O TEMPO E A DÁDIVA

A árvore, enquanto não chega o momento de dispender seus frutos, faz de cada momento a dádiva da fotossíntese, em benefício geral.

A abelha, no seu belo trabalho diário, busca os recursos para o sustento da colmeia, e faz de seus momentos ocasião para distribuição da dádiva da polinização, em benefício da humanidade.

O rio segue seu curso, sustenta a vida em sua intimidade e ao largo de suas margens, e dispensa a dádiva da evaporação de seus recursos em benefício da vida de tudo e de todos.

O Sol viaja pelo espaço, juntamente com a constelação de seus planetas, participa do equilíbrio cósmico, enquanto faz do tempo um eterno presente, permanente distribuição da dádiva da luz e do calor, em sustentação de tudo e de todos.

Tempo é escala de movimento.

Movimento é vida.

A ação dá sua dinâmica.

A escolha dá sua direção.

A vontade é o impulso realizador.

O destino é o estímulo.

O estímulo tem as cores e o apelo da sua significação.

A significação é a manifestação do teor qualitativo de nosso desejo.

O desejo é roupagem de nossa intenção.

A intenção é a voz do coração.

O coração é a sala de estar do sentimento.

O sentimento é a linguagem da consciência.

A consciência é a essência do ser, do eu profundo, o que permanece e se engrandece em jornada evolucionária, onde o tempo é um eterno presente, e no seu despertar vê a dádiva da vida em sua verdadeira grandeza, inteireza e transcendência, cujo significado transita do “eu”, do “meu”, para a experiência do “nós”, do “nosso”, do Todo.

O tempo presente, o único existente – pois o passado não é mais e o futuro não é ainda – é o momento-vida onde tudo deve acontecer, de modo a alicerçar os valores do crescimento intelecto-moral do “eu”, enquanto faculta a excelência da dádiva em benefício do “nós”, e dá real e duradouro significado e aproveitamento ao presente existencial.

O presente-temporal é para o ser o ensejo da construção interior.

Já o presente-vivencial é oportunidade de contribuir com o enriquecimento geral, com a dádiva de valores em sustento do coração do próximo.

Dar à cada momento-vida condições de se manifestar com todo seu potencial realizador, é acatar a tendência, o impulso ou instinto, próprio de cada ser, de tornar- se um ser cada vez mais completo do que se é no momento.

Isso é a lei natural de progresso.

O progresso intelecto-moral, nosso ou dos outros, tanto quanto o progresso material-tecnológico do mundo, só é reconhecido e valorizado, se tiver significado para cada pessoa, ou seja, se houver ressonância na consciência de cada um.

Essa ressonância somente se dá em nível daquilo em que há identidade, sintonia.

O sol e a lua dão um verdadeiro espetáculo dia e noite, mesmo assim a maioria de nós não se dá o trabalho de olhar para céu.

Logo, a verdadeira evolução, progresso, se dá na consciência de cada um, com o seu despertar, e ter olhos de ver e ouvidos de ouvir.

O bem, o belo, o bom, o nobre, o eterno, são predicados conscienciais.

O presente-temporal e o presente-dádiva existencial são, sob a vista intrapsíquica, uma dualidade de “tempo” em duas dimensões.

Uma experiência feliz se dá em um momento temporal (na dimensão do terra-a-terra), que, pela força dos ponteiros do relógio, fica no passado. O “tempo” passou, ficou para trás.

No entanto, as impressões deixadas pela experiência feliz, vão registradas em nossa dimensão intrapsíquica, na memória, onde o “tempo” não existe.

A qualquer momento podemos trazer à lembrança a experiência feliz, e fruirmos todo o seu bem-estar, como se ocorresse tudo novamente. Aliás, sim, ocorre por reprise, na dimensão do coração, da consciência, da alma, como queira. O fato é que se dá fora da dimensão do terra-a-terra, do tempo-relógio.

Há de ser registrado que se dá o mesmo com as ocorrências infelizes, e mágoas e ressentimentos são o pulsar dessa memória que – ainda por livre escolha – é mantida ativa. Transtorna e impede bem-estar.

Quanto maior a emoção provocada, mais forte a impressão registrada.

Lembrar é viver.

Isso confirma a dualidade temporal em que vivemos.

Valorizar o que passará, e deixará de ser – o temporal -, ou aquilo que permanecerá, e sempre será – o intemporal -, é de livre escolha existencial-comportamental.

A fotossíntese, a polinização, a evaporação da água, a luz e o calor, que eternizaram um momento – diante de seus sucessivos e ininterruptos efeitos benéficos que sustentam a vida no seu continuum – é a manifestação da dádiva.

Ao aproveitarmos a sombra refrescante de uma frondosa árvore e dela colhermos seu fruto doce e nutritivo, não sabemos o quanto a mesma árvore já contribuiu com a purificação do ar que respiramos, quando se deu a sua polinização, quando foi a última chuva que ali caiu, nem quanto de água ela precisou até então para viver, nem nos damos conta da essencialidade da luz e do calor para seu sustento e produção dos frutos.

No entanto, usufruímos de sua vida rica de oferendas.

O dia a dia construtivo da árvore foi importante para gerar a dádiva do fruto.

Igual deve ser para nós.

Nossa vida, nossos dias, para ser vivida com inteireza, pede o despertar da razão e da identificação do significado da existência, a fim de que vivamos cada momento-tempo como momento-dádiva.

Edificar nosso mundo interior, porém, também agir em benefício de tudo e todos, para lhes enriquecer a mente e o coração, com a distribuição em nosso entorno das riquezas-recursos de que somos possuidores (tempo, saúde, inteligência, sentimento fraterno e solidário, e tudo o mais).

A árvore, abelha, rio, sol e lua, figuram-se nossas dadivosas doadoras, e o fazem sem escolher para quem.

Nos compete distender ampla visão de reconhecimento e gratidão e considerar pessoas distantes e próximas, familiares ou não, instituições etc., que tanto fazem em nosso benefício.

O básico e o comum que modelam o estado indesejado vigente das coisas, já não nos bastem. Aspiremos mais e melhor para nós e todos.

Respiremos uma nova atmosfera mental e sentimental, e permitamos que apareçam novas forças de convicção à essa nossa sutil dimensão onde reside o imponderável, porém essencial, certos de que daí é que nasce e se manifesta o ponderável de nosso comportamento renovado, com diretrizes seguras para se bem viver o agora no mundo, com a disposição de:

Não ser apenas quem colhe frutos, mas quem ara, semeia, zela e oferta frutos;

Ser construtores de “pontes” que unem, não de “muros” que separam;

Ser alicerce seguro sobre o qual se edifique o bem-estar;

Ser não só beneficiário, mas, especialmente, doador.

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