Olhando a natureza, podemos colher importantes lições para nossas vidas e nosso melhor modo de viver.
A semente e sua germinação, por exemplo.
Germinação é a retomada do crescimento e do desenvolvimento do embrião, que, por sua vez, também foi formado.
Para que ocorra a germinação, a semente precisará principalmente de água, gás oxigênio e temperatura adequada, que o interior do solo oferece.
Uma das primeiras coisas que ocorre na germinação é a absorção de água pela semente. À medida que a semente vai se enchendo de água, a casca se rompe, permitindo a entrada de oxigênio.
Depois que as células do embrião recebem água, oxigênio e temperatura adequada, elas começam a se desenvolver, dando origem à primeira estrutura que sai da semente, que é chamada de radícula. A radícula será a futura raiz da planta e ela começa a crescer para dentro do solo, de onde tirará os sais minerais e a água de que precisa para continuar a se desenvolver.
Na pequena plantinha também poderemos ver o caulículo e a gêmula. O caulículo dará origem à parte inicial do caule (chamado de hipocótilo); enquanto a gêmula originará a parte superior do caule (chamado de epicótilo) e as primeiras folhas.
E mais, constatemos a Inteligência Maior em todo esse processo: Existem algumas sementes que passam por um período chamado de período de dormência e só conseguem germinar após alguns estímulos do ambiente. As sementes de regiões frias só conseguem germinar depois de algum tempo de exposição ao frio. Dessa forma, elas sempre germinam depois do inverno, quando a temperatura e as outras condições ambientais estão adequadas. Já as sementes de ambientes secos germinam somente na época das chuvas, que é quando há muita água disponível.
Se a semente de uma planta germinar em um local adequado, ela conseguirá desenvolver suas raízes, caule e folhas, transformando-se em uma jovem planta. Depois de adulta, ela produzirá frutos e sementes, que darão continuidade à vida da espécie, dando seu contributo ao meio ambiente, harmonizando-se no contexto da existência de tudo e todos.
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No geral, nós temos nossos propósitos em relação à nossa existência. Uns bem consistentes e de real benefício. Outros, fruto do prazer imediatista, quando se elege o dispensável em detrimento do essencial, conforme o transitório e não com o permanente. De todo modo, é o nosso querer, nossas escolhas.
O simples ato de querer torna menos ásperos os desafios. O saber querer se aprende com as experiências da vida… e da natureza.
Observemos que a semente em germinação começa por formar suas raízes, que lhe darão alimento e sustentação para o crescimento. E quanto mais se desenvolve, mais, antecipadamente, forma as raízes necessárias.
E mesmo quando já desponta solo acima, guarda todo cuidado em não se expor além de seus recursos e resistências de momento.
Ou seja, prepara-se e avança, nesta cadência.
Não é raro constatarmos que há, entre nós, quem avance sem o devido preparo. Aí então, frustrações por resultado.
Observar os passos da natureza, no exemplo escolhido, a semente, nos ajudará na formulação de nossos propósitos.
Para nós, o passo inicial é formar a ideia-germe. Como em uma semente, importante lembrar que o embrião que fica no interior das sementes possui substâncias nutritivas que o nutrirão à medida que ele for se desenvolvendo. A ideia-propósito, portanto, precisa ser bem formada, com as substâncias (análises, conhecimento, recursos, capacidade, planejamento e outros) que lhe darão nutrição e sustento em cada etapa de sua implementação.
A ideia bem amadurecida, precisa, para germinar, de meio adequado e elementos apropriados. A semente, propriamente dita, como acima descrito, carece de época certa de plantio, de solo rico, água, oxigênio e temperatura adequada.
Para nossos propósitos, o de que precisamos? Estamos seguros do que queremos, quando, onde e com quem? Que recursos são necessários (objetos, equipamentos, pessoas, modelos, qualidades pessoais, dinheiro)? E os temos? Temos condições de iniciar e manter com a devida constância as ações devidas? O resultado desejado está bem delineado?
Propósito é intenção, grande vontade de realizar ou de alcançar alguma coisa. Também pode ser destinação, projeto.
Enquanto resultado vai além do alcançar um propósito, chegar num determinado ponto. É tudo o quero e como quero e com quem quero.
Explicando. Imagine que o propósito seja a construção ou a compra da casa própria. Agora o resultado esperado: que tamanho, quantos quartos e qual quarto para quem, com ou sem lavanderia, em que bairro, etc. E podemos ir além, imaginar a decoração, as cores e tudo o mais. E não parar aí. Nos vermos habitando-a, com nossos amores, nosso estado de satisfação, nossa alegria.
A semente está madura?
Lancemo-la no bom solo escolhido, no tempo certo.
Mantenhamos o solo amparado com os recursos necessários, atentos a tudo.
Formemos as raízes-base do sustento da ideação em curso.
Acompanhemos o desenvolvimento da semente-propósito, passo a passo.
Façamos as devidas correções no solo-atitude que as circunstâncias exijam.
