nas trilhas do acerto.
A autoexigência que se impõe a si mesmo é um exemplo de visão fragmentada, como de quem considera que uma árvore só existe do solo para cima.
A raiz não externa beleza estética, mas guarda o belo-essencial.
Uma edificação não deve ser avaliada somente pela sua aparência exterior.
A fundação e a estrutura da obra é que lhe dá estabilidade.
E a aparência de agora, pode ser remodelada com o passar do tempo.
Aquelas pessoas autoexigentes, perfeccionistas, estão presas a um momento temporal na visão dos “galhos”, do exterior, do que os outros pensam ou vão pensar dele.
Distanciam-se das raízes – o duradouro, o simples, o essencial, a seiva –, que lhe sustenta e nutre a vida.
Pautam seu agir no perigoso e constrangedor sistema de crença: “Eu sou o que eu realizo e quão bem o realizo”, longe da compreensão de que ele não é o objeto, não é o que faz, nem mesmo ele é a mente que faz.
Anotou Voltaire: “Não deixe o perfeito ser o inimigo do bom.”
O perfeccionista nunca está satisfeito com sua ação, nem com o que os outros fazem, porque, explica (não justifica), “não ficou do jeito que eu gostaria que ficasse”.
Seus paradigmas são rígidos, espécies de dogmas inquestionáveis.
Longe, portanto, da flexibilidade de raciocínio, emoção e postura comportamental a serviço de um estado de ser saudável, desestressado, portanto.
Não se permite a resiliência, por entender ser esta o relaxamento de seus “padrões de excelência”.
O orgulho não lhe permite aceitar que é imperfeito, que vive num mundo imperfeito, como todos as demais pessoas.
Na sua equação de aprendizado de conhecimentos e experiências, o erro não faz parte, só o acerto.
O perfeccionista, pela autoexigência que se impõe, a fim de contentar expectativas de terceiros, aplacar vazios do ego, sofre por querer sempre se apresentar com tal excelência que não deixe margem para questionamentos.
Para não revelar sua insegurança e fragilidade emocional, se exaure, com estresse e angústia, ao tentar aparentar e superar o que supõe que os outros esperam dele, e age como se precisasse receber aplausos: ser perfeito!
Contrário ao excelente, só lhe resta a vergonha, o desânimo, quando não a animosidade e mesmo a depressão.
Faz tudo em função dos “frutos”, das “flores”, dos “galhos”.
Se apresenta como o mais robusto e belo dos “caules…”
Mas se esquece de ser ele mesmo, até porque não buscou se conhecer, escolheu ser espelho a refletir os outros.
Vive os outros e pelos outros.
Não consegue se ver como semente já germinada, em vida atuante, e que tem suas raízes.
Que pode contar com suas raízes e seus valores essenciais, e ser o bastante, sempre o seu melhor diante de si mesmo, apesar de frustrações ocasionais dos resultados esperados.
Aceitação de si mesmo, autenticidade e disposição de recomeço, é o “espírito” das raízes.
Difere de perfeccionista, aquela pessoa que se esforça para fazer o seu melhor (ser o bastante), empenhado em realizações saudáveis e crescimento contínuo em qualidade.
Este – o que busca ser o bastante – se não pode ser um grande rio que dessedente toda uma comunidade, se faz um copo com água refrescante que mate a sede de alguém ao seu lado.
Se sua fotografia não compõe o panteão dos heróis modernos de soluções dos problemas mundiais, sua imagem está registrada na memória de um pedinte na rua que recebeu dele, além de alguns centavos, um aperto generoso de mão, como se faz com um irmão.
Se você se vê como alguém que exige de si mesmo, das demais pessoas e do mundo, além do que cada um é, e do que podem dar, mude agora o curso de sua história.
Somente a humildade é capaz de o levar à desidentificação com o seu orgulho que elegeu o “somente o perfeito me satisfaz”.
A humildade é esse sentimento capaz de reconhecer que o sofrimento, a imperfeição, fazem parte da experiência humana em geral.
Não há pelo que se envergonhar em ser imperfeito, vulnerável. Há, sim, que ter a coragem da autenticidade.
Perfeição é como a visão do horizonte na terra, que, quanto mais dele se aproxima, mais ele se afasta.
Descubra seus reais valores.
Reflita sobre as lições do bambu-chinês e adote-as em seu viver.
E, então, mude sua expressão para: “não ficou do jeito que eu gostaria que ficasse… dessa vez”.
Seja o bastante. Aí sempre está o seu melhor.
Tenha o bom como seu amigo e o perfeito como sinônimo do seu melhor.
Não se compare com outros.
Você é!
Apenas seja!
É o que basta!
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