Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo. – Leon Tolstói
Você já sentiu vontade de mudar sua história pessoal?
Já se deu conta de que pode assumir as rédeas de sua mente? Afinal, a mente é sua. Você é a mente.
Faça uma experiência: escolha três cores do seu agrado e pense em cada uma delas, uma de cada vez. E enquanto estiver com uma determinada cor na mente, dê-lhe maior ou menor brilho, tom mais ou menos intenso. Faça assim com todas as escolhidas.
Foi fácil, não é mesmo?
Por mais simples que tenha sido a experiência proposta, ela é o exato modo de como lidamos com a mente, ou deveríamos lidar. Escolher o que vamos pensar, controlar a ordem dos pensamentos, e dar-lhes, segundo a nossa vontade, maior ou menor brilho, maior ou menor intensidade.
Se podemos escolher, por que geralmente optamos por manter um certo pensamento de um certo acontecimento desagradável, deixando-o que se faça tão preponderante e que se imponha, não deixando outro pensamento aflorar, não dando trégua, chegando a tirar nosso apetite, nosso sono, nosso humor, nosso ânimo?
E pode se agravar. É quando passamos a “descarregar” nos outros o nosso descontentamento, como se todo mundo tivesse alguma coisa com isso.
Há pensamentos saudáveis e renovadores e há pensamentos que facultam doenças.
Não teremos nos arquivos da memória, outras lembranças boas, positivas, que venham a se contrapor a certas ideias perturbadoras, pelo uso da mesma vontade que lançamos mão para escolher cores e elaborarmos alterações nas mesmas ao bel prazer, em nossa experiência singela de há pouco?
Não teremos aspirações positivas para serem trazidas à mente, a fim de serem alimentadas por novos e oportunos pensamentos?
Eu sou quem eu sou hoje, por causa das escolhas que eu fiz ontem, conforme ensina Steven Covey, escritor estadunidense, autor do best-seller administrativo “Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”.
Precisamos responder para nós mesmos:
– É nesse contexto emocional oscilante, nesse mundo íntimo facilmente conturbável, nesse estado mental sobre o qual não tenho controle, que quero passar todos os dias futuros de minha vida?
– Sendo essa a minha história até o momento, não posso mudar os próximos capítulos?
Somos o que pensamos. Seremos o que sonhamos.
A única pessoa que você está destinado a se tornar é a pessoa que você decide ser, disse-nos Ralph Waldo Emerson (1803-1882), escritor, filósofo e poeta estadunidense.
A mudança de nossa história pessoal é perfeitamente possível e, de certo modo, já fazemos isso, visando esse ou aquele aspecto existencial de momento.
Objetivando um resultado futuro, mudamos hábitos alimentares, fazemos uso de um determinado medicamento, passamos a fazer exercícios físicos, ingressamos em novo curso acadêmico, passamos a residir em outra cidade.
Isso é intenção e busca de mudança de história pessoal!
Claro que consideramos que há quem busque mudar sua vida para pior, ao adentrar o caminho dos vícios, dos desregramentos pessoais gerais, da violência etc.
Falemos de luz, não de sombras. Até porque, a única maneira de pôr as sombras em retirada, é fazendo luz.
O homem precisa viver na alegre expectativa do melhor.
Concluindo que, consciente ou não, buscamos mudar nossa história pessoal, alterando esse ou aquele capítulo do livro da vida, por que então não lançar mão dessa nossa natural aptidão e fazermos um programa intencional objetivando resultados positivos previamente antevistos, sonhados?
Albert Einstein, físico teórico alemão que desenvolveu a teoria da relatividade geral, é um dos pilares da física moderna ao lado da mecânica quântica, registrou: O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma a este dia.
Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.
Somos seres humanos, e nosso existir se dá como indivíduos que somos, o que pede cuidemos de nós próprios, interagindo com sentimentos, com emoções, com a ética, com a religião; se dá como membros da sociedade, quando integramos a família, o trabalho, a vida social em geral, o lazer.
