A imaturidade psicológica do homem leva-o a anular a própria identidade.
Ocultando a identidade, mascara-se com personalidades temporárias que considera ideais — cada uma a seu turno — e que são copiadas dos comportamentos de pessoas que lhe parecem bem, que triunfaram, que são tidas como modelares, na ação positiva ou negativa, aquelas que quebraram a rotina e que, de alguma forma, fizeram-se amadas ou temidas.
Gestos e maneirismos, trajes e ideologias são copiados, assumindo-lhes o comportamento, no qual se exibe e consome, até passar a outros modelos em voga que lhe despertem o interesse.
Na superficialidade da encenação, asfixia-se, mais se conflitando em razão da postura insustentável que se vê obrigado a manter.
Como efeito do desequilíbrio, passa a fingir em outras áreas, evitando a atitude leal e aberta, mas, sempre sinuosa, que lhe constitui o artificialismo com que se reveste.
Vulnerável aos acontecimentos do cotidiano, sem identidade, é pessoa de difícil relacionamento, vez que tem a preocupação de agradar, não sendo coerente com a sua realidade interior e, mutilando-se psicologicamente, abandona, sem escrúpulos, os compromissos, as situações e as amizades que, de momento, lhe pareçam desinteressantes ou perturbadoras…
A falta de identidade cria o indivíduo sem face, dissimulador, com loquacidade que obscurece as suas reais impressões, sustentando condicionamentos cínicos para a sobrevivência da representação.
Há situações entre casais, em que um se desidentifica ao extremo, a fim de manter condições tidas como favoráveis momentaneamente, como estatus social, bens e valores, por exemplo, raciocinando com base no custo x benefício, ou a conveniêncvia do momento.
Cada criatura é a soma das próprias experiências culturais, sociais, intelectuais, morais e religiosas. A sua personificação é caracterizada pelas suas vivências, não sendo igual ao de outrem. A sua identidade é, portanto, a individualidade real, modeladora da sua vida, usufrutuária dos seus atos e realizações.
É um dever emocional assumir a sua identidade, conhecer-se e deixar-se conhecer.
Rever e checar suas crenças, critérios e valores, mantendo o que possa encarar a razão frente a frente, em qualquer momento.
Certamente, não nos referimos à necessidade de o indivíduo viver as suas deficiências, impondo-as ao grupo social no que se encontra… Porém, não escamotear os próprios limites e anseios ainda não logrados, mantendo falsas posturas de sustentação impossível, é o compromisso existencial que leva a um equilibrado amadurecimento emocional.
Aventurar-se, no bom e profundo sentido da palavra, é a estimulação de valores, revelação dos conteúdos íntimos, proposta de experiência nova, autenticidade consigo mesmo. A ansiedade e a incerteza decorrentes dessa nova proposta existencial fazem parte dos projetos da futura estabilidade psicológica, do armazenamento dos dados que cooperam para uma vida estável, realizadora e feliz.
Os insucessos e preocupações durante a jornada tornam-se inevitáveis e são eles que dão a verdadeira dimensão do que significa lutar, competir, estar vivo, ter uma identidade a sustentar, conhecer-se.
Deste modo, o indivíduo tem o dever de enfrentar-se, de descobrir qual é a sua identidade e, acima de tudo, aceitar-se.
A autoaceitação faz parte do amadurecimento íntimo, no qual os inestimáveis bens da vida assomam à consciência, que passa a utilizá-los com sabedoria, engrandecendo-se na razão direta que os multiplica.
Se nos deparamos com uma faceta pessoal da qual não gostamos, sem se permitir atormentar por isso ou se culpar, trabalhemos pela sua reforma.
A sociedade é constituída por pessoas de gostos e ideais diferentes, de estruturas psicológicas diversas, que se harmonizam em favor do todo. Das aparentes divergências surge o equilíbrio possível para uma vida saudável em grupo (leia-se aqui também família), no qual uns aos outros se ajudam, favorecendo o progresso comunitário.
O descobrir-se que a própria identidade é única, especial, em decorrência de muitos fatores, favorece a manutenção do bem-estar íntimo, impedindo fugas atormentantes e inúteis.
Quem foge da sua realidade, neurotiza-se, padecendo estados oníricos de pesadelos, que passam à área da consciência, em forma de ameaças de desditas por acontecer, com o mundo mental povoado de fantasmas que não consegue diluir.
Aceitando-se como se é, possui-se estímulos para autoaprimorar-se, superando os limites e desajustes por educação, disciplina e lutas empreendidas em favor de conquistas mais expressivas.
Somente através da aceitação da sua identidade, sem disfarces, o homem, por fim, adquire o amadurecimento psicológico que o capacita para uma existência ideal, libertadora.
A própria identidade é a vida manifestada em cada ser.
Autoconhecimento é a palavra de ordem para a retomada da própria identidade.
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Sócrates tornou famosa a máxima: Conhece-te a ti mesmo, a qual tomou emprestado do Templo de Apolo, na cidade de Delfos, sobre o monte Parnaso, Grécia, ali inscrita para todos os visitantes que procurassem a orientação do deus Apolo, onde as sacerdotisas proferiam as respostas em transe e tais respostas eram tidas como verdades absolutas.
