POR QUE NÃO OPTAR PELO BEM-ESTAR?

Confúcio, grande sábio da antiguidade, nos legou em seus apontamentos, este ensino: Se há pessoas que não estudam ou que, se estudam, não aproveitam, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não interrogam os homens instruídos para esclarecer as suas dúvidas ou o que ignoram, ou que, mesmo interrogando-os, não conseguem ficar mais instruídas, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não meditam ou que, mesmo que meditem, não conseguem adquirir um conhecimento claro do princípio do bem, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não distinguem o bem do mal ou que, mesmo que distingam, não têm uma percepção clara e nítida, elas que não se desencorajem e não desistam; se há pessoas que não praticam o bem ou que, mesmo que o pratiquem, não podem aplicar nisso todas as suas forças, elas que não se desencorajem e não desistam; o que outros fariam numa só vez, elas o farão em dez, o que outros fariam em cem vezes, elas o farão em mil, porque aquele que seguir verdadeiramente esta regra da perseverança, por mais ignorante que seja, tornar-se-á uma pessoa esclarecida; por mais fraco que seja, tornar-se-á necessariamente forte.

A perseverança é a base da vitória.

Perseverança tem a persistência e a constância como sinônimos.

A constância, por sua vez, quer dizer frequência, força de ânimo, continuidade.

Enquanto persistência, entenda-se como sendo esforço criativo, foco em seus objetivos.

Não confundir persistência e constância com rotina, que, dentre outros significados é hábito de fazer alguma coisa sempre da mesma maneira, gerando aversão às inovações, retirando o interesse pelo progresso. Também quer dizer repetir caminho já sabido ou habitualmente trilhado.

A rotina automatiza a mente, adotando-se o mesmismo, que não pede raciocínio, discernimento, apenas faz com automatismo. Não age e nem reage, apenas repete. Não caminha, marca passo. Não pensa o que fazer, nem como, nem porque, simplesmente faz. Sem desejo e sem vontade, por impulso repetitivo.

O fato de se trocar de conduta, quanto a rotina, não significa ter havido mudança efetiva. Sai de uma postura rotineira para outra, quando não a mesma, apenas com feição diferente.

Reformar não é inovar. O novo não é o mesmo que algo reciclado.

A rotina é obstáculo à melhoria, por não se permitir agregar novos conhecimentos, novas práticas. Mantém-se o mesmo proceder, tendo, por conseguinte, o mesmo monótono resultado.

Na busca pelo conhecimento superior, todo dia algo é acrescentado no silêncio de nosso íntimo.

Na busca da realidade superior, todo dia algo é eliminado, no silêncio de nosso íntimo.

Viver é mais do que se estar vivo. O viver é dinâmico, criativo, participativo, agregador. A vida em si mesma é ação, constante mudança, preenchimento.

O perfume que nos chega é conduzido pelo vento que se movimenta, seguindo sempre adiante. Não somos visitados pelo mesmo vento duas vezes.

O rio chega ao mar, pela persistência e superação de impedimentos. Não pisamos o mesmo rio duas vezes.

O pêndulo, quando volta, jamais o faz na mesma fração de tempo.

A Terra gira sobre o seu próprio eixo, ao tempo em gira ao derredor do Sol, jamais repetindo seus movimentos no mesmo lugar no espaço.

A natureza é um hino à ação renovadora.

Voltam as estações do ano, mas não reencontramos as mesmas flores e as flores que caem das árvores no outono, não são as mesmas do ano anterior.

As árvores repetem as frutas, mas não o mesmo fruto.

O Sol é o mesmo todos os dias, mas não são os mesmos raios que nos alcançam.

Tudo se renova.

Disse Heráclito de Éfeso: Nada existe de permanente a não ser a mudança.

Há pessoas que relutam perseverar na realização de um objetivo, por ter havido, quando nas primeiras tentativas, o insucesso. Muitas vezes o insucesso causa impressões tão profundas na grande bagagem do ser em questão, que ele fica como que paralisado pela força energética que o fracasso representa para o orgulho, que erroneamente ele traz no peito. Isso o transforma em um fraco, mesmo sendo forte.