Nossas expectativas naturais de mudanças, se dão em pontos específicos e em cada época, dentro desse contexto maior a que chamamos vida existencial.
A principal missão do homem, na vida, é dar luz a si mesmo e tornar-se aquilo que ele é potencialmente, enaltece Erich Fromm, psicanalista, filósofo e sociólogo alemão.
Ser sábio consiste em saber que o pensamento governa todas as coisas, afirma Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático considerado o “Pai da dialética”.
É no grande palco dos pensamentos que vamos proceder ensaios mentais, focando a nossa meta pretendida.
A mente estabelece a imagem desejada, o pensamento dirige a energia e o resultado surgirá inevitavelmente sob a forma física. Não será instantâneo; pode levar algum tempo, dependendo da força da imagem e da clareza do foco mental, mas virá. O poder do pensamento carregado de energia é irresistível.
Lemos no Talmude:
Presta atenção em teus pensamentos, pois eles se tornarão palavras. Presta atenção em tuas palavras, pois elas se tornarão atos. Presta atenção em teus atos, pois eles se tornarão teus hábitos. Presta atenção em teus hábitos, pois eles se tornarão o teu caráter. Presta atenção em teu caráter, pois ele determinará o teu destino.
Ensaiar mentalmente uma proposta significa criá-la com precisão de detalhes, relacionados ao que desejamos obter, só que virtualmente, em nossa imaginação.
Confúcio – pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos – citou: Aquilo que escuto esqueço. Aquilo que vejo lembro. Aquilo que pratico realizo,
Imaginar é criar.
Mude seus pensamentos e você mudará seu mundo, segundo comenta Norman Vincent Peale, pastor e escritor americano de teorias sobre o pensamento positivo, considerado o doutor em “terapêutica espiritual”.
Mais tarde, depois de vários ensaios, quando ativarmos os caminhos neurais que usamos efetivamente para executar nossas ações no mundo real no cotidiano, as nossas novas propostas estarão ali impressas como foram imaginadas e ensaiadas com firmeza e determinação.
Essa ferramenta é um processo para enriquecer nossas criações mentais, sejam elas quais forem!
O ensaio mental é amplamente utilizado como técnica para melhoria da performance onde se venha atuar. Ou, muito apropriadamente, na área da doença x saúde.
Por exemplo, faz parte do treinamento de atletas de destaque, e não é de agora.
Michael Jordan é considerado um dos melhores – se não o melhor – jogadores de basquete de todos os tempos.
Orientado por seu técnico de então, Phil Jackson, Jordan dedicava horas de treino mental, visualizando os arremessos, treinando mentalmente suas ações.
Ayrton Senna, sob orientação técnica de Nuno Cobra, se dedicava ao que entre eles chamavam de “visualização criativa”. Senna imaginava-se já em plena ação, no melhor de sua forma física e mental, psicológica, técnica, para conseguir sempre andar no limite, tirando o máximo proveito de si mesmo e do carro.
Visão, ensaio mental e treinamento. É também o método adotado por Michael Phelps, grande campeão na natação, como ele próprio declara.
Ainda nos esportes temos, para exemplificar, dentre outros, Tiger Woods, Tom Brady, Lebron James.
Visualização e ensaio mental (em inglês, Visualization and Mental Rehearsal, ou VMR) é amplamente praticada no mundo.
A mensagem é simples: quer alcançar sua meta? Então pare de sorrir em frente ao espelho e vá preparar sua mente.
Os pensamentos fizeram você como você é e os seus pensamentos farão de você aquilo que você será daqui por diante, é a máxima adotada por Catherine Ponder, autora de vários livros do Novo Pensamento voltados principalmente para o tema da prosperidade.
Para isso devemos entender que ao iniciarmos o processo de ensaio mental, serenamente, temos que ter elaborado um plano de ação que facilitará nossa criação.
Esse plano deve seguir uma ordem, facilitando a execução do mesmo, assim que iniciemos os ensaios de nossos resultados, mentalmente.
