Antigo conto narra que uma velha senhora chinesa tinha dois grandes vasos para transportar água, cada um ia suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.
Um dos vasos tinha uma pequena rachadura e o outro era perfeito. Este último estava sempre cheio de água ao fim da longa caminhada da fonte até a casa, enquanto aquele rachado chegava meio vazio.
Por longo tempo essa situação permaneceu, em que a senhora chegava em casa com somente um vaso e meio de água.
O vaso perfeito se orgulhava do próprio resultado e o pobre vaso rachado sofria com a vergonha que sentia do seu defeito, por conseguir trazer só a metade daquilo que deveria trazer.
Depois de dois anos, refletindo sobre a própria amarga derrota, o vaso rachado falou com a senhora durante o caminho: Tenho vergonha de mim mesmo, porque essa rachadura que eu tenho me faz perder metade da água durante o caminho até a sua casa.
A velhinha sorriu e disse: Você reparou que lindas flores existem somente do seu lado do caminho? Eu sempre soube do seu defeito e, portanto, plantei sementes de flores na beira da estrada do seu lado e, todo dia, enquanto a gente voltava, você as regavas.
Por dois anos pude recolher aquelas belíssimas flores para enfeitar a mesa.
Se você não fosse como é, não teríamos essas belas flores para contemplar pelo caminho.
Isso também pode se dar na vida de ser humano.
Quando não se está disposto a aceitar a vida em seus termos, quando não se está disposto a aceitar que as coisas sejam como são, quando define a si mesmo pelas suas imperfeições e não pelas qualidades que já possui; se está, nesses e em outros casos afins, plantando sementes de conflito.
Em grande número, as pessoas circunscrevem-se, envergonham-se e limitam-se aos emaranhados dos problemas, sem se darem conta de que são capazes de realizar resultados solucionadores.
A capacidade criativa e laborativa da pessoa são os melhores pilotos no barco da existência.
Alie-se a isso o esforço de buscar a renovação e o empenho no processo contínuo de aperfeiçoamento, e o feliz resultado é previsível.
Você se surpreenderá com a energia de poder realizador que vem de você!
Porém, há necessidade de se aprender o caminho do cultivo dos resultados desejados e do desapego dos problemas.
Você sempre decide como será sua existência, o que ela se tornará no momento seguinte.
Cada estágio da vida é a raiz do estágio seguinte, do mesmo modo que um degrau em uma escada é o suporte para o degrau seguinte.
Não há nenhuma árvore que esteja separada da raiz, nenhuma raiz que esteja separada da árvore.
Todos os acontecimentos se relacionam entre si e fundamentam soluções efetivas.
O mundo não tem existência separado de você.
Você experimenta o mundo através de você mesmo!
O mundo que você experimenta é um ponto de vista, o seu ponto de vista.
Aquilo que você desconhece não existe em seu mundo, apesar de existir no mundo de outra pessoa.
Nisso se inclui o autoconhecimento. Ou seja, no geral, se vive no mundo, mas não se sabe quem é.
Conhecer-se a si mesmo é chave de integração com a inteireza do mundo, pois você descobre o que tem e o que falta, o que sabe e o que não sabe, quem é e o que é, a vida e o viver, o mundo e suas possibilidades.
Conhecer-se a si mesmo não é cultivar a si mesmo, mas despertar para a clareza do que se é, do que sente, do que o integra no agora.
Conhecer-se a si mesmo é reconhecer que não se é uma coisa entre as coisas, mas o espaço em que todas as coisas estão contidas e de onde elas emergem. Esse espaço sagrado é a morada do seu livre-arbítrio, de sua escolha pessoal de poder escolher o próprio caminho.
Conhecer-se a si mesmo é despertar para a vida e reconhecer seu valor.
Conhecer-se a si mesmo é levar a cabo a transformação para melhor, continuadamente, de sua personalidade momentaneamente limitada e superficial.
Conhecer-se a si mesmo é aprender com a vida o dever de dedicar-se a ter uma existência virtuosa e integrada com tudo e todos.
Conhecer-se a si mesmo é deixar atrás de si todas as ideias egóicas sobre a individualidade e ampliar o amor impessoal a fim de incluir toda a existência e tudo o que existe.
Conhecer-se a si mesmo é compreender que a vida em si mesma é seu próprio propósito, e cabe a cada um de nós dar o significado pessoal edificante que desejemos para a vida e o viver.
Conhecer-se a si mesmo abre as portas da percepção superior e profunda da verdade e da vida.
Verdade manifesta vida!
Vida expressa verdade!
A verdade não exige a sua concordância, apenas o seu reconhecimento. É ação intuitiva e espontânea.
Afinal, haverá algum instante que não contenha a verdade da vida?
Algum lugar que não contenha a verdade da existência e da não-existência? Isto não está presente na relação entre o fruto e sua semente? Na pujança das folhas e flores em uma árvore, na primavera, e seus mesmos galhos desfolhados no outono?
Consideremos o exemplo do pinheiro: que centímetro da árvore viva não é a verdade? Que hora vivida pela árvore não é a verdade? A verdade-pinha perde seu elo essencial com a verdade-pinheiro?
É possível a alguém negar isso?
A flor e seu perfume podem ser percebidos em separado, mas são uma só coisa, vivem a mesma vida.
Por que se negar viver a vida em sua inteireza, integração e verdade?
O simples entendimento de conceitos sobre a verdade e a vida, não nos possibilita tornarmo-nos seres plenos.
É necessário o real cultivo do despertar de nossa consciência, que nos traz compreensão da vida com clareza, o que nos leva a realizar a verdade íntegra e sermos essa verdade… e vivermos a plenitude da vida verdadeira, autêntica, edificante, refazente e principalmente reluzente! Pois que refletir a Luz nos traz a esperança de uma postura existencial muito mais autêntica e sólida do que a superficialidade da não vida em posturas falsas.
Entre o saber e o fazer há o intervalo em que o querer é o senhor dos destinos!
A verdade deve ser experenciada por você, assim como a vida deve ser bem vivida por você!
Ela – a verdade existencial – está na essência simples da vida, disponível aos que estejam prontos a aceitá-la.
Em vez disso, geralmente as pessoas a procuram nas distrações do mundo, com seus folguedos e luzes pirotécnicas, que se apagam e somem em seguida ao seu fugidio flash.
Depois da entrega explosiva ao inútil, resta nada, se vê num vazio existencial, onde se ri de mentira e chora lágrimas de ocasião.
O enganoso prazer de um instante, quase sempre se faz realidade dolorosa por muito tempo.
Uma vez que o falso e o ilusório é removido, a verdade permanece iluminada
Todos aqueles que buscam a verdade e têm fome de sabedoria, deixam de fixar a mente em qualquer estrutura rígida, por saber que isso acarreta, de imediato, prender-se na servidão da dualidade e ficar refém de conceitos, crenças e convenções humanas estacionadas no tempo.
Os que desejam passos adiante na senda evolutiva, superam obstáculo e resistência mentais formadas por diferentes cenários culturais, costumes ou crenças, estilos de vida traçados pelos outros, que possam impedir a percepção da verdade sutil da necessária integração consigo mesmo e com o todo.
Leitor amigo, cultive em si mesmo os seus melhores valores, para o bem de todos, porquanto este é o nível mais alto da virtude.
Aquilo que se é, é a verdade essencial.
Confie em você mesmo.
Vida lúcida é uma vida em equilíbrio.
Escolher sua atitude em qualquer circunstância é de sua liberdade de consciência: use-a com bom-senso e sabedoria!
Viva sua plenitude!
Viva em verdade!
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