QUAL A MÍTICA FÊNIX

 

A Fênix tem sido um símbolo mitológico duradouro há milênios e em várias culturas diferentes. Apesar da variedade de sociedades e épocas, ela é sempre caracterizada como um pássaro com brilhante plumagem colorida. Que, depois de uma longa vida, morre em um incêndio feito por ela mesma, para em seguida ressurgir das cinzas.

Na mitologia egípcia, é Benu. Na grega: sua própria palavra fênix.  Na persa: Huma. No Judaísmo: Milcham ou Chol (Jó 29: 18 – eu multiplicarei meus dias como a Chol, fênix). No Cristianismo: ressurreição. Na mitologia oriental:  Feng Huang / Hou-Ou.

Morte e renascimento renovador parece ressoar como as aspirações da humanidade. E a característica mais universal de Fênix, é habilidade do pássaro para renascer, que é a representação do recomeço, de uma nova vida, também da esperança, e, ainda, da imortalidade.

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Em nossa existência nos permitimos fazer escolhas ininterruptas. Por isso o jargão: “a vida é feita de escolhas”. Para sentirmos que realmente existimos, temos franqueada essa possibilidade de opção, de escolha.

Escolhas certas: resultado compensador, satisfação alcançada.

Escolhas malfeitas: conflitos e transtornos aguardam o momento de se fazerem presentes.

É uma questão de tempo.

O que é escolha certa ou não?

O nosso viver todos os dias, no âmbito do próprio contexto em que estamos vinculados, e segundo nossa capacidade de observação e discernimento, nos servirá de indicativo norteador de rumos, da mudança ou não, de rota traçada.

O que hoje nos parece bom e saudável, amanhã será dispensado ou substituído.

Nós guardamos na intimidade um movimento gerado por uma impermanência natural em cada situação, cuja causa é um sentimento inato de insatisfação, mesmo que moderada, que nos leva a mudanças e a novas buscas. Desde um simples traje novo, de um novo corte de cabelo, de um novo caminho rumo ao trabalho diário, até mudanças mais marcantes, como casamento, filhos, carreira profissional, novo emprego, nova moradia, novo país. Há também aquelas alterações substanciais no modo de pensar e de ser, num sentido comportamental, ético, moral.

Conforme o nível de alcance da mudança pretendida, o grau de resistência é correspondente.

Examinemos, a título de raciocínio, um certo vício, como o do alcoolismo, por exemplo.

Se é que já não passamos por isso, ou estejamos por passar nesse momento, sabe-se do grau de dificuldade que, mesmo uma vontade firme encontra, para se fazer imperiosa o suficiente e com certa constância, a fim de superar, de romper com esse grilhão momentaneamente dominante, que nos impõe uma segunda e ilusória natureza – um vício -, com dependência constrangedora, qual governante ditador de nosso comportamento, que nos retira a própria personalidade.

Há outros vários problemas de saúde, provocados por maus hábitos, desequilíbrios emocionais, como a ansiedade incontrolada, a depressão. Também há o TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo, como outro exemplo.

Há, ainda, as cicatrizes no coração, que guardamos sob a máscara do disfarce ou sob o véu da ilusão, como se não existissem em nós: mágoa, ressentimento, ódio, sede de vingança, e nos fazem muito mal.

A pergunta mais apropriada e direta que precisamos responder agora: queremos mudança para melhor?

O desejo de mudança renovadora geralmente é provocado por ressentimentos psicológicos, emocionais, mesmo físicos, que nos traz desconforto, enfermidade, insatisfação ou conflito, levando-nos a sentir necessidade de real bem-estar.

O vento da mudança sopra constantemente. O convite à renovação vem expresso no raiar de todo novo dia.

Qual a figura mítica da Fênix, há novas possibilidades, há novas escolhas, há novos horizontes, há esperança sempre.

Para o raiar de uma vida renovada, comecemos por reconhecer nossa necessidade íntima que ensombrece o nosso dia, que nos traz dificuldade de identificar nossa realidade, nos tirando alegria, ânimo e coragem.

Do mesmo modo que diante da sede, nos vemos estimulados, impulsionados, motivados a sair em busca de água que nos dessedente, a necessidade de bem-estar será a força motriz para novas atitudes. A insatisfação nos conclama à busca da satisfação. A vontade e a determinação, se apresentam como a locomotiva da composição da vida, e o pensamento, o discernimento, os trilhos.

Importa certificar a qualidade da satisfação desejada.

Se nos sentimos bem de braços dados com o que nos enferma, é uma satisfação de momento preenchendo o ser, sim, mas que, doentia que é, evita despertamento para a vida com nova significação, como devido para se ter sintonia com o estado de bem-estar.

Tanto as pétalas quanto o perfume de uma bela rosa se vão com a sucessão dos tempos.

Nosso tempo existencial avança e traz o futuro muito rapidamente, e, meio surpresos, damo-nos conta que, como as flores, também o perfume do vigor vital e a tonicidade aparente de uma pele lisa e jovem, se esvaem.

