Conceitualmente, expandir é crescer em todas as direções, como faz o ar quando soprado dentro de um balão.
Enquanto o rio se alarga e espraia-se pelo vale, o vapor que dele exala toma, ao expandir-se, todo o derredor, para qualquer lado que se olhe.
A expansão olha tanto na linha horizontal, rasa, do dia a dia, do que se tem para ser feito, do comum das coisas, como também se entrosa com a linha ascendente – vertical – que dá significação a cada feito, aquilo que faz a diferença, e forma o devido conjunto das coisas. Como se um olho estivesse na terra e o outro no céu, juntos enxergando o mundo.
Sem maior dedicação sobre o viver, se pode ter até a grandeza de um lago em conhecimentos variados, mas manteria a profundidade de um pires na compreensão de cada assunto ou questão magna.
Vê-se um pequeno ponto vermelho num grande lençol estendido, e não se atenta nem ao lençol, nem ao seu grande tamanho em comparação ao ponto que damos destaque, e nele nos fixamos, perdendo a amplitude do todo, pelo detalhe que nos distrai.
Uma coisa é ver a claridade do sol, outra é saber dos seus raios e da composição multicolorida do branco raio de luz.
Há quem veja o branco raio de luz e se contente. Há quem deseje e veja além, sob um novo prisma, todo o arco-íris decorrente da decomposição da luz, todo o seu espectro.
Na vida, tanto em sua amplitude e significação, quanto nos detalhes de cada dia, há quem passe por ela distraído e satisfeito por estar vivo.
Outros não!
Vivenciam cada momento-vida, dão-lhe vivacidade e colorido existencial, imprimem significação em cada gesto, cada palavra, cada pensamento.
Sentem-se vivos!
A luz está. Quando é buscada, ela é.
A vida, com sua abundância, está presente a cada instante. É momento de despertamento! Ao buscarmos ou reconhecermos a manifestação da vida em melhor significado, ela se faz especial, valorizada, pois sempre foi. Porém, a vida já vinha manifestada em amplo espectro. Nossa distração não a reconhecia.
Cabe a cada um de nós termos olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Despertar para a vida é passo inicial e essencial. Aprender a viver bem é resