A ação do pensamento sobre o corpo é imperiosa, de tal maneira que o corpo é resultado do pensamento.
O intercâmbio de correntes vibratórias (mente-corpo, consciência-emoções, pensamentos-matéria) é permanente, e atende aos imperativos da vontade, que as direciona conforme aspirações ou conflitos.
O homem é o que permanece reinando em seu íntimo, que lhe apraz e pelo que se esforça ou para o que cede. Assim, nosso corpo reflete os nossos pensamentos, sentimentos, emoções e crenças.
O sistema mente-corpo é como uma “rede de informações”, e dá, por sua vez, menor ênfase ao nível grosseiro da matéria e maior ao nível sutil do pensamento, do conhecimento e das emoções.
Nosso corpo é mais do que um sistema de suporte à vida. É o veículo que nos serve de transporte na bela caminhada rumo à evolução. A saúde de cada célula contribui diretamente para nosso estado de bem-estar, uma vez que cada célula é um minúsculo ponto de consciência dentro do campo de consciência que somos cada um de nós.
O pensamento salutar e edificante flui pela corrente sanguínea como tônus revigorante das células, propiciando harmonia ritmada, mantendo perfeitos o ritmo e finalidade de cada uma.
No mesmo instante em que você pensa “sou feliz”, um mensageiro químico transforma sua emoção, que não tem nenhuma existência sólida no mundo material, mas é uma partícula de matéria tão perfeitamente afinada a seu desejo que todas as células de seu corpo, literalmente, acabam por saber dessa felicidade e a compartilham, e se beneficiam.
Os neurotransmissores, como o próprio nome diz, são substâncias que transmitem impulsos nervosos; atuam em nosso corpo como “moléculas comunicadoras” através das quais os neurônios podem falar com o resto do corpo, informar a todos os órgãos nossas emoções, desejos, lembranças, intuições e sonhos.
Os neurotransmissores tocam a vida de cada célula.
Pensar é, pois, praticar química cerebral, promover uma cascata de respostas através do corpo.
A mente vitaliza o bem-estar, enriquece-nos de bem-estar, se bem-estar for o que acalentarmos em nosso íntimo, pelo que fazemos todos os esforços.
Essa é a regra áurea para o pensamento, que estimula o equilíbrio, o bem-estar, a saúde, pelo quimismo neuronal das atitudes felizes. Caso seja aplicada para pessimismo, para o remoer de problemas, neles permanecer sem ação solucionadora. Vitalizará o problema e gerará efeitos outros como ansiedade, medo, angústias, depressão, enfermidades de variadas expressões.
É imprescindível um constante renovar da consciência para alcançar o estado de bem-estar, aprofundar-se no autodescobrimento mediante tranquila avaliação.
Essa atitude nos dirá o que somos, como estamos, e oferece-nos meios para nos tornar melhores.
Ter identificação com a realidade e absorvê-la, a fim de melhor superar o que for necessário, é pauta de labor permanente.
Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda, são palavras do psiquiatra e psicoterapeuta suíço criador da psicologia analítica, Carl Gustav Jung, como recomendação para trabalharmos nosso autodescobrimento.
Somos o que queremos ser, fazemos o que queremos fazer, como prática do livre-arbítrio. É lei da Vida. Cabe-nos, pois, saber querer.
No entanto, somos como recém-nascidos, quando nosso poder é o poder de crescer, de evoluir, de aprimorar.
Usemos a nossa inteligência em nosso favor, para causarmos tudo aquilo que mais nos aproxime de nós mesmos, e nos leve a atingir o ponto de consciência superior onde tudo está e ali tudo somos.
A verdade tem muitas faces e quando nós vemos uma face nova, nosso nível de consciência se eleva.
Aprimorar a consciência, tornar-se desperto, ligado à Vida e ao bem viver, pode ser feito de forma natural, sem muito esforço, com a estruturação do equilíbrio das três regiões mais importantes do cérebro, conforme aqui sintetizamos:
Ter consciência do nosso corpo: Voltar-se para o nosso interior e sintonizarmos com nossas sensações físicas, sejam lá quais forem. Nos observarmos em cada situação, em cada contexto.
Ter consciência de nossas emoções: Atentar para o nosso coração e perceber como nos sentimos emocionalmente. Concentrados em nosso íntimo e sua dinâmica, observemos esses sentimentos.