O caule ressequido sabe que não voltará a sustentar aquela mesma rosa que se foi, mas, por outro lado, sabe que o fenômeno da renovação logo mais manifestará nova flor, e tudo recomeçará.

Hoje, talvez, quase como um caule ressequido, nos vejamos consumidos na ardência do fogo do transtorno que nos impusemos até aqui, pela incúria, pela paixão, pela luxúria, pela vaidade, pela intemperança, pelo orgulho, pelos vícios, pelos ódios e tantos outros “micróbios” mentais, sentimentais, comportamentais, promotores de derrocadas.

Ao invés do desânimo, do desalento, nos sintamos a própria Fênix, alcançados pelos ventos renovadores da mudança, que chega e orvalha nossa consciência, num suave convite, como a refrescante brisa que os Andes nos enviam todos os dias.

Sou amanhã, ou noutro dia futuro, o que estabeleço hoje. Sou hoje o que estabeleci ontem ou noutro dia anterior, conforme James Joyce, romancista, contista e poeta da Irlanda que viveu boa parte de sua vida expatriado. É amplamente considerado um dos autores de maior relevância do século XX.

Desejamos mudança?

Hoje é o melhor dia e agora é o momento mais propício.

Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver, registrou Dalai Lama, líder religioso da escola Gelug do budismo tibetano.

O que nos falta, então?

Decisão e atitude!

Diz uma das lendas, que Fênix, com o prenúncio do ocaso, partia para Heliópolis, no Egito, e aterrissava no altar solar, levantado em homenagem ao deus Sol (Hélio, dos gregos), para então ser consumida pelo fogo, sabedora que algum tempo depois ela retornaria à vida.

Fênix não se rendia ao fim. Buscava, diante do prenúncio do fim, o início de uma nova vida, diante do altar do deus regente, promotor da renovação.

Não ia em busca da sombra da desconformidade, nem se angustiava ou deprimia-se, e saia em fuga espetacular. Ia, sim, em busca do Sol da Vida nova, que iluminasse novos caminhos, que oportunizasse novo existir. Enfrentava-se, até consumir seu presente, para ressurgir das cinzas de seu ontem de olho num futuro refulgente, altiva e feliz, com as multicores, reluzentes e vibrantes, de suas penas, em voo sempre em frente e para o alto, e emitia seu mavioso canto, o qual, segundo diz a lenda, era o canto que curava todas as dores, bastava que se tivesse ouvido para ouvi-lo.

George Sand, aclamada romancista e memorialista francesa, considerada a maior escritora francesa, nos diz: Nunca é demasiado tarde para seres aquilo que devias ter sido.

Os ventos da mudança pedem que tiremos os agasalhos já em farrapos de nossas experiencias malsucedidas, que fingem nos proteger numa ilusória zona de conforto, enquanto ali é zona de conformismo, que significa derrota antecipada, a impedir novos tentames, rumo ao êxito felicitador.

Se tiver que amar, ame hoje. Se tiver que sorrir, sorria hoje. Se tiver que chorar, chore hoje. Pois o importante é viver hoje. O ontem já foi e o amanhã talvez não venha, leciona o aplaudido Chico Xavier, filantropo, líder humanista, e um dos mais importantes expoentes da fraternidade e solidariedade humana dos tempos modernos.

O agora terá a força e o poder que nós quisermos que tenha.

Hora de decidirmos o que queremos para nós mesmos: saúde ou doença; bem ou mal-estar; alegria ou tristeza; lucidez ou ilusão; bem viver ou simplesmente sobreviver.

A nossa vida será o que dela fizermos e como com ela vivermos cada instante, segundo cada escolha, conforme nossas atitudes.

Momento de decisão feliz.

Santo Agostinho elucida: O passado não é mais, o futuro não é ainda.

Hoje e agora, eis o momento exato da transformação para melhor! Iniciemos com determinação o que deveria ter sido perseguido desde há muito.

Toda transformação causa incômodos, todo incômodo nos leva a perceber o quanto estamos distanciados de nós mesmos, e se faz preciso, na mais das vezes, uma forte dor, seja ela física, moral ou emocional, para nos abrir definitivamente os olhos para a infinita perfeição que nos aguarda logo ali, no apagar do último “incêndio” tão necessário para nosso aperfeiçoamento.

Sejamos qual a mítica Fênix, porém sempre alertas de que tudo pode ser resolvido,  caso nossa vontade esteja direcionada corretamente para o brilho da Luz que a tudo clareia, modificando os passos, fortalecendo as decisões e permitindo que não só olhemos para dentro de nós mesmos, mas também nos integremos, a cada instantes, com a rede de vida que a todos une, e estejamos cada vez mais próximos do Sol Pleno da Consciência Cósmica, que, além de nos aquecer, alegra e permite que a Vida seja transformada em oportunidade de Paz!

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