Somente a partir do coração você pode tocar o céu. – Rumi
Atitude de esperançar, ir em busca, ir atrás, mover-se em direção a, é esperança. Esperar, indicando imobilidade, nada fazer, não tem nada a ver com esperança.
As experiências da vida produzem esperanças novas, à medida que cada feito significa alteração nas condições pessoais em um dado momento, tanto daquelas que precisam de reformulação para melhorar, como daquelas que já estão permitindo avanços, conquistas.
Por sua vez, é a perseverança a geratriz das experiências que se multiplicam. Sim, a partir da constância, do afinco em repetir quantas vezes sejam as necessárias até se conseguir o desejado, produz experiência de como não fazer, quando não deu certo, ou de como fazer, se se está tendo resultado satisfatório.
Thomas Edison, um dos maiores inventores de todos os tempos, asseverou: Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais seguro para o sucesso é sempre tentar apenas uma vez mais.
E é ele que também nos diz: Tudo vem para àquele que é ativo enquanto espera.
No entanto, só perseveraremos na busca de alguma coisa, se soubermos o que buscamos, e acreditamos que será bom e nos satisfará, com tal intensidade que o desejo se faça tão forte que desperte a nossa vontade, força gigante que, em boa parte da nossa vida, jaz adormecida, narcotizada pelo mesmismo que acatamos como modelo existencial.
Ainda Thomas Edison é quem nos repassa a sabedoria da experiência e da perseverança, de quem sabe o que busca: De fato, não fracassei ao tentar, cerca de 10.000 vezes, desenvolver um acumulador. Simplesmente, encontrei 10.000 maneiras que não funcionam.
A genialidade sensata de Albert Einstein assim se refere à vontade: Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica: a vontade.
Não falta esperança em ninguém. Há falta do que se buscar que valha a pena.
A esperança é da essência do ser humano. Está radicada em nós. Para que seja desperta, basta que algo ou alguma coisa, ou alguém, toque a sensibilidade de nosso desejo, e este, se ardente o suficiente, incendiará os nossos sentidos amortecidos, envolvendo-os com o calor da vontade e colocando-os alertas e predispostos à ação.
Fica evidente que se repetindo os pensamentos, trilhando-se os mesmos caminhos, sempre os mesmos quefazeres, os mesmos assuntos, a mesma rotina, a imaginação fica em stand by, os sentidos registram apenas o mais do mesmo, o conhecimento não é exigido em nada diferente, os desejos estão atendidos, ou resolutamente deixados de lado, por não terem sido alcançados em uma tentativa anterior.
Caminhamos sem irmos adiante.
É a imagem da existência sem vida.
De vida sem vivacidade.
De vivacidade sem vigor.
De vigor sem tônus vital.
De tônus vital sem vitalidade.
E vitalidade pede alimentação própria, constante, ou perecerá irremediavelmente.
A inanição da vitalidade nos põe num estado de amolentamento, que é mórbido. Foco de proliferação dos miasmas do pessimismo, da tristeza, da depressão.
Em casos assim, a mente e o coração, figuradamente, aparentam quarto sem janela e sem luz.
Quadro como esse pede medidas urgentes para mudanças efetivas do pensar, do sentir e do agir.
Diz-se que Goethe, quando em seu leito de quase morte, lhe foi perguntado o que ele desejava naquele momento. Ele teria respondido: mais luz!
Refletindo sobre isso, podemos extrair como lição o pedido de mais luz como um simples abrir das cortinas para a entrada da claridade no quarto, ou ainda, para iluminar sua mente e seu coração diante do momento extremo, ou também mais luz de entendimento e compreensão para os que o atendiam, e, claro, luz da sabedoria para a humanidade, que ele tanto contribuiu para isso em sua existência.
De todo modo, o que ele pediu a nós nos é muito próprio: deixemos a luz entrar em nossas vidas.
Novos rumos. Novos horizontes. Novos projetos e novas razões para existir. Novas descobertas. Novas realizações. Novos sacrifícios e até novos sofrimentos, pois isso mexerá com os sentidos, exigindo-lhes novos registros.
Imaginar é criar.
A gente todos os dias arruma os cabelos: por que não o coração?, recita Provérbio Chinês.
O mundo sofre os estertores da fome, do frio, das agruras das guerras, dos preconceitos, da ausência da ética, da violência, da promiscuidade, do profano tomando o lugar do sagrado, das doenças, da falta de acesso aos recursos da saúde, da miséria material e moral.
Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: Amor no coração e sorriso nos lábios, enaltece o grande humanista, pastor e ativista dos direitos humanos, Martin Luther King.
Por mais nos sintamos desalentados, saiamos de nós mesmos, indo ao encontro das carestias do próximo, sendo para eles a esperança por eles acalentada, as mãos que irão descortinar as janelas da alma para que adentre a luz trazida pela solidariedade, pela fraternidade, pela magnanimidade.
Eles voltando a acreditar na vida, nos levarão juntos para os seus melhores sonhos.
Rumi, o grande poeta e teólogo sufi que viveu na Anatólia (atual Turquia), no século XIII, conclama: Seja uma lâmpada, um bote salva-vidas, ou uma escada. Ajude a alma de alguém a se curar. Saia de sua casa como se fosse um messias.
O suor no trabalho solidário será o veículo que extrairá do secreto de nosso corpo, força e ânimo renovadores, pondo-nos para fora de nosso quarto escuro e colocando-nos novamente em pé perante a vida de todos os instantes e de todos os lugares, pois somente em pé é que poderemos divisar horizontes mais distantes, mas não tão longe que não possam ser alcançados por nós.
E o que se vê, já não será mais motivo de esperança, pois já está ali, já chegou.
Basta um desejo!
Ele provocará irresistivelmente à vontade.
E a vontade, conduzida por uma mente lúcida e determinada, é qual uma robusta locomotiva, capaz de viajar distâncias puxando os vagões carregados de coisas e pessoas que, naquele momento, temos como importantes para que viagem conosco pelas estradas da vida, “segundo o mapa de nossos sonhos”, e juntos alcancemos o melhor destino traçado, onde, ainda juntos, possamos desfrutar da tão almejada paz, que nada mais é do que o estado d’alma daquele que realizou e realizou-se com o bem-estar que distribuiu e usufruiu. Daquele que soube distinguir a significativa diferença entre o viver bem e o bem viver, e alcançou a harmonia. É a plenitude que se sente quando se vê integrado com tudo e com todos, pertencendo à Unidade Cósmica do amor, em sua mais sublime e realizadora expressão.
Vamos lá, gritemos silenciosamente, porém tão alto, que nosso coração escute e bata forte e acelerado: mais luz!
Nos tempos recuados da história da humanidade nascente, foi dito: Faça-se a luz! E a luz se fez…
Segundo Martin Luther King, quando os nossos dias se tornarem obscurecidos por nuvens negras e baixas, quando as nossas noites forem mais negras do que mil noites, lembremo-nos que no universo há um grande e benigno poder, que é capaz de abrir caminho onde não há caminho, de transformar o ontem sombrio num luminoso amanhã.
Nossa certeza de um amanhã luminoso, seja para nós, hoje, a esperança, do verbo esperançar.
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