É necessário nos alertemos para a urgente necessidade da remodelação do orgulho que more permanentemente nos corações, desalojando-o sem titubeio. E a única força capaz de modificar essa impressão é o despertamento para o amor.

Enquanto não se dê essa silenciosa transformação que a decisão firme nesse sentido possa provocar, por medo e desalento, há quem renuncie aos seus sonhos.

Carl Jung, psiquiatra e psicoterapeuta, orienta: Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço saber o que ela não é.

Se fez e como fez, não deu certo, aprende-se que aquele modo de fazer não é o caminho.

Todas nossas aspirações, nossos sonhos, visam uma situação melhor, mesmo que passageira, como uma viagem em férias, por exemplo.

Há os desejos do bem-estar duradouro, físico, psicológico, emocional, espiritual.

Por que não desejar e se decidir pelo bem-estar e ir em sua busca?

Ainda Carl Jung: O que você resiste, persiste.

Se desejamos melhoria, mas resistimos construí-la, por ela não optando, o que resiste, o que permanece, é o estado atual indesejado.

Ora, mais uma vez nos fala Carl Jung em benefício do nosso raciocínio: Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que eu escolhi ser.

Por que o veneno, se podemos escolher o remédio?

Por que a sombra, se podemos escolher a luz?

Por que o mal, se podemos escolher o bem?

Confúcio, como lemos no início do texto, nos afirma: … por mais fraco que seja, tornar-se-á necessariamente forte. Desde que escolhamos ser fortes e não desistamos da perseguição do ideal ao longo do caminho realizador.

Registremos os três “C’s” construtores da renovação e realizadores de nossos melhores desejos, que dão suporte à perseverança: coragem, confiança e constância.

O notável Lao Tsé recita no Tao Te Ching, o milenar livro do Caminho e da Virtude:

 O homem bom é determinado, porém cauteloso

Não utiliza a força para conquistar

É determinado sem se orgulhar

É determinado sem se envaidecer

É determinado sem se glorificar

É determinado sem se tornar excessivo.

 

Quem conhece os homens é inteligente

Quem conhece a si mesmo é iluminado

Vencer os homens é ter força

Quem vence a si mesmo é forte.

Não desistir nunca é condição fundamental para vencer-se a si mesmo e fazer-se forte em sua autoconfiança, autoestima, elementos que propiciarão a autossuperação.

Ação criativa e renovadora é meio para alcançarmos fim superior almejado.

Jung, o grande psicanalista retorna em nosso auxílio: Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para o seu próprio coração. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.

Começar uma grande caminhada, tem início com um primeiro passo. Para se chegar ao último passo da jornada, só com perseverança e constância no caminhar.

Portanto, pôr-se a caminho. Decisão de urgência. Escolha feliz.

Consideremos que o caminho não está ali, à nossa frente, mas em nós. Aproveitemos a referência feita logo antes, aqui no texto, sobre o livro do Caminho e da Virtude, para ali colhermos melhor explicação sobre o Caminho.

O Tao é o caminho, o caminhante e o caminhar.

Se é um caminho, ele só existe porque as pessoas o utilizam para tanto, caso contrário deixa de ser um caminho e passa a ser apenas um terreno, um espaço qualquer em algum lugar, que pode levar a todos os lugares desejados, ou a lugar nenhum.

Decidir ir ou não, caminhar ou ficar parado, é opção de cada um. Há sempre o caminho. É preciso buscá-lo, adentrá-lo e vivenciá-lo passo a passo. Desde já se conclui que os caminhantes também são partes fundamentais do processo.

Para utilizá-lo, fazendo dele o caminho, as pessoas precisam adentrar e caminhar, pois ficar parado, você pode ficar em qualquer lugar.

Então é requerida uma ação prática, decidida e constante. O caminho não existe sem alguém caminhando nele. Logo, uma pessoa só caminha quando percorre o caminho, e para percorrer o caminho é necessário caminhar, então, alguém percorrendo o caminho, é o próprio caminho, pois a existência de um é condição para a existência do outro. Simples assim.

O caminho escolhido passa a ser o nosso caminho, do mesmo modo que numa cidade há várias ruas, a escolha de uma delas e de outra em sequência, formando o trajeto desejado entre a origem e o destino, faz daquelas ruas o nosso caminho. Outra pessoa poderá ter outro trajeto escolhido, em direção ao mesmo destino.

