Dê a seus sonhos tudo o que você tem e você se surpreenderá com a energia que vem de você. – William James
Viver antecipadamente os sentimentos do bom resultado esperado e não o sentimento correspondente ao teor do problema, é inteligência emocional, que orienta sair de um estado indesejado, envolvendo-se com o estado desejado.
Se estamos certos de que o resultado desejado será o melhor para nós, pelo que estaremos empenhados na sua realização, então vivenciemos desde já o seu positivo estado de espírito. Por que não?
Assim agindo, com essa capacidade de enxergar além do que os olhos são capazes, não só trafegaremos o percurso das soluções com um sentimento construtivo e estimulador, como teremos ânimo e mente mais arejada para decisões e o devido direcionamento das ações. Isso significa trabalhar com uma ferramentaria diferenciada, agregando valores que potencializarão o alcance do êxito pretendido.
Há de ter estreita conjugação entre o que se acalenta, que, além do pensamento idealizador, despertará sentimentos correspondentes, e o que se faz e como se faz para essa realização, pois além do programa que antecede um feito, e do projeto que traça a realização, seremos os agentes promotores, construtores, feitores do que se quer, o que pede nos capacitemos para isso.
Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda, anotou Carl Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica.
O pensamento é energia irradiante, que as emoções, despertadas pela percepção ou pela sensação do porvir vislumbrado, induzem sua formatação, dando forma ao sonhado, para, logo mais, nascer no mundo dos feitos. Como pensar é criar, o imaginado fará com que o desejo chegue e aqueça os planos em elaboração, inicialmente acionados pela emoção, gerando alimento à vontade de fazer. Dessa forma, emoção revestida do pensamento criador correspondente, com o poder modificador, juntos estruturam, qualificam o sentimento resultante, segundo nosso mundo íntimo e nossas intenções.
Esta é a força que se espraiará, tendo o sentimento como estimulador e sustentador na marcha realizadora.
Se espraiarmos essa força nas coisas mundanas e de valor duvidoso, nesse rés do chão estaremos presos. Se a elevarmos para os altiplanos das realizações nobres, conquistaremos a harmonia e a paz de espírito.
Nosso coração residirá onde projetarmos nossos pensamentos, alicerces vivos do bem e do mal.
Não só apreciar os sentimentos inspiradores do alvissareiro resultado acalentado. É indispensável revestirmo-nos deles.
Não é uma simples questão de raciocínios. Falamos de profundidades, de valorizar raízes.
O alcance vai além de pura cerebração. Tem morada na intimidade do ser.
Entendimento de um determinado assunto, é exercício da inteligência.
Compreensão de um assunto, é acolhimento no coração, o segundo cérebro, segundo os orientais.
Dotar a mente de nova luz, de qualidades essenciais para enriquecer nosso mundo íntimo, em novas concepções, até que alcance o coração, é aprimoramento mental e emocional que pede sincera disciplina, dedicação, constância de esforço no reconhecimento e prática do bem e no conhecimento renovador.
Quebremos o cristal das falsas e antigas noções que acabaram por nos entristecer e transtornar.
Reparemos a estrutura de nossos raciocínios de agora, ante um novo modo de pensar, de sentir e de agir.
Por certo que mudança de paradigmas encontra as resistências internas e externas, que pede alteração de rumo existencial, deixando a postura egoísta de busca do “eu mesmo”, do “eu sempre em primeiro lugar” e do “tudo para mim”.
Momento de nos desapaixonarmos dos caprichos do “eu”, desfazendo as teias de ilusão que nos impedem assumirmos nossa verdadeira identidade.
Não se limitar a fraseologia brilhante descrevendo nosso novo tempo e renovado ser.
Necessário revestir as “entranhas” com resiliência, a fim de enfrentarmos os percalços do caminho novo.
Num sentido amplo, o mal, para ceder terreno, compreende apenas a linguagem do verdadeiro bem; o orgulho, a fim de renunciar aos seus propósitos infelizes, não entende senão a humildade.
Vale tudo o que nos ilumine por dentro, a fim de irradiarmos luz à nossa volta.
O bem, o bom e o belo, ensementados em nossos corações, aguardam essa luz para concluir seu processo de enraizamento, germinação, floração e frutificação em nós e através de nós.
Cérebro e olhos estão no alto de nosso corpo, permitindo ver e entender os horizontes. Mas é do coração – aquele que bombeia a vida para o cérebro e os olhos, e é o que está mais perto dos braços e das pernas, ferramentas de realização -, de onde parte a intenção, onde se alberga a bondade, a resignação, a magnanimidade, a concórdia, a paz.
Um trem em sua jornada pelos trilhos nos dá uma imagem da movimentação de nossas forças.
A locomotiva a vapor é a vontade, cujo vapor é o desejo.
O pensamento são os trilhos, indicando a direção.
O sentimento e a sensibilidade da condução são o maquinista.
Os vagões transportam nossos acertos e nossos erros.
O destino são nossos sonhos.
As estações de parada são pontos de refazimento e de reabastecimento, com aquilo que precisamos para prosseguir no rumo planejado.
Quando alcançamos o melhor destino, onde reside o bem-estar do espírito, a sensação de superação, o sentimento de que somos capazes, fomenta a autoestima, e sorvemos no cálice da harmonia o licor que embriaga de paz, o estado de equilíbrio que faz acordar a bondade.
E sobre a bondade, cedemos as linhas que seguem para a sabedoria ancestral de Lao Tsé, convidando-o que nos fale sobre ela:
A bondade sublime é como a água
A água, na sua bondade, beneficia os dez mil seres sem preferência
Permanece nos lugares desprezados pelos outros
Por isso assemelha-se ao Caminho
Viva com bondade na Terra
Pense com bondade, como um lago
Conviva com bondade, como irmãos
Fale com a bondade de quem tem palavra
Governe com a bondade de quem tem ordem
Realize com a bondade de quem é capaz
Aja com bondade todo o tempo
Não dispute, assim não haverá rivalidade.
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