De forma mais completa, a frase é esta: “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo.”
Constam ainda noTemplo outras duas máximas orientativas: “Nada em excesso” e “Onde a caução (o comprometimento), logo a desgraça”. Há quem defenda que estas duas frases foram inscritas no Templo, tempos depois. De todo modo, estão lá.
A inscrição “Conhece-te a ti mesmo” foi atribuída aos Sete Sábios: Tales de Mileto, Periandro de Corinto, Pítaco de Mitilene, Bias de Priene, Cleóbulo de Lindos, Sólon de Atenas e Quílon de Esparta.
O Templo era considerado o “umbigo do mundo” porque conta-se numa lenda que Zeus libertou duas águias para voarem em sentidos oposotos, e as ordenou que se encontrassem no centro do mundo, e foi em frente ao templo de Delfos que as duas se encontraram.
Conhece-te a ti mesmo, lembra-te de quem você é, reconheça o seu lugar no Cosmos.
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A experiência do autodescobrimento faculta-nos identificar os limites e as dependências, as aspirações verdadeiras e as falsas, os embustes do ego e as imposturas da ilusão.
Enquanto não nos identificamos com os propósitos da finalidade superior da Vida, quando convidados à libertação dos vícios e paixões perturbadoras, das aflições e tendências destrutivas, essa dualidade do negativo e do positivo desenha-se nos nossos pensamento, dificultando-nos a decisão.
Fazem-se imprescindíveis alguns requisitos para que seja logrado o autoconhecimento com a finalidade de bem-estar e de logros plenos, retomando nossa própria identidade, a saber: insatisfação pelo que se é, ou se possui, ou como se encontra; desejo sincero de mudança; persistência no tentame; disposição para aceitar-se e vencer-se; capacidade para crescer emocionalmente.
Um fagulha pode atear um incêndio.
Um fascículo de luz abre brecha na treva.
Uma gota de bálsamo suaviza a aflição.
Uma palavra sábia guia uma vida.
Um gesto de amor inspira esperança e doa paz.
Assim como a vírgula pode mudar uma frase, uma simples atitude pode mudar uma história, lembra-nos John Campari.
Nós não podemos nunca saber quais resultados virão de nossas ações, mas se não tomarmos uma atitude, nenhum resultado virá.
Idealizemos propósitos. Imaginemos o estado emocional que desejamos alcançar. Construamos uma ponte para o futuro. Avancemos em paz.
Diz Albert Einstein: A imaginação é tudo. É uma prévia das próximas atrações da vida.
O pensamento predominante ou a atitude mental é o ímã. E a lei natural é a de que o semelhante atrai o semelhante; consequentemente, a atitude mental sempre atrairá as condições que correspondam à sua natureza.
Ensina Ralph Waldo Emerson: A boa notícia é que no momento em que você decide aquilo que sabe é mais importante do que aquilo que foi ensinado a acreditar, você muda de ritmo em sua busca por abundância. O sucesso vem de dentro, não de fora.
O Terapeuta Superior para os problemas do corpo, da mente e do espírito, o Mestre dos mestres, há mais de dois mil anos lecionou para a eternidade que o homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque do que contém o seu coração fala a boca.
Por analogia podemos concluir que a pessoa indentificada consigo mesma tira do seu coração segurança, assertividade, rumo certo, existência plena, determinação. E aquela desidentificada consigo mesmo, apresenta-se sem consistência e estabilidade emocional, sem autenticidade por apoiada em paradigmas falsos, sentindo-se em permanente vazio existencial, sem objetivos maiores, sem perceber o real sentido da Vida.
Se você caminha sem se importar para onde.
Se você sente sem se impressionar sobre o que e o porquê.
Se você pensa sem se ocupar para que, nem como.
Se você vive sem se dar conta de que está viva.
Se você deseja qualquer desejo.
Se você escolhe pelas escolhas alheias.
Se você dorme sem desejar sonhos.
Se você não sonha por que se sente sempre dormente…
A urgência é quase emergência: abra os olhos d’alma, sinta o coração palpitar no peito, perceba o ar que enche seus pulmões, movimente suas mãos, dirija seus passos – Você é alguém, você é você viva!
Viva, portanto!
Você pode. Basta querer.
Tome uma atitude em seu próprio benefício: viva mais, viva como a Vida deve ser vivida. Redescubra-se. Retome a sua própria identidade.
Tudo o que somos é resultado de nossos pensamentos – Buda.
Mude seus pensamentos e você mudará o seu mundo.
Comentou Kim Mcmillen: Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passam de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é… Autenticidade.
Que você seja alegre mesmo quando vier a chorar.
Que você seja sempre jovem, mesmo quando a velhice chegar.
Que você tenha esperança, mesmo quando o sol não nascer.
Que você ame seus amores, mesmo quando sofrer frustrações.
Que você jamais deixe de sonhar, mesmo quando vier a fracassar.
Com Gabriel, o Pensador: Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo.
Projeto INOVE – ações em seu favor