No final do dia, pai e filho conversavam, acomodados na varanda da casa, enquanto apreciavam o pôr do sol.
O pai pediu: – Me fale de sua aula hoje, filho.
O filho comentou: – Na escola, a professora falou das nossas diversas inteligências: Racional, Física, Emocional e Espiritual.
Sobre a Racional, dentre outras explicações, salientou que a formação intelectual só é alcançada com dedicação, constância e persistência.
E ensinou que para se aprender um tema devemos prestar atenção em quatro passos: objetivo, ponto principal, validação e ilustração, como exemplos e histórias.
No diálogo envolvente, o pai disse: – Meu filho, você sabe que um koan é uma pequena narrativa, um breve diálogo, questão ou afirmação no budismo zen, não é mesmo?
Eu me lembrei de um que pode contribuir para suas reflexões sobe a Inteligência Racional, que diz assim:
Certa feita um discípulo procurou seu mestre e disse:
Mestre, eu tenho um temperamento irascível.
Sou às vezes muito agitado e agressivo, e acabo criando discussões e ofendendo outras pessoas. Como posso curar isso?
Você possui algo muito estranho, replicou Bankei, o mestre. Me deixe ver como é esse comportamento.
Bem… eu não posso mostrá-lo exatamente agora, mestre, disse o outro, um pouco confuso.
E quando você o mostrará para mim? perguntou Bankei.
Não sei… é que isso sempre surge de forma inesperada, replicou o estudante.
Então, concluiu o mestre, essa coisa não faz parte de sua natureza verdadeira. Se assim fosse, você poderia mostrá-la sempre que desejasse. Quando você nasceu não a tinha, e seus pais não a passaram para você. Portanto, saiba que ela não existe.
Meu filho, a inteligência pode ser vista com se fosse um farol que espalha a luz e ilumina à sua volta, no entanto, primeiramente, a lâmpada se autoilumina e, depois, irradia sua luz.
Sob a luz da inteligência lúcida se pode fazer escolhas mais acertadas, assim como um barco alertado pela luz do farol, evita os recifes.
Nessa pequena narrativa, o mestre leva o estudante a concluir que ele pode mudar seu comportamento, se quiser, pois que tal maneira de ser é estranha à sua natureza essencial.
– A professora também falou da Inteligência Física, adiantou o filho, e salientou que o corpo é um bom servo, mas um mau senhor. Ele é nosso instrumento e serve de apoio à nossa consciência, para nos transformar em mestres de nós mesmos.
– Observações muito oportunas, meu filho, essas dadas pela sua professora.
Tudo nasce na nossa mente.
O ponto de partida para um dia a dia saudável está em dar tratos aos bons pensamentos.
Todos sabemos que se pensarmos preventivamente em ter boa alimentação, fazer exercícios regulares e ter um bom sono sem estresse, com relaxamento constante, evita que o corpo sofra qualquer tipo de abatimento.
Hábitos que incluam sintonia entre corpo, mente, coração e espírito, aumentam nossa energia e nos melhoram a atuação, o que nos leva a agir como uma pessoa plena!
Para ilustrar a importância de aprofundar a visão dos conceitos e refletirmos sobre eles, tem um outro koan que é oportuno:
Dois monges discutiam a respeito da bandeira do templo, que tremulava ao vento. Um deles disse:
– É a bandeira que se move.
O outro disse:
– É o vento que se move.
Trocaram ideias e não conseguiam chegar a um acordo. Então Hui-neng, o sexto patriarca, disse:
– Não é a bandeira que se move. Não é o vento que se move. É a mente dos senhores que se move.
Os dois monges ficaram perplexos.
Meu filho, enriqueça sua mente e seu viver estará enriquecido.
E sobre a Inteligência Emocional, o que foi que você aprendeu?
– Ela falou, pai, que somos a força criativa de nossa própria vida. As emoções equilibradas, sinônimo de personalidade equilibrada, norteiam os relacionamentos saudáveis, inspiram a empatia, desvelam a gratidão, promovem a automotivação.
Disse, ainda, que quanto mais forte moralmente é a personalidade, mais brilhante é a luz que ela emana, e o faz com consciência e fim nobre.
E o fechamento da aula foi a respeito da Inteligência Espiritual, que não tem nada a ver com religião, mas sim, com o fato do ser humano saber lidar com questões essenciais da vida, do ser e do viver, e encontrar seu ponto de equilíbrio.
Essa inteligência nos leva a perceber a vida e o viver, com suas razões e propósitos, ao tempo em que estimula os sentimentos de perdão, autoperdão, compaixão, criatividade, fraternidade, solidariedade.
A professora enfatizou que é a mais fundamental das inteligências – a Espiritual –, o que nos torna humanos, pois é a inteligência que utilizamos para desenvolver nossa capacidade de sentido, visão e valor da vida.
– Meu filho, você fez uma bela síntese de notáveis ensinamentos. Guarde todos eles em seu coração.
Me alegro por você.
Observe que todas as emoções vêm e vão, porém, você permanece e as vivencia todas.
Se não restassem pensamentos, emoções e as sensações fossem postas de lado, restaria a essência que pensa e sente.
Você é essa essência!
Quero dizer que o mundo não é externo. Tudo se passa em sua consciência.
Você é que dá o colorido que desejar para o seu mundo.
O corpo, por sua vez, é qual uma roupagem. É inerte, do mesmo modo que uma bandeira é inerte. Somente quando agitada pelo vento pode a bandeira tremular.
Você é esse “vento”. É a energia vital consciente. A sede das inteligências. Quem promove todas as ações.
Trabalhe por desenvolver todas as suas inteligências.
Desperte sua consciência!
Que mundo maravilhoso o espera!
Por que não um outro koan, cujas narrativas simples trazem lições orientativas para um bem viver?
Pode ser?
Vamos lá.
Dois peregrinos estavam perdidas no deserto. Estavam morrendo de inanição e sede.
Finalmente, avistaram um alto muro.
Do outro lado, podiam ouvir o som de quedas d’água e de pássaros cantando.
Acima, podiam ver os galhos de uma árvore frutífera atravessando e pendendo sobre o muro. Seus frutos pareciam deliciosos.
Um dos homens subiu o muro e desapareceu no outro lado.
O outro, em vez disso, saciou sua fome com as frutas que sobressaíam da árvore, ali mesmo, e retornou ao deserto para ajudar outros perdidos a encontrar o caminho para o oásis.
– Você, eu e qualquer pessoa, meu filho, podemos apontar, com facilidade, qual dos dois peregrinos tinha as inteligências Emocional e Espiritual, mais desenvolvidas. Sim ou não?
Eis o que faz a diferença entre os que sobrevivem, os que apenas vivem, e os que vivem uma vida saudável.
A correlação está entre sentido, visão e valor da vida que suas inteligências já se lhe despertaram.
Inteligências desenvolvidas, mentes despertas, vida plena.
– Filho meu, jamais se desinteresse de desenvolver sua mente, pois nossa época atual exige de nós muito mais do que capacidades, exige a consciência alerta, pronta para as respostas livres de ignorância, preconceitos, rótulos, sem ângulos estreitos e com amplitude em todas as áreas do saber.
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