É simples assim:
Comece pela sua Meta
Defina sua meta. Imaginando como alcançá-la, vendo-a em detalhes, tendo clareza e elencando o que deverá ser feito para alcançá-la ao longo de certo tempo.
Focalize o Processo, não o Resultado
Diferencie sonhar acordado de ensaiar mentalmente. Quando sonhamos focalizamos somente o resultado, mas quando ensaiamos mentalmente, nos mantemos focados no processo, no passo a passo. Meta é o último passo a ser alcançado à medida que nos esforçamos para executar o processo. Planeje e veja como o objetivo será atingido.
Seja Específico
Mais poderoso será seu ensaio quanto mais detalhes ele contiver. Cada passo dado, auxiliado pelas habilidades que possui em detalhar, mais fácil e completa será a conquista, o caminho da excelência.
Veja, Ouça e Sinta a Perfeição
Imaginando tudo como quer que aconteça, exercite sua capacidade de criar, antecipadamente vendo, ouvindo, sentindo o conteúdo de cada etapa, até o alcance da meta.
Utilize todos os Sentidos
Cada um de nós traz marcas próprias, que só mesmo nós podemos pensar e criar. Somos individualidades únicas. Caso esteja ensaiando algo novo, faça com que tenha seu perfil, que seja você, autêntico. Você é quem vai realizar, que vai dedicar seu trabalho para dar forma, conteúdo e vida, ao final. Nossos cinco sentidos são nossas janelas com o mundo.
Não há nada na nossa inteligência que não tenha passado pelos sentidos, conforme lição dada por Aristóteles, grande filósofo e pensador grego.
Relaxe
Quanto mais deseje que sua criação seja elaborada com perfeição, deixe que ela se torne mais intensa, livrando-a de tensões e preocupações, que só a limitariam.
Pratique
Finalmente, mais habilidoso do que antes, agora você passará a praticar, incansável e mentalmente, para que assim a perfeição da execução possa aparecer. Quanto mais ensaiar melhor.
A vantagem dessa técnica é que, ao criar uma situação em sua mente inúmeras vezes, você, na verdade, está ensaiando e se acostumando com todos os detalhes, nuances e imprevistos da realidade. Quando a hora da verdade chegar, você estará preparado.
Para trazer qualquer coisa à sua vida, imagine que ela já está lá, nos ensina Richard Bach, escritor de nacionalidade norte-americano, autor de “Fernão Capelo Gaivota”, dentre outros.
O ensaio mental, visualizando todo o processo, cada passo, funciona como um treinamento para atingir o quarto estágio do aprendizado, chamado de competência inconsciente. Um bom exemplo disso é quando se está dirigindo um carro. Você não pensa no que está fazendo; simplesmente age, pois todas as etapas do processo de dirigir já estão enraizadas no seu subconsciente.
Retomando Phelps como exemplo.
Charles Duhigg, no seu livro: “O Poder do Hábito”, conta como era a rotina de Phelps:
“Quando Phelps era adolescente, por exemplo, ao final de cada treino, Bowman – seu treinador – lhe dizia para ir para casa e assistir à fita de vídeo. ‘Assista antes de dormir e quando acordar’. A fita não era real. Na verdade, era uma visualização mental da prova de natação perfeita.
Toda noite antes de dormir e toda manhã logo ao acordar, Phelps se imaginava pulando dos blocos e, em câmera lenta, nadando impecavelmente. Visualizava suas braçadas, as paredes da piscina, suas viradas e o momento da chegada.
Imaginava o rastro na água atrás de seu corpo, a água pingando de seus lábios quando a boca vinha à tona, qual seria a sensação de arrancar a touca no final. Deitava na cama de olhos fechados e assistia à competição inteira, nos mínimos detalhes, inúmeras vezes, até que soubesse cada segundo de cor”.
Assim atuando, Phelps, tem, de antemão, em seu “banco de dados”, uma programação para cada um dos diferentes cenários que se apresentarem durante a prova. A vantagem disso para Phelps e para qualquer profissional ou pessoa que se fizer a mesma coisa? “A confiança de saber que há um plano para tudo”.