Mas o trajeto idealizado só se configura e se confirma como o sendo o nosso caminho, no preciso momento em que iniciamos a caminhada.

Se paramos e enquanto parados, deixa de ser o caminho, e retoma a condição de simples trajeto idealizado. O mesmo se desistirmos de prosseguir. Neste caso, nem trajeto é mais.

Assim, se nos mantemos em persistente caminhada, no rumo desejado, o caminho vai se realizando a cada passo, existindo. Se parar, ele deixa de ser. Se prossigo, e somente se prossigo, ele existe. Então, pelo sim e pelo não, não há um caminho; eu sou o caminho … enquanto nele permanecer, e nele seguir caminhando.

O caminho existe para cada um de nós, enquanto nele permanecermos em ininterrupta caminhada, pertencendo à ele cada vez mais pelo avançar a cada passo dado, e ele pertencendo-nos ainda mais, em cada momento-vida nele vivenciado.

O caminho se apresenta como resultado do próprio esforço dispendido por cada um de nós.

Portanto, sem nos permitir interferências indesejadas, integrados pelo desejo firme, pelo propósito certo e pelos meios necessários, resolutos e destemidos,  mantenhamo-nos no caminho, caminhante da eternidade que somos e caminhando sempre e sempre, rumo à frente e para o alto, repletos da energia do êxito, pois as realizações nobres devem ser o Sentido-Norte de nossa existência.

Disse-nos o Mestre: quem perseverar até o fim, será recompensado com o êxito pleno.

Sonhemos nossos melhores sonhos. Perseverando, logo estaremos sorrindo nossos melhores sorrisos, por tê-los realizados.

Optemos pela vida conduzindo-a pelos caminhos do bem viver, conquistando bem-estar.

Conquistar é mais do que tomar posse; tomar posse é mais do que alcançar; conquistar é trazer para sua vida. Pois conquistar é permitir que se integre em nós mesmos, todas as boas experiências feitas pelos demais que trazem mais conhecimento superior para o Todo – o visível e o invisível, o próximo e o distante, o conhecido e o não sabido – se fazendo informação-conhecimento-sabedoria comum, que deve ser aproveitada e multiplicada por nós, fazendo-a, por nossa vez, comum à todos, no mínimo com o gratidão.

A condução que a Causa Primeira promove, é opção que se nos apresenta, para que bem escolhamos o nosso próprio caminho.

Por isso, perante nossa própria consciência, devemos justificar e fundamentar no bem, os meios por nós sempre usados. Mecanismo certo para que sejam atingidos os melhores fins por nós acalentados, de modo que estes também sejam úteis e comuns ao bem-estar dos demais seres.

E, portanto, se sabemos que as oportunidades existenciais com que somos distinguidos nos são dadas pela Ordem do Amor, e não fortuitamente ou pelo acaso, é preciso que reconheçamos esse acontecimento, essa descoberta como certa, exata, indiscutível.

Porém, estejamos cientes de que nossa caminhada, mesmo em soledade, repercute em nossos laços de coração – como em uma família, por exemplo -, razão porque as escolhas também devem ter por foco a unidade e não a separação do conjunto dos seres com os quais estamos vinculados. Nesses casos, quando outros estejam agregados em nossas opções, os fins devem visar o bem comum, independente se estes sejam bons ou não para nossa escolha pessoal. Solidariedade tem por premissa o desapego, especialmente do egoísmo e de tudo o que configure desejos e atitudes egóicas.

Faça isso com o bem-estar!

Recita sábio provérbio indiano: A vitória do espírito origina-se da compreensão de que a vida não é o corpo, da mesma forma que a água não é o copo que a contém.

Viver, bem viver, é mais do que estar vivo!

E o bem viver pede a contemplação do “nós” em detrimento do “eu”. Pede a magnanimidade com todos, nas experiências pessoais de cada momento. Pede que o viver construa o bem, do mesmo modo que o bem seja a essência do viver.

O poder do bem repleta o viver com a energia sempre viva, revitalizante e plenificadora do amor.

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