O panorama sociopolítico em várias regiões de nosso planeta não é dos mais alvissareiros, no que pese povos de outras regiões estarem vivendo em clima de harmonia.
Olhando-se para Oriente, encontramos povos em guerra, como na Síria e no Iêmen, além do terror que o chamado “Estado Islâmico” espalha em muitas direções. Além de guerras, há ameaça com a guerra, como a Coréia do Norte, de um lado, e os Estados Unidos da América do Norte, de outro.
Na África, os gritos que chegam também são da dor da violência, que grupos de verdugos cruéis implantam, como Boko Haram. Mas também o grito desesperado dos famintos, que vivem em condição de extrema miséria.
Se nossa visão se voltar para a Europa, encontramos uma população assustada pelos atentados terroristas, vitimando pessoas indiscriminadamente, planejados para impor medo e desordem. E humanisticamente devidos e necessários, há um crescente número de campos para refugiados que fugiram de zonas de conflito armado, somando milhões de pessoas, homens, mulheres, crianças…
Se olhamos para a América do Norte, vemos recrudescer a discriminação racial e das minorias, além de discurso de discórdia, de intolerância, de separativismo.
Se miramos o Paquistão, vamos nos deparar com a mortandade que tudo indica ser uma “limpeza étnica”.
Surge também a Rússia, com seus movimentos de expansão e anexação territorial, à força das armas, deixando rastros de sangue.
Se focamos a Venezuela, veremos um povo sufocado por um totalitarismo devastador, como um monstro imaginário que se alimentasse dos próprios filhos.
As regiões caribenhas varridas pelos furacões enfileirados e em prontidão para, cada um, avançar e disputar qual arrasa e causa maior destruição.
Se observamos o nosso Brasil, nos deparamos com a avassaladora onda de descaso, de desconsideração, de desrespeito, de falta de autoridade por parte dos governantes e certos membros do parlamento, que, alinhados com empresas e homens de negócios, fizeram da usurpação dos bens públicos o “único negócio”, levando populações e Estados à quase falência, ao desemprego, à desesperança, qual Hidra, a mitológica serpente de sete cabeças, que foi vencida por Hércules, mas que, em nossa realidade, continua devorando tudo por dentro das organizações, sem termos quem possa pará-la.
Em face dessas turbulências político-sociais todas, olhando para dentro de grande número de lares, nos diversos recantos da Terra Mãe, os olhares são de desencanto, em muitos, de revolta, em outro tanto, de atitudes insensatas nalguns, querendo contrapor olho por olho, dente por dente, e alguns poucos confiam e agem por melhorias.
Para um quadro desolador dessa magnitude, há a necessidade de encontrarmos uma grandeza magnânima correspondente em força e valor positivo, que abrigue os padecentes, que leve a silenciar os canhões, que nos ensine a amar a natureza, com quem aprendamos a eliminar o egoísmo e a ganância nos corações humanos, que nos estimule a semear os campos da vida com a semente da concórdia e da caridade, para que volte a brilhar o Sol da solidariedade e da tolerância, da segurança e do progresso, da saúde e do bem-estar geral, da harmonia e da esperança.
No entanto, enquanto aguardamos confiantes a resplandecência dessa Grande Luz em nossos corações – uma vez que ela está presente no mundo desde os tempos primeiros, aguardando apenas oportunidade de ser aceita por nós em nossa própria intimidade, a fim de iluminar nossos pensamentos e pacificar nossos corações -, precisamos e podemos desde agora reformular conceitos e comportamentos pessoais, familiares, sociais, em nosso próprio benefício, a fim de, no mínimo, suportarmos os reveses do cotidiano, sem sermos tragados pela tristeza e depressão.
Comecemos por compreender que de fato somos capazes de superar o pessimismo, a falta de autoestima, o medo, a depressão, a ansiedade e tudo o mais que nos esteja mantendo num profundo estado de insatisfação.
Mudemos os nossos pensamentos e raciocínios, direcionando-os para o êxito, no qual devemos acreditar, e, empenharmo-nos nessa conquista.
A simples mudança mental propicia uma visão diversa dos fatos e dos acontecimentos, mais favorável e benéfica.
Nos afastemos diariamente alguns minutos que sejam do bulício, do murmúrio das reclamações e penúrias, e nos entreguemos à reflexão amadurecida e à meditação ativa que nos leve a caminhar para dentro de nós mesmos, com destemor e franqueza.