Ter consciência de nossas escolhas: As melhores decisões vêm de um estado íntimo de tranquila atenção. Encontremos momento de calma diariamente, talvez bem cedo, antes do amanhecer, no silêncio da aurora, e avaliemos a melhor decisão que precisamos tomar. Ao nos tornarmos um consciente criador de escolhas, começamos a gerar ações que serão evolucionárias para nós.
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Há muito tempo, explicado por diversos motivos, porém sem justificativa cabível até hoje, o homem distanciou-se de si mesmo, do próximo, da natureza e da naturalidade; perdeu a espontaneidade, a autenticidade, e, de certo modo, a própria identidade.
Falar de uma busca interior, é convidar ao retorno para si mesmo, em busca do autoencontro, do acordar da simplicidade, do primordial.
Sabemos o quanto as coisas custam, mas não reconhecemos o valor da vida, sua significação, nossa razão existencial.
Viajamos audaciosamente rumo ao cosmos, vencemos distâncias enormes, sem maior disposição de simplesmente estender as mãos ao próximo, que estão bem perto de nós.
Fazemos uso do ar, da terra, da água, do fogo, sem nos atentarmos que são elementos da Natureza, e é a Natureza, qual zelosa mãe, que nos sustenta a essência viva e nos dá as substâncias para a existência, do mesmo modo para com toda manifestação de vida que encontramos na sua superfície, ou abaixo dela. E é a Mãe-Terra que nos fala da necessidade urgente do respeito à fonte de sustento da Vida, sem mais destruição, pois que isso, em dedução simples, é autodestruição dessa ou daquela espécie, ou de todas. Nós não temos dado ouvidos ao que nos fala a Terra, mesmo já com padecimentos dos efeitos de nossa incúria.
Levantamo-nos nas manhãs sem o intento da satisfação emocional como resultado do que vamos fazer, e, ao assim proceder, determinamos antecipadamente que iremos nos deitar para dormir, logo mais à noite, insatisfeitos sentimental e emocionalmente, sem levar em conta, ainda, quanta insatisfação teremos espalhado em nossos passos nesse dia.
Com percepção apurada anotou Albert Einstein, notável físico, pai da Teoria da Relatividade, como convite ao retorno a nós mesmos: Poucos são os que enxergam com os próprios olhos e sentem com o próprio coração.
O momento-vida nos pede mais sentimento e pensamentos mais assertivos na construção do bem-estar; pede que retomemos a integração com a natureza, e dedicar-lhe zelo, senti-la, respeitá-la, pois assim estaremos também com cuidados conosco mesmo e por tudo o mais.
O momento-vida nos conclama a que coloquemos o “eu” a serviço do “nós”.
Todos sabem que a gota se funde no oceano, mas poucos sabem que o oceano também se funde na gota, disse Kabir, grande poeta místico da Índia medieval. Citação que muito serve como símbolo de nosso devido pertencimento à Natureza, a qual está integrada ao Todo, para que nos sintamos formadores do Um com Tudo.
Começar pelo começo a nossa empreitada de alargamento da consciência e aparelhar as condições básicas para encontro e absorção de equilíbrio: sono de boa qualidade, estresse reduzido, alimentação adequada, emoções positivas, sensação de bem-estar.
No dizer de Leonardo da Vinci, os cinco sentidos são os guias da alma.
Por sua vez, Aristóteles, ensinou: Não há nada na nossa inteligência que não tenha passado pelos sentidos.
O cérebro reage a todas as emoções da vida. Cada sabor, cada aroma, cada sensação, cada som, cada imagem tem seu lugar no metabolismo da experiência existencial de cada um de nós.
As emoções são uma parte crucial da conversa entre mente e corpo.
A nutrição desperta emoções. Quando estamos bem alimentados, nos dizemos satisfeitos e nos sentimos tranquilos, refeitos, com sentimento de bem-estar.
O visível faz o invisível se manifestar.
Por isso, falemos um pouco da necessidade de uma alimentação consciente (convidamos todos para que busquemos saber mais a respeito, adotando hábitos saudáveis de nutrição. Sobre o que voltaremos a falar mais, em outro artigo).
Não basta comer. É preciso saber se nutrir.
Alimentação consciente é alimentação com nossa atenção voltada para cada movimento, cada mastigação, cada alimento, cada sabor, cada cor, cada aroma, cada qualidade nutricional, enfim, saber o que escolhemos e porque escolhemos esse e aquele alimento.
Como registro do quanto é importante esse tema, como lição atemporal, oportuna a qualquer dia, encontramos no Ayurveda, a milenar tradicional “ciência da vida” da Índia, orientação voltada para alimentação saudável, ao considerar o alimento como parte de toda a nossa experiência de vida.
Segundo essa medicina oriental, existem seis sabores, cada um com um efeito diferente sobre a mente e o corpo.
Ao conhecer os seis sabores, podemos expandi-los para as emoções e outras áreas da vida, além do objetivo simples de uma alimentação inteligentemente saudável.
São estes os seis sabores: doce, azedo, salgado, amargo, pungente, adstringente.
Os seis sabores não se restringem aos alimentos – são considerados parte da consciência que descreve nossos sentimentos. Assim como é importante incluir os seis sabores nas refeições, como nos ensina a “ciência da vida”, o nosso cérebro reage a todos os sabores da vida, e mesmo que a amargura e a acidez não sejam compreendidas como emoções positivas.
Nós, os seres humanos, nos desenvolvemos com um desejo de experimentar o máximo da vida – degustamos o doce junto com o amargo, como a alegria e a tristeza caminham próximas. No entanto, cada experiência tem seu “sabor” único e pessoal, pois cada sabor tem um lugar no metabolismo da experiência, e cultivar o equilíbrio de todos eles enriquece a vivência pessoal.
Saber combinar os opostos, as diferenças, é alcançar a harmonia desejada. O musicista que com maestria arranja as notas musicais, compõe sublimes melodias.
Todo alimento é energia condensada. Bem combinados é energia vitalizante que presenteamos a nossa vida celular, e reforçamos a saúde.
Além de incluir os seis sabores em todas as refeições, encher o prato com as cores do arco-íris propicia uma aparência atraente e faz da refeição um momento de regozijo dos sentidos, das emoções e da alma, em que cada porção ingerida é uma manifestação de gratidão à Vida.
O que agrada aos olhos agrada ao corpo todo.
Não nos esqueçamos que ervas, especiarias, estiveram e estão presentes no preparo de alimentos, bem como eram o que se usava antes dos fármacos, pela propriedade terapêutica de muitas delas.
As especiarias, por sua vez, têm aromas intensos.
Usadas in natura, de modo certo, enriquecem nossos sentidos e despertam suaves emoções, marcam na memória cada bom momento, além de contribuírem com suas propriedades terapêuticas, as que tragam tais propriedades.
Quanto mais conhecedor, consciente e assertivo o ser em seu próprio benefício, mais saudável o seu organismo.
O destino não é uma questão de sorte, é uma questão de escolha. Não é algo pelo que se espera, mas algo a alcançar, com deliberação e empenho, com trabalho e esforço, com sacrifício e dedicação.
Saúde é um estado natural do ser. A doença é desvio de rota que pode e deve ser corrigida.
Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova, enalteceu Gandhi, o Mahatma.
Enfatizamos a necessidade de renovação para melhor, de substituição dos velhos e ultrapassados pensamentos por pensamentos novos, o que é, também, um tipo de terapia cerebral, e usa a capacidade de crença da mente superior e formata nova crença em nós, mais consentânea com o ideal.
O aprofundamento do pensar e do sentir, gera as convicções, que ganham poder ao se ligar às emoções. Já é bem-sabido que as lembranças se conservam conosco por muito tempo porque as revestimos de emoções.
Quando a mente está condicionada, automaticamente envia os mesmos pensamentos sem parar. A menos que um novo pensamento intervenha, os antigos percursos são reforçados.
No entanto, não é difícil intervir.
É preciso apenas fazer disso uma prioridade, fundamentada no compromisso de ser livre.
Declamou o poeta Guimarães Rosa: Porque eu só preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem abertos.
Pés livres para caminhar pelo caminho acertado.
Mãos dadas com a solidariedade e respeito a vida, reaproximemo-nos de nós mesmos e da Fonte Produtiva – a Mãe-Natureza – de uma vida saudável.
Olhos abertos que somente uma consciência desperta faculta perceber o valor da Vida.
Assumamos nossa liberdade de escolher, pois somos livres para tanto.
É imprescindível um constante renovar da consciência.
Evoluir é tropismo da vida.
Sejamos dóceis ao processo evolucionário, como são as flores, elas não tentam desabrochar, elas desabrocham.
Alimentação consciente premia seu praticante com vida em abundância, em que cada sabor nutre o corpo e a alma com suas emoções.
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