A técnica do ensaio mental consiste, basicamente, em criar uma imagem mental do comportamento que queremos mudar ou melhorar, e então criar um “filme” em sua mente, onde você visualiza a si mesmo executando perfeitamente cada etapa desse comportamento. Quanto maior o número de detalhes que você conseguir adicionar no seu filme, mais intenso e eficiente será o exercício. Mais marcante, consistente e transformador ele será.
Que um homem pode mudar a si mesmo e comandar seu próprio destino é a conclusão de toda mente que está desperta para o poder do pensamento certo.
Se você não tem uma visão de futuro, está condenado a viver eternamente a repetição de seu passado.
Se você quer realmente aumentar o seu desempenho em alguma atividade, ou está diante de um quadro de enfermidade, comece a praticar este exercício. Se possível, faça-o todos os dias ao acordar e antes de dormir.
Pratique em um ambiente tranquilo, onde nada vai te perturbar. Feche os olhos e respire fundo até atingir um estado de relaxamento. Depois, imagine a atividade que você quer desenvolver (como Phelps imaginava o nado perfeito).
Visualize a cena como se você estivesse vendo a si mesmo. Reconheça todos os detalhes que conseguir, a cor da parede, a textura da cadeira, o som ambiente, os aromas. Lembre-se, quanto mais detalhes, mais intensa será a experiência.
Deepak Chopra, escritor de renome mundial, autor de vários best sellers, médico indiano radicado nos Estados Unidos, formado em medicina pela Universidade de Nova Deli, também professor de Ayurveda, espiritualidade e medicina corpo–mente, sublinhou:
Você é como o intenso desejo que lhe impulsiona: Assim como é seu desejo, assim será sua vontade. Assim como é sua vontade, assim serão seus atos. Assim como são seus atos, assim será seu destino. Assim como é seu destino, assim será você.
É importante que você visualize todo o processo sendo executado com perfeição, do início ao fim.
Todos os nossos sonhos podem tornar-se realidade se tivermos a coragem de persegui-los, foi ensinado e demonstrado por Walt Disney, cujo nome dispensa apresentações.
Cabe-nos autoexame criterioso, profundo, zeloso, sem autoenganos, a fim de identificarmos com firmeza o que desejamos para nosso amanhã, escrevendo hoje um “script” de nossa história, focando aqueles aspectos que precisam de nova modelagem a fim de virem a ser os pilotis de sustentação de nosso ser renovado.
E ensaiando no palco da mente a dinâmica do êxito e para o êxito, readaptemos o “script” tantas vezes quantas necessárias, até chegarmos na visualização do formato final pretendido para nosso existir e proceder, e que nos traga satisfação pessoal, familiar e social.
A vida é um grande sistema, onde mexendo-se numa ponta, outras várias também se movimentam.
De nada adianta a visão unicista do futuro pretendido – como senhores do próprio destino – sem considerar que fazemos parte de um conjunto de vidas, e que a harmonia necessária para bem usufruir da conquista, precisa resultar do compartilhamento do existir com a existência que pulsa ao nosso lado e em nosso íntimo: pessoas, família, sociedade, Deus.
O Mestre Nazareno, há mais de dois mil anos, nos convidou à reflexão: De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar a sua vida?
Quando você posicionar sua mente no amanhã que vai chegar, por ser sua vontade, olhe-se para dentro e sinta se se sentirá bem lá; olhe ao seu derredor e observe se os seus amores, que deverão estar lá junto com você, também estarão se sentindo bem; feche os olhos e consulte o melhor lado do seu coração e registre o seu sentimento de então: estará então em paz com sua consciência e com a Consciência Superior a Tudo?
Se se sentir saudável, completo e em paz, você estará no lugar certo da sua história pessoal.
Escreveu Woody Allen, nome artístico de Allan Stewart Königsberg, cineasta, roteirista, escritor, ator e músico norte-americano: Interessa-me o futuro porque é o lugar onde vou passar o resto de minha vida.
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