E passemos a considerar alguns conceitos, valores e práticas existenciais, de há muito deixadas de lado, pela nossa dedicação quase que tresvairada à cata do que não temos, esquecendo e desprezando o que já temos, sem quase nunca cogitar da grande e substancial diferença entre o TER e o SER, esquecendo-nos de ser gente e de sentir como gente que somos.
Enquanto a obediência é o consentimento da razão, a resignação é consentimento, a concordância, do coração.
A resignação nos remete à resiliência, que é essa capacidade a ser exercitada com empenho, em sermos mais flexíveis quanto aos caminhos, oportunidades, exigências e escolhas que a vida nos enseja, abrindo os nossos olhos a fim de encontrarmos novas saídas, nos permitindo pensar diferente. Até porque, se fazendo sempre igual, não teremos resultados diferentes.
Quanto à resiliência, nos diz Lao Tsé: O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos.
Certos obstáculos pedem, como enfrentamento, serem desviados, para que alcancemos o objetivo maior.
E as perdas, esperadas ou inesperadas, são as que pedem a nossa resignação, para nos mantermos em marcha, mesmo que com joelhos desconjuntados e pés feridos.
Numa longa jornada por um deserto, sabendo que encontraremos mais adiante o esperado oásis, mas estando com mochila onde guardamos pertences importantes, e seu peso esteja nos sobrecarregando a tal ponto que poderá nos levar a perecer antes da chegada, o que valerá mais: alguns pertences da mochila a serem deixados para trás, ou a dedicar todo emprenho e sacrificar todos os recursos pela própria sobrevivência até a chegada o ponto salvador?
A vida é feita de escolhas. E sempre onde houver escolhas a serem feitas, haverá perdas.
Porém, a mesma figura da caminhada no deserto, nos dá imagem apropriada para entendimento de que uma escolha que se faz – e supõe-se que a façamos conscientemente, pois uma escolha pede discernimento, e discernimento é ato da razão – obedece a uma estratégia delineada.
No caso do deserto e a eminente exaustão de forças, a estratégia foi a de esvaziarmos a mochila de alguns pertences, a fim de facilitar nossa caminhada até o oásis esperado.
Os nossos dias nos pedem constantes traçados de estratégias, desde a escolha da roupa, pela manhã, em face do clima do momento e das previsões para o restante do dia, passando por deliberações no trânsito, por decisões no trabalho, por conversas com clientes, pelos assuntos familiares pendentes.
Estratégia é uma arte de utilizar os meios de que se dispõe para conseguir alcançar certos objetivos, planejando ações, medidas, tendo em conta todas as variáveis possíveis.
Não nos é difícil concluir que uma acertada estratégia nos pede acentuado e acurado foco, atenção, no entorno e em nós mesmos, para que melhor identifiquemos as variáveis que precisam ser consideradas em cada caso, as necessidades a serem supridas, antes, durante e até o final da empresa.
E não há como levantarmos a importância capital de dedicarmos atenção, foco, sem falarmos de disciplina.
Disciplina mental, equilíbrio emocional, disciplina comportamental, uma vez que a disciplina, amplamente entendida, forja temperamento persistente, continuador, fazedor, mantenedor de foco e determinação, requisito básico para quem tem certo objetivo, ou objetivos, em mente.
Alice, no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, na passagem que segue, simboliza o qualquer caminho para se chegar a qualquer lugar, para quem qualquer coisa está bem:
– Pode me dizer, por favor, que caminho devo pegar?
– Depende de para onde você quer ir, disse o gato.
– Não me importa onde…, disse Alice
– Então não importa o caminho que você pegue, respondeu o gato.
Suponhamos ser nossa meta alcançarmos a margem oposta de um rio, para o que pegamos um barco a remo, e começamos a remar na direção desejada. Alguns metros rio a dentro e notamos que a correnteza está nos levando para outra direção, o que nos pede mais empenho nas remadas, melhor direcionando o barco. Mas um pequeno banco de areia exige que desviemos momentaneamente a rota, a fim de, contornado o possível encalhadouro, refazermos nossa rota. E assim, de ajuste em ajuste, acabamos alcançando a outra margem.
Isso é o que chamamos de feedback. Nesse caso a resposta de nossas próprias experiências exercitadas na atual jornada, que nos permite analisar os resultados obtidos e compará-los com o que fazíamos antes, elaborando assim uma nova atitude carregada de maior assertividade. Saber onde quer chegar e com observação constante, avaliar o rumo e fazer os ajustes necessários na caminhada.