Não deixar a prudência de lado. Quando a pequena erva-realização já estiver despontando solo acima, lançar mão da resiliência, para poder enfrentar as adversidades naturais, do mesmo modo que a plantinha que se defronta com o vento, o sol causticante, a chuva, e luta para se manter viva e prosseguindo sempre em seu desenvolvimento rumo à luz, que é o seu referencial de crescimento e direção.
A planta não se dispõe e confrontar os fortes ventos. Mesmo estando fortemente enraizado, o bambu, por exemplo, se deixa levar pelo movimento do vento, nos mostrando que mesmo com sua fundação sólida, ele é leve e flexível.
O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos, ensina a sabedoria de Lao-Tsé
Para a planta, além do solo e de suas raízes, a chuva, o vento, o ar, o sol, o entorno, compõem uma necessária complementariedade, pois vêm em seu proveito. Mesmo os fortes ventos a ajudam na formação da robustez do caule.
Assim sejamos nós, parte do Todo, mas uma parte que sabe interagir com pertencimento, formando conjunto com o que mais componha nossa existência, com as complementariedades de nosso desenvolvimento.
Sem receio dos enfrentamentos. Tudo é bem-vindo.
Quando o desenvolvimento do nosso especial propósito esteja na fase da “floração”, redobrar a atenção e os esforços, pois muitos gostam de roubar as flores para enfeitar seus momentos, mesmo que por um minuto só. No entanto, quem assim o faz, não se dá conta que além da flor colhida, colheu também a esperança do fruto que ela prenunciava.
Cuide da flor, pois ela é a antevéspera da frutificação. O perfume que se enovela na brisa suave e ganha distância enriquecendo de imaginação e desejos os caminhantes, é a anunciação do porvir esperado resultado, tanto quanto é tentação para os “insetos” do descuido, do cansaço, do imediatismo, que podem pôr tudo a perder.
Quando se apresentem os primeiros frutos, ainda não é o resultado. Lembremo-nos de que ainda se deve aguardar o amadurecimento deles para possam servir-nos com sua utilidade.
Os pomicultores adotam a prática de encapsularem, em pequenos sacos de papel especial, o fruto nascente, protegendo-os melhor de pragas. Façamos o mesmo com os primeiros resultados em formação, a fim salvaguardá-los do pessimismo, da inveja, do ciúme, resguardá-los no invólucro da discrição, servindo bem aqui o ensino de que não saiba a mão esquerda o que faz a direita.
Prenúncio de realização, ainda não é finalização. Atenção, zelo e continuidade.
A jornada da semente rumo ao seu desiderato, é como a nossa jornada rumo ao crescimento mental, psicológico, emocional, espiritual.
Pede determinação, esforço, inteligência, persistência, sacrifício.
Atitude de quem quer e sabe o que quer.
Segurança de quem sabe onde vai chegar, pois já esteve lá, ensaiando e visualizando o resultado desejado.
Confiança de quem caminha no rumo certo, e sabe que lançou, em sua retaguarda, fortes raízes de sustentação e suporte à empreitada.
Com fé em sua capacidade de realização.
Com a coragem de quem sabe contar com os recursos complementares das oportunidades que a vida oferece, como dádiva àqueles que se empenham nos melhores propósitos existenciais, conducentes à realização íntima e ao bem-estar, integrando-os ao Todo, com autodescoberta de pertencimento à Consciência Cósmica, pois se identifica como parte desta Consciência, por agora na trilha da evolução, recompondo a fragmentação da Unidade, pelo autoconhecimento, pela superação, pela realização, pela melhoria íntima.
Por fim, considerando o começo de tudo, notaremos que há toda uma conformação físico-química-biológica no processo da germinação, e que, mesmo diante de um contexto favorável, há a necessidade continuada do essencial à manutenção da dinâmica da vida que ali acorda: a seiva sustentadora de tudo.
Qual é a seiva que alimenta seu pensar, seus ideais, seus sonhos, seu psiquismo, seus sentimentos, suas emoções, sua alma, seu proceder, sua razão de existir?
Conforme a pureza e riqueza nutricional da seiva, a saúde da planta.
O mesmo para nós. Escolhamos a nutrição do nosso mundo mental que resulte em bem-estar permanente.
A seiva que dá sustento ao real sentido da vida, é aquela nos leva às modificações íntimas para melhor, tornando-nos mais fortes em ânimo e coragem diante das injunções do viver, levando-nos ao aprendizado do bem-viver, antessala da paz e da saúde.
Kabir, notável antigo poeta da sabedoria milenar indiana, falando de alma para alma, como tudo o que versava e cantava, dizia: Tu dormiste por milhões e milhões de anos, não queres acordar esta manhã?
Sementes de vida eterna que somos todos nós, acordemos e nos alevantemos, com determinação, coragem e entusiasmo, seguindo sempre rumo ao Sol da Vida, realizando-nos diante da nossa própria consciência.
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