Um sábio transmitia seus conhecimentos aos inúmeros interessados que se reuniam regularmente com ele.
No entanto, com o passar do tempo, o número de aprendizes foi decaindo, até restar somente um.
Foi quando o mestre lhe disse que prosseguiria com as aulas, desde que para um número maior de interessados.
O atento aprendiz, desejoso que o ensino continuasse, foi em busca dos que haviam abandonado o estudo, insistindo que voltassem. Sem sucesso.
Firme em seu propósito, pensou longamente e decidiu levar vários manequins. Uma loja de roupas emprestou-lhe alguns.
Chegou, distribuiu-os na sala de reunião e foi pedir ao sábio que retomasse os ensinos tão esperados.
Presente e refeito da inusitada surpresa, o mestre disse: São bonecos. Como você quer que eu ensine bonecos?
– Sim, isso mesmo, são apenas bonecos – respondeu o dedicado aprendiz. E acrescentou: – O são do mesmo modo que os outros alunos que se foram, mas que, mesmo quando aqui estavam, não passavam de bonecos, inanimados, alheios, distantes, “mortos”, sem interesse.
As suas aulas eram-lhes muito além do que queriam e podiam acompanhar, eram sérias e úteis demais para quem se embriaga com futilidades e só se ocupa em nada fazer.
No entanto, eu estou interessado nelas, apenas eu. Para que eu cresça, não posso depender de quem faz questão de permanecer em seus acanhados limites.
Vencido, convencido e sensibilizado, o mestre dele fez o aprendiz ideal que se tornou continuador das melhores experiências e divulgador da sabedoria vivencial.
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Uma simples metáfora, mas que tem muito a ver com os tempos atuais da sociedade.
A sociedade nada mais é do que o reflexo do comportamento de cada um dos seus cidadãos. O que vemos de extravagante, de conflitante, de degenerativo, de agressividade e violência no seio da humanidade, ou de conquistas, de glórias, de realizações positivas, é a materialidade do que maioria pensa, sente e, por conseguinte, age.
Novos tempos? Novo comportamento.
Mesmas atitudes, mesmos resultados.
Maus hábitos hoje, consequências infelicitadoras amanhã.
Deixando-se conduzir por manifestações habituais sem propósitos de engrandecimento e melhoria pessoal, quanto a valores existenciais fomentadores de bem-estar para si próprio e para os demais, repetem-se à exaustão, sem resultados positivos, os quefazeres que mantêm cada um no estágio em que se encontra, quase sempre desalentador, transtornante, quando não, depressivo.
São os hábitos mentais que dirigem nossas condutas, e toda programação existencial começa no pensamento. Devemos perceber que as nossas preferências mentais dão perfil aos padrões de nossos pensamentos, que sendo aplicados com frequência, passam a compor os alicerces do subconsciente. Na condição de já sabido e já aceito, formatam o inconsciente como hábitos, que balizam a conduta de cada um.
O desejo mental, prosseguindo insistentemente na sua realização, acaba por fazer parte integrante da própria natureza, por fixação automática.
Comportamento não deve apenas ser revisto, deve ser refeito, sempre que tido por devido.
Pelo momento-vida atual de cada um, conforme o estado psicoemocional e espiritual dominante, que é efeito, se pode aquilatar das causas geradoras, seguramente advindas de comportamentos anteriores, nascidas no mundo mental.
Nem sempre intencionalmente, mas, por certo, pensamentos sempre aceitos e acolhidos, alimentamos os painéis do subconsciente com o bem-estar, a alegria de viver, ou o pessimismo, a angústia, que, pela própria natureza humana, emergem, por sua vez, em dados momentos, predominando então na experiência humana cotidiana, como saúde ou doença, felicidade ou amargura.
Cada pessoa traz dentro de si seu próprio médico, afirma Albert Schweitzer, médico alemão, laureado em 1952 com o Prêmio Nobel da Paz.
Conforme a eleição dos tipos de ideias que se selecione, elabora-se o próprio programa de sucesso ou fracasso, de bem ou de mal-estar, de saúde ou de doença, pois, conforme seja a ideia, será o padrão vibratório de que esta se constitui, a qual irradia seu conteúdo psíquico para dentro e para fora de si próprio, desde o ato do simples pensar, até a sua consumação no sentir e no agir.
O pensamento é a semente da ação.
É secular o ensino e o repetimos com insistência, sempre que oportuno: Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo, com lecionado pelo príncipe Sidarta, o Buda.
Nos dias atuais, cada vez mais se enfatiza o essencial: Você quer saber como está seu corpo hoje? Lembre-se do que pensou ontem. Quer saber como estará seu corpo amanhã? Olhe seus pensamentos hoje!, conforme o médico Deepak Chopra, mundialmente aplaudido e versátil autor literário.
Pense a saúde, pense com saúde, pense pela saúde, pense acertadamente, pense bem e retamente.
Depois de amadurecida reflexão sobre si mesmo, em nome do equilíbrio emocional e da rearmonização do próprio ser, é chegado o momento de real identificação dos superiores objetivos da vida, que facultem estímulos para o prosseguimento da busca dessas conquistas que geram bem-estar duradouro, abdicando, por conseguinte, dos métodos equivocados e neurotizantes da existência, encontrando com essa prática novo vigor renovador. Com confiança em si mesmo e no porvir, usando o bom ânimo, a coragem na luta cotidiana, assumir a posição de aprendiz dedicado de uma vida saudável, e não de simples boneco inanimado, alheio ao mais importante para si próprio, como o da metáfora apresentada.
Dar à própria vida um enredo de satisfação e felicidade – e não de tragédias e dramas, nem fazendo dela uma simples comédia do cotidiano -, com comportamento de autenticidade, preferindo seguir uma linha direcional de coerentes atitudes perante a consciência agora desperta.
Conhecer e saber o melhor para a vida e seu verdadeiro sentido, e fazer segundo esse saber, é prática edificante, basilar para um Eu renovado, enriquecedor do Eu profundo.
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