O Perdão e o Voo…

Há um momento, inevitável e profundo, em que a Vida nos chama a mergulhar em nós mesmos…

É um chamado silencioso, mas insistente, como o eco distante do canto de um pássaro ao amanhecer.

Ao atender esse chamado, vamos ao seu encontro, como se caminhando sob densa neblina, por camadas emocionais que, por tanto tempo, ignoramos ou queríamos esquecer, enfrentando medos soterrados, memórias empoeiradas, sonhos esquecidos, amores não vividos, palavras não ditas, lágrimas não choradas, risos contidos…

… E, ao chegarmos ao cerne dessa jornada, algo sutil e luminoso nos aguarda: uma essência primordial, intacta, que sempre esteve ali, esperando pacientemente por nosso contato, a tão aguardada chegada...!

Revela-se, então, que mergulhar em nosso íntimo não é descer em solidão; é reencontrar a companhia mais autêntica e sincera que podemos ter: nós mesmos!

É como um mineiro que, em sua mina no interior do solo, descobre finalmente, o grande filão precioso…

O autoencontro…!

Essa essência é quem verdadeiramente somos – não as máscaras que usamos, não as dores que acumulamos, não os papéis que desempenhamos. Ela não é um ponto fixo – é um fluxo, como que uma chama que muda de forma conforme o espaço que lhe damos para brilhar.

Ela é o ponto de calma em meio ao caos, a centelha de imensidão cósmica que reside no mais íntimo de cada ser humano.

Ao encontrá-la, descobrimos que a vida que vivemos até agora pode ser redesenhada, reinventada, refletindo as cores da essência e do primordial.

É como um mundo novo…!

E com isso, nasce em nós uma coragem serena, mas inabalável: a coragem de desapegar, de renunciar ao que já não nos serve!

Desapegar não é um ato de abandono, mas de confiar que a vida saberá onde levar o que já não precisamos carregar, retendo.

Desapegar, desprender, soltar-se, não é perda; é ganho!

É liberar espaço para o novo, permitir que algo maior e mais alinhado com quem somos e com quem deveremos ser, floresça!

Há inteira liberdade em cada ‘deixe ir’…, é nesse vazio providencial que fica, que o futuro se desenhará com novas cores!

Há uma sabedoria particular que nos faz perceber que manter ou reter – coisas, situações, pessoas – muitas vezes dói mais do que deixar ir!

Perdoar e perdoar-se é, talvez, o maior ato de amor e compaixão que podemos nos oferecer…

Muitas vezes, olhamos para nossos erros e nos agarramos a eles com uma força inconsciente, como se, carregá-los fosse uma forma de autopunição – um fardo que de algum modo, provaria que estamos cientes de nossas falhas…

Mas pergunto: a quem estamos provando algo? A quem servem essas correntes que amarramos a nós mesmos?

O passado é como um rio que já correu… Não podemos nadar contra a corrente e trazê-lo de volta, mas podemos aprender com o que ele nos mostrou enquanto fluía.

Cada erro foi um professor; cada queda, uma lição que nos moldou. Carreguemos as lições, mas deixemos os grilhões para trás…

O perdão é uma reescrita sem apagar palavras; ele redesenha os sentidos e os significados, as impressões e suas impermanências, sem desrespeitar as histórias, porém indicando um novo e venturoso final.

Perdoar-se não é apagar ou empalidecer o que aconteceu, como se o passado pudesse ser desfeito ou minimizado. É, ao contrário, iluminar cada experiência com o olhar da compreensão, reconhecendo que tudo, absolutamente tudo, teve um propósito no mosaico de quem somos hoje.

Porque no fundo, o perdão é isso: uma declaração de que estamos prontos para seguir em frente, para recomeçar, para abraçar o que ainda está por vir.

Imagine o passado não como uma sombra que nos persegue, mas como um mestre silencioso que nos guia. Ele não exige que carreguemos o peso de suas lições – apenas que as integremos ao nosso caminhar de agora, com aceitação e humildade; afinal, todos somos vulneráveis.

O perdão é, assim, um portal… Quando perdoamos, algo em nós se abre… É como se uma brisa fresca entrasse por uma janela que, por longo tempo, esteve fechada.

Soltar o rancor, a culpa ou a vergonha, é como permitir que a luz do sol penetre onde antes havia apenas escuridão.

Não se trata de negar as cicatrizes internas – elas estão ali; e são parte de nossa história!