Fazer ajustes, revisar rumos, contornar obstáculos, improvisar providências, nada mais é do que flexibilidade.
Até aqui, podemos considerar que para que alcancemos um determinado objetivo, flexibilidade deve fazer parte importante da nossa capacidade pessoal de assumirmos a direção de nossa mente e de nossas emoções.
E o óbvio, em se tratando ainda de objetivo, é que ele seja resultado de nossa habilidade de antevisão do resultado desejado. Termos visão de futuro. Enxergarmos para além da curva, por detrás do horizonte.
E uma antevisão é fruto de sonho.
Sonhos e desejos. São diferentes. Desejos são intenções frágeis; sonhos são projetos elaborados com critério e responsabilidade.
Sonho assim, podemos muito bem chamá-lo de ideal de vida.
Nada impede que em nossa vida tenhamos mais de um ideal.
Entretanto, cada ideal há de ser a nossa mais elevada aspiração. Suficientemente consistente e forte, constante e permanente, direcionado e trabalhado, que nos dê força e coragem para por ele lutarmos nossas mais nobres batalhas, dedicarmos os nossos melhores esforços, chorarmos nossas mais sofridas lágrimas, sorrirmos os nossos mais alegres sorrisos, caminharmos com os mais decididos passos.
Aqueles que se deixam dominar pelo egoísmo e orgulho, deixando-os reger suas vidas, moralmente são cegos, surdos, mudos e paralíticos, alheios aos reais valores humanos, ignorando o sentido da vida. O mundo destes não seja o nosso.
Ideais de vida, nobres, assertivos, fortalecidos em moral superior, é que poderão neutralizar qualquer revolta diante do contexto que estejamos a viver, por mais difícil e complexo possa esse parecer. Não se cogita aqui de insensibilidade, de não sentir indignação que os atos insanos de alguns vêm provocando em muitos. Mas que nosso ideal – idealizado e forjado para ser o nosso melhor e o melhor para nós, residente nas entranhas de nosso coração – seja verdadeiro para se contrapor e anular qualquer revolta, pois ela seria insensata, uma vez advindo de uma consciência livre que se empenha na construção de caminhos novos para soluções novas, caminhando ao encontro do bem-estar pessoal e dos seus entres queridos, sem deixar de contribuir para que o mundo em si mesmo seja melhor.
Nossos ideais de vida devem caminhar por sobre qualquer mesquinhez do mundo, não se deixando abalar por nada nem por ninguém.
Não basta não concordar com o que mentes insanas estejam espalhando, precisamos opor férreo obstáculo, largo e profundo dique, de modo a que o mar de lama dos malfeitos não adentre a nossa mente, nossos corações, nosso lar.
O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons, alertou-nos Martin Luther King.
Contra a sombra, só a luz será vencedora.
Contra a imoralidade, somente uma vida rica de valores morais pode fazer frente.
Contra a violência, somente a paz e o pacifismo podem anulá-la.
Contra a hipocrisia, a autenticidade.
Contra o egoísmo, a altruísmo.
Contra o orgulho, a humildade.
Contra os indignos, a nossa dignidade os fará bater em retirada.
Toda força que não é unida, é fraca.
Uma vírgula pode mudar uma frase; também uma simples atitude pode mudar uma história.
Uma fagulha pode atear um incêndio.
Uma gota de bálsamo suaviza a aflição.
Uma palavra sábia guia uma vida.
Unamo-nos em favor de dias melhores, fazendo do nosso dia de hoje a grande oportunidade para iniciarmos nossa remodelagem de conceitos, de valores, de comportamentos, os quais façam a diferença de que tanto precisamos para nossas vidas, para nossas famílias, para o mundo.
O Mestre ensinou-nos: Tenho-lhes dito isto, para que em mim tenham paz; no mundo terão aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.
A resignação é necessária como contraponto das perdas, perdas decorrem das escolhas, escolhas traçam a estratégia, estratégia se apoia no foco, foco se alimenta da disciplina, disciplina é pré-requisito para se alcançar objetivos, objetivo é o que é antevisto, e a antevisão é a conformação do sonho, que o ideal de vida desperta e impulsiona. E é o ideal de vida, e somente ele, superior que é, que neutraliza revoltas insensatas diante da insensatez atual que descolore o mundo.
Revejamos nossos ideais de vida, se for o caso… e vençamos o mundo também!
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