O BENEFÍCIO DA REALIDADE

(criação bem elaborada de cada um de nós)

 

Escreveu Rumi – Maulana Jalaladim Maomé – poeta, jurista e teólogo sufi, persa, do século XIII:

Seja como o sol pela graça e misericórdia

Seja como a noite para cobrir as faltas dos outros

Seja como a água corrente pela generosidade

Seja como a morte para a raiva e o ódio

Seja como a terra pela modéstia

Pareça ser aquilo que você é

Seja aquilo que você parece ser.

*

Aprendemos a ler e a escrever, e, como o rompimento de um dique que represava um mundo inimaginável de informações, de conhecimentos e de conquistas, inundamo-nos com tudo isso, propiciando-nos a infinitude das conquistas para a mente e o coração.

Pegamos uma semente de laranja e a abrimos ao meio. O que vemos não tem nada que indique ali conter raízes, árvore e muitos frutos.

Com olhos que aprenderam a ver que do invisível vem tudo o que é visível, enxergamos ali que, não só tem tudo isso, com tem também um laranjal incalculável em quantidade e extensão e que tudo começará com a semente plantada e com o rompimento da fronteira que sua casca forma, com a germinação.

Toda sua inteireza está dentro de si mesma.

A semente inicial não se perde, transforma-se, integra-se no resultado e perpetua-se.

É o “nada” do interior da semente, que se faz infinito em manifestações.

Por nossa vez, romper fronteiras que nos limitam a existência, como do preconceito, do desconhecimento, do orgulho, da rotina, da ansiedade, da solidão, do egoísmo, da inveja, da lamentação, da culpa, da mágoa, do ressentimento, da falta de identidade, do estado de mesmismo, é a maneira de “sair da casca” rumo a infinitude de possibilidades com que a vida acena.

Romper com o pressuposto equivocado, por exemplo, de que nossos corpos funcionam de forma mecânica e do qual somos quais prisioneiros, sujeitos aos seus automatismos.

É no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão mente-corpo. Daí procede a necessidade da renovação dos ideais, criar valores de raiz.

Nosso estado emocional, nossos pensamentos, influenciam cada célula de nosso corpo, que está sob nosso controle mental, no sistema mente-corpo; mantermo-nos em estado indesejado é escolhermos prejuízo à modelagem da nossa fisiologia.

Se desejamos corpo são, vivamos mentalmente a saúde almejada.

É previsível a reação de surpresa e disposição de negação quando nos vemos como artífices de nosso próprio corpo, promotores da saúde ou da doença.

Cuidarmos com a interpretação dada aos acontecimentos, pois as impressões que nos permitirmos, podem levantar barreiras, obstáculos emocionais, medo, constrangimentos, timidez, ou, inversamente, facilitar o alcance de realizações felicitadoras.

A impressão causada pela queimadura de um dedo, por exemplo, está latente em nós, desde quando crianças e brincávamos com fósforos, ignorantes daquela dor, teimosos quanto as constantes recomendações de nossos pais para que tivéssemos cuidado.

Ou, uma outra constatação, que quase todos já ouvimos: a impressão que nos causou aquele encontro com aquela pessoa foi de tal intensidade, derrubou tantas barreiras, que nos casamos…

A impressão é evento registrado, onde a percepção, mais o menos apurada, lhe dá interpretação e significado.

Um mesmo evento visto por duas pessoas, terão significados distintos para cada um, mesmo quando há alguns pontos em comum.

Através da percepção, organizamos e interpretamos as nossas impressões sensoriais, e atribuímos significado ao nosso meio, nossa experiência.

Tudo depende de como olhamos as coisas, e não de como elas realmente são.

Percepção origina-se do […] latim (perceptio-onis), com o significado de fazer colheita, ato de adquirir, de aprender, de conhecer; ou, do verbo latino percipere, que se traduz por tomar, apoderar-se de algo, adquirir através ou por meio de.

Percepção, assim, pode ser conceituada como o ato, efeito ou capacidade de perceber alguma coisa.

A percepção auditiva, se mais sensível, perceberá nuances musicais em determinada sinfonia, e provoca fortes emoções, que alguém sem maior acuidade auditiva não perceberia em tal profundidade.

A percepção tem como principais características estimular maior atenção, aprimorar interpretação, despertar sensação.

O estudo da percepção distingue alguns tipos principais de percepção. Nos seres humanos, as formas mais desenvolvidas são a percepção visual e auditiva, pois durante muito tempo foram fundamentais à sobrevivência da espécie (A visão e a audição eram os sentidos mais utilizados na caça e na proteção contra predadores).

Também é por essa razão que as artes plásticas e a música foram as primeiras formas de arte a serem desenvolvidas por todas as civilizações, antes mesmo da invenção da escrita.

As demais formas de percepção, como a olfativa, gustativa e tátil, embora não associadas às necessidades básicas, têm importante papel na afetividade e na reprodução.

Além da percepção ligada aos cinco sentidos, os humanos também possuem capacidade de percepção temporal e espacial.

Fixados no campo das manifestações objetivas apenas, onde o mundo não existe além daquilo que conseguimos ver e tocar, estabelecemos bloqueio em nossa capacidade de ampliar os registros das percepções profundas, ao mesmo tempo sutis, da vida plena, que nos abrem as portas para captar o infinito campo das transcendentes causalidades.

O despertar da consciência abre-nos as percepções para a realidade de nós mesmos, o que somos e não o que aparentamos ser, e o consequente entendimento dos objetivos existenciais, da razão de existirmos.

A mente está acima da matéria.

Uma pequena abertura da percepção causa uma mudança da realidade.

Percebamos não apenas o Sol ou a Lua, dois polos que não são opostos, mas se complementam para formação do dia.

“Cá dentro” e “lá fora” de nós, o bem e o mal-estar, eu e os outros, são separações nascidas em nossa consciência e formam dualidades, fonte única do medo, pois sempre que precisamos enfrentar um dos lados, esse será desconhecido, e o temor marcará presença.

Ambos os lados da dualidade possuem seus valores, ambas são naturais e verdadeiras, mas fundem-se num todo.

Polo Sul e Polo Norte, particularidades geográficas de um todo chamado Terra. Ambos interdependentes, fundamentais na composição do planeta, a unidade que os contém.

Se olhamos somente um dos lados da dualidade, um nos parecerá real, e o outro, irreal. A realidade é que ambos os lados são reais ao mesmo tempo.

Aprendermos o caminho do meio, o ponto de equilíbrio, é empregar a inteligência em nosso favor.

Em uma corda puxada para cada lado, o ponto máximo de tensão é neutro. Qualquer deslocamento para um dos lados e sentiremos a força contrária em ação.

Metaforicamente, se cada polo, que é real, representa 100%, então nossa meta existencial é alcançar 200%, para ser completa.

Sem a diversidade da vida, não veremos a sua unidade proposital da Vida Maior.

Perceber a unidade é identificar o caminho do ilimitado em direção à Inteligência Cósmica.

Logo, os problemas estão no campo da diversidade, enquanto as soluções estão no campo da unidade, que é a grande síntese.

Com visão ampla, concluímos que a unidade é o atalho conhecido já “criado” em nosso entendimento, que devemos buscar a fim de caminharmos diretamente até a solução buscada, sem precisar “provar” cada um dos lados.

Trazer para o campo da unidade é aplicação prática da percepção sutilizada. A unidade está num campo além das ideias de certo e errado, de dia e de noite, de alto e de baixo. Nesse campo é que devemos nos encontrar; ali é que devemos nos reunir. É o campo da concordância.

A antiga tradição chinesa representa a perfeição desse equilíbrio no simbolismo do famoso círculo, metade Yang e outra Yin, que, ambos, manifestam a grandiosidade do conjunto harmônico.

A solução, desse modo, podemos asseverar, já está estruturada pela natureza em nossa consciência, morada do consenso. Aguarda que nos encaminhemos para ali.

Do mesmo modo quando olhamos um objeto e, inicialmente, vemos apenas a expressão de matéria sólida, fruto da força da aglutinação de suas moléculas, e, ao fazermos uso de potente microscópio, constataremos mudança nas aparências e detectaremos os espaços subatômicos, onde se movimentam as partículas; sob aspectos psicológicos, dá-se o mesmo em nós: ao desvestirmo-nos da máscara do Ego, encontraremos expressões inimaginadas da nossa realidade única, que somente lentes de alta sensibilidade da percepção profunda permitem identificar.

Dessas lentes de alcance profundo é que estamos convidados fazer uso de imediato.

Se nos permitirmos – por distração, desatenção ou escolha -, acabaremos envolvidos pelos estreitos e rígidos condicionamentos sociais, manipulados por quem “não entra no céu e não deixa ninguém entrar”, por quem vê solução desde que tudo fique como está.

Paulatinamente, sem cessar, devemos abandonar os velhos e arraigados hábitos, assumirmos as novas experiências que edifiquem e consolidem bem-estar, como solidariedade, fraternidade, tolerância e ação intencional na realização do progresso individual, familiar, social.

Esses grilhões devem ser rompidos. E já o são por aqueles que alcançamos a vitória da compreensão de que a vida não é o corpo, da mesma forma que a água não é o copo que a contém.

Almejamos dias melhores e começamos por dar-lhes formato desde agora.

Mente aberta, coração tranquilo, conceitos não constrangidos por inflexibilidades, são fatores do processo depurativo e libertário das faixas de estados agora indesejados para novos e saudáveis estados mentais e emocionais.

Consciência desperta é manifestação da maturidade psicológica do ser.

Como exemplo, há avanços significativos bem documentados que pessoas saudáveis, ao envelhecerem, não têm que se deteriorar como se fosse um fato consumado, contra o que nada se pode fazer.

Muitos dos sintomas senis, até então tidos como permanentes, hoje se demonstra serem reversíveis, com medidas práticas de alimentação apropriada, saída do isolamento e da solidão, da hidratação do corpo, de mudanças no ambiente físico e relacional da habitação e outros fatores.

A solidão não vem, necessariamente, de não ter pessoas ao redor, mas de ser incapaz de comunicar as coisas que pareçam importantes para si mesmo, o que leva a um autoisolamento, evidentemente prejudicial, sob todos os aspectos.

Também constatado em pesquisas sérias, bem documentadas, que a prática regular da meditação se faz preciosa fonte de revitalização orgânica, mental, emocional, e diminui sensivelmente a idade biológica.

Adotar estilo de vida com atitudes positivas, vigor e vivacidade mental, gosto da vida e desejo de viver, contribuem para o equilíbrio e facilitam a velhice.

No entanto, expandir a percepção, permitir-se o despertar e o desenvolvimento da consciência, sem medo de conhecimento do novo e de novas e salutares experiências, é a melhor resposta para estimular o aumento de tempo de vida.

Libertação de condicionamentos sociais e familiares em que os idosos se veem presos.

Derrubar fronteiras é alargar horizontes.

Ampliar os horizontes do discernimento e romper grilhões de atavismos castradores, que vivem quais terroristas internas que estão sempre interponde obstáculos aos bons e novos ideais, é ação libertária que trará constante força criadora e impulsionadora da evolução espiritual.

Demolir fronteiras não faz o mundo relativo desaparecer, mas lhe acrescenta uma outra dimensão de realidade.

Em cada átomo existe um mundo dentro de mundos.

Podemos modificar, esquecer e adquirir novas habilidades, a qualquer momento.

Mudar hábitos necessariamente não seja cômodo num primeiro momento, porém, é natural essa ocorrência, e todos temos essa experiência de vida, que se dá fruto de nosso empenho e foco.

Que seja agora a busca consciente, intencional, de novos e salutares hábitos.

Para situações novas, todavia, valorizemos o nosso poder de adaptação, que suplanta resistências às mudanças pretendidas.

O sistema mente-corpo, que somos nós, lança mão do mecanismo de homeostase (tendência biológica em manter o ambiente interno estável e relativamente constante) e trabalha com êxito o equilíbrio nesses novos e saudáveis níveis de funcionamento do organismo, quando alcançados.

O desejo comum de libertação de doenças e uma terceira idade saudável não é desproposital e encontra hoje recursos propiciadores de resultados cada dia mais interessantes.

A percepção ampliada é estado de consciência inerente a todos nós; é algo natural, cujo despertamento depende de nossa escolha e dedicação.

Não é um ponto final, uma meta, mas uma porta que se abre para novos níveis de experiências, mais completas, e leva-nos ao encontro da completude, da espiritualidade.

Mudar é lei da vida. Mudar para melhor, sempre e conscientemente, é opção de cada um.

A consciência vive num imutável contínuo de provocação, realização e absorção de mudanças que a vida apresenta, e expande-se, em progresso, junto com o fluxo da vida, rumo à uma Vida em abundância. Cada passo pede atenção e presença, insistência e persistência, esforço e sem tréguas.

Desencadear estados de consciência mais altos fará com que nos apercebamos de que infinidade, eternidade e transcendência são estados reais, que esperam por nós e já se encontram em nós, prontos para o despertamento e manifestação.

Todos possuímos o poder de criar realidade. De transmutar sentimentos servis em emoções sutis. De superar obstáculos e de superar-se.

Realidade que transparece as finalidades existenciais e nos leva a raciocinar em termo de vida plena, constante, de sabor eterno, num feliz autoencontro.

Vivemos num incessante despertar. Uma marcha ascensional desafiadora.

Devemos facilitar esse desiderato superior em nosso próprio benefício.

Então que seja realidade sem ilusão de fronteiras e de horizontes ilimitados que se abrem para o infinito, onde a palavra “ilimitado” não venha precedida de “se fosse”, e palavra “infinito” deixe de significar “indeterminado”, para significar a essência de nossa real natureza.

A balança da vida tem seus dois pratos, em que um contempla tudo o que é mutável, que devemos perseguir para que melhoremos em todos os aspectos, e o outro, o imutável, para reconhecermos e dedicarmos nossa reverência, respeito e aceitação de pertencimento ao Todo.

O grande desafio está na seleção de valores e comportamentos evolucionários.

Hoje é o dia. Agora é o momento para começarmos a grande e silenciosa mudança!

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