As cicatrizes não pedem para serem apagadas, mas para serem vistas como obras de arte com que as experiências estão nos moldando.

Mas ao perdoarmos, aprendemos a olhar para elas com ternura. Deixamos de vê-las como feridas abertas e começamos a enxergá-las como marcas de um caminho trilhado com coragem e superação.

Não se trata de ignorar o que aconteceu ou fingir que nada nos tocou ou feriu. Pelo contrário: é um gesto de profunda consciência. É dizer a si mesmo: “Eu reconheço o que foi, o que se passou, mas não permitirei que isso defina o que será.”

A dor de ontem merece não apenas perdão, mas também gratidão, pois, de alguma forma, ela foi parte do que nos moldou. Imagine que um dia, ela foi você – uma versão de si mesmo que fez o melhor que pôde com o que sabia e com o que tinha. Mas lembre-se: a dor nunca foi o seu destino, apenas uma ponte, um prefácio que anunciava a chegada de algo maior – a luz da renovação e a serenidade da paz.

E quando finalmente soltamos essas amarras de um momento existencial que já não nos pertence, algo extraordinário acontece.

É como se um rio inteiro nos acolhesse de volta em seus braços.

As águas antes paradas e pesadas, de um viver cômodo, voltam a se mover, a dançar ao nosso redor, embalando-nos com sua suavidade.

O som do fluir constante das águas nos envolve, enquanto o barco da existência, antes imóvel, encontra seu caminho e desliza, leve, pelo horizonte.

Não é apenas um movimento físico – é uma transformação interna…

O que antes parecia prisão se dissolve, e percebemos que, ao voltar a navegar, não estamos à deriva, mas em harmonia com o pulsar do universo.

Esse deslizar pelas águas vivenciais nos lembra que a Vida não foi feita para ser estagnada; ela é feita para fluir, para vibrar, para seguir em direção ao que está por vir, de melhor.

Muitas vezes, acreditamos que perdoar é um ato de benevolência para com o outro – um presente que damos a quem nos feriu ou decepcionou.

Mas a verdade mais profunda é que o perdão é, antes de tudo, um presente para nós mesmos!!

Quando perdoamos – o outro, as circunstâncias e, acima de tudo, a nós mesmos – algo profundamente transformador acontece. Libertamos os pedaços de nossa alma que haviam ficado presos nos espinhos do sofrimento. Resgatamos as partes de nós que ainda choravam em profundo silêncio, esquecidas, mas esperavam, ansiosas, mesmo acorrentadas, pelo momento de serem libertas.

Pense nisso: cada vez que seguramos o rancor ou revivemos a mágoa, é como se permitíssemos que aquela ferida, já antiga, permanecesse aberta. Como um espinho não retirado, ela continua a nos ferir, em pequenos toques diários, mesmo que a origem já tenha se perdido no tempo.

Mas, ao perdoar, ao nos permitirmos soltar o passado na linha do tempo, rompemos esse ciclo de incompreensões que nos mantinha presos em um ontem que já não é mais.

Perdoar-se é aceitar que somos obras inacabadas – e que é exatamente isso que nos torna belos. Cada erro, cada acerto, cada queda, cada recomeço, é mais um tijolo na construção de quem estamos nos tornando.

Não há perfeição na jornada, mas há progresso!

A cada experiência é um tijolo que assentamos, não erguendo um muro que nos separa do passado, mas uma ponte que nos conecta com o futuro.

E então, percebemos: perdoar não é apenas um gesto… É um ato de criação…!

É a arte de transformar mágoas em asas, dores em lições, e feridas em cicatrizes que contam histórias de superação.

Perdoar-se é olhar para si mesmo com olhos brandos e, em vez de julgamento, oferecer ternura.

É estender a mão para a versão de nós que tropeçou e dizer: “Está tudo bem, você estava aprendendo.”

Ao final, o perdão nos faz voltar ao fluxo natural da Vida, onde cada passo é uma dança, e cada respiração, um renascimento…

Ele nos ensina que o sofrimento não é eterno, mas a liberdade que nasce dele pode ser!

E, nessa liberdade, encontramos a mais doce das verdades: a vida é uma obra de arte em execução – e nós somos tanto o artista quanto a tela.

E assim, ao soltar o peso que já não nos pertence, nos tornamos leves, abertos, apaixonados pela nova promessa.

Porque perdoar é um ato de amor, e o amor é o que nos dá asas para voar…!

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