Oficina de significados

Em casa, durante a refeição, o jovem comentou com os pais que o seu professor teria dito durante as aulas, em tom muito divertido, que, como estava no começo da estação do outono, era o momento de todos buscarem fortalecer os pulmões, pois o frio e a umidade exigem mais do sistema respiratório.

Porém, disse o professor: – “Na minha família, sempre nos lembramos dos ensinos dos avós, que, mais que qualquer remédio ou fórmula, diziam não ter nada melhor do que retirar e jogar fora todas as tristezas guardadas no coração, pois a tristeza é veneno para os pulmões, enquanto a alegria é ótimo fortificante…”

O pai, por sua vez, aproveitou o ensejo para elucidar o filho a respeito, e comentou que a moderna medicina psicossomática, a tradicional medicina chinesa, a homeopatia, dizem a mesma coisa.

E acrescentou o pai: – “Logo, no caso dos avós do seu professor, a chamada ‘sabedoria popular’ também faz parte de ensinos médicos, e merece muita atenção de nossa parte. Lembre-se, meu filho, que a verdade permanece, vence o tempo”.

As experiências, em si mesmas, terão o significado que lhes dermos.

Nossa história pessoal é fruto dessas interpretações que demos às experiências, não propriamente aos fatos havidos. Os fatos ficaram no tempo, o significado que decidimos dar é que se mantém em nós, ou não mais.

Os sentimentos resultam de experiências, assim como tantas experiências nascem de sentimentos.

Certo e errado, bom e mau, passado e futuro, alegria e tristeza, desejo e aversão, são todos criados por essa “oficina de significados”.

Felicidade, amor, tristeza, ódio, são apenas interpretações e, como tal, sujeitas à reversão, a qualquer momento, conforme nossa disposição a respeito.

Cada pensamento tem sua natureza energética (boa ou má); cada sentimento conduz seu padrão energético, reconfortante ou não.

Felicidade e tristeza não surgem de lugares diferentes.

Existe uma única fonte de tudo: nós.

O coração sente, o corpo corresponde.

E em primeiro lugar, em nós (coração-mente-corpo que somos), os seus efeitos acontecem: edificantes ou destrutivos, bem ou mal-estar, saúde ou doença.

Se fomos nós a causa de efeitos danosos, também em nós reside a força das causas reparadoras, transformadoras.

Reversões, ressignificações, mudanças, superações, começam no âmago de nosso ser.

O apego ao passado impede, limita aquilo que nós podemos ser neste mundo.

Tudo vem e vai. Mas de repente… como se entrasse num reino de fantasias, você veria que seria capaz de …TUDO!!!!!!!

“Imagine você, que alterasse a realidade de seu viver, e que o tempo… fosse olhado para a esquerda como sendo o lugar de seu passado, e à direita, do seu futuro. Você posto como um pino em uma régua, olhava para os dois lados. Hipoteticamente, veria antes e depois, e tornaria o seu presente extremamente prazeroso, pois, poderia pensar que antes e depois se juntam no agora e fazem de você …. o construtor real de tudo que está contido em seu Todo!!!!!??????”

Tudo passa!

Ah! A proposição acontecia no Reino dos Pinos Ativos!

A permanência e o apego em ideias que não contribuem para a nossa melhoria geral, em falsas crenças que abalam os pilares de nosso viver, em desvalores existenciais, são os principais equívocos, motivos de muitas tristezas.

Quando isso é plenamente compreendido, o apego cessa e a alegria de cada coisa é ampliada.

Perseguir o que é passageiro, impermanente, fugidio, traz alegria no dia da aquisição e tristeza no dia da perda.

Por que então não perseguir o que é permanente em vez do que é impermanente?

Somos moldados pela memória.

Com base nas informações do passado, certos padrões de memória se tornam recorrentes. A partir daí, nossa vida fica habitual, repetitiva. E vemos formados nossos próprios padrões.

Esses padrões ditam nossas tendências comportamentais.

As tendências, vivenciadas, se consolidam e se torna o que chamamos de personalidade, que afirmamos ser nosso modo de ser, nossa natureza.

Em face disso, o que consideramos ser, de fato é resultado da memória.

Somos um produto do passado???? Talvez sim, talvez não!

Permanecer hoje como se é desde ontem, é viver uma vida reciclada, consequente de muitas influências, nossas e de terceiros.

Dessa forma não somos um indivíduo, mas uma multidão!?

Agora, se não rompermos esses padrões internos e externos, nada de novo vai acontecer.

E seremos então identificados como portadores do Complexo de Gabriela: “Eu nasci assim, eu cresci assim. Eu sou mesmo assim. Vou ser sempre assim…”

Memória é o passado, de onde vêm as tristezas, as quais permanecem agindo para nosso desconforto emocional, fragilidades orgânicas (nesse caso os pulmões são os mais agredidos), manutenção de quadros crônicos de enfermidades respiratórias (e outras), pelo tempo que perdurem as tristezas guardadas, muitas das quais já nem nos lembramos de suas causas, e ainda assim, as alimentamos.

Isso não é um paradoxo existencial? Eu não mais me recordo dos fatos, mas insisto com os sofrimentos consequentes…

Consciência, por sua vez, é o presente.

Presente é onde está nosso interesse, que retém nossa atenção e onde dedicamos nossas energias.

Consciência, portanto, não é uma questão de comportamento. É a natureza da existência.

No presente é que podemos exercer novas escolhas, permitir a chegada do novo, dar início a renovação, o rompimento com os grilhões escravizantes (dentre os quais as tristezas), que nos impedem a caminhada evolucionária, inovadora, saudável.

A escolha é a grande dádiva humana; a liberdade (a quebra desses grilhões) é a grande possibilidade humana.

As consequências das escolhas podem ter muitos níveis de alcance e efeitos, em termos de pensamento, emoção, ideia, opinião e ação.

Naturalmente, as boas escolhas trarão boas consequências.

Por que não escolhermos ser indivíduos ao invés de ‘multidão’?

A viver no presente, com mente desperta, voltados a remodelação de nós mesmos, a começar por sermos nós mesmos (e não cópia de outros)?

A se empenhar em ver com olhos de ver o que existe, e enxergar a Vida, e não o que queremos ver, que nem sempre existe?

A começar do zero o nosso próprio destino, porém construído com as nossas mãos?

A deixar um viver fragmentado por conceitos e preconceitos, e pelos efeitos de um passado que não é mais, para um viver pleno, assertivo?

A viajar do instinto à inteligência, da compulsão à consciência?

A experienciar o mundo que nos cerca com o coração e a mente remodelados, onde as emoções nobres têm lugar e o aprendizado do novo vem em substituição ao velho obsoleto e ultrapassado?

A não abraçar o que é mutável em detrimento do que é imutável?

A valorizar o que tem?

A alçar novos e promissores voos?

A amar os nossos entes queridos?

A descobrir a Natureza, aprendê-la, valorizá-la, defendê-la e com ela nos integrarmos?

A respeitar o próximo, a vida e a nós mesmos?

Nos questionemos: Como eu preciso ser diferente? Como eu preciso pensar de forma diferente? Como eu preciso agir de forma diferente? Como liberar, sensibilizar e expandir meus sentimentos?

Enfim, já que viver está por nossa escolha, por que não um viver que priorize o momento presente e as realizações dignificantes, a alegria e a felicidade, a harmonia e o bem-estar, o equilíbrio e a paz?

Portanto, preserve-se!

Cure-se!

Deixe a tristeza de lado!

Liberte-se das amarras que suprimem os bons sentimentos (essa supressão causa estragos no sistema humano – pensar, agir, sentir).

Permita a manifestação dessa grande quantidade de emoções não expressas até hoje, que você as retém por compressão, impedindo de ser você mesmo com espontaneidade e naturalidade.

Seja você!

Não tenha medo do amor, da alegria, da tristeza, de tudo que seja!

Tudo vem e vai, mas você permaneça em equilíbrio.

A sociedade, em si mesma, é inibidora, constritora, castradora.

Rir alto é falta de educação; chorar de alegria ou emoção em público, é deselegante…

Descondicione-se da “multidão”.

Seja, faça e obtenha’!

Sorria seu melhor sorriso. Chore todas suas lágrimas.

Ame de modo incondicional!

Defina seu destino!

Vá adiante! Sempre com bom senso e sem exageros que o possam desequilibrar! Preste sempre atenção nessa proposta! Sem desequilíbrios! Para que o seu próprio bem seja instalado verdadeiramente, sem máscaras.

Celebre a vida e o bem viver!

Dê o melhor significado à vida!

Seja melhor cada novo dia!

Viva com alegria!

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O novo não é fruto de reforma, mas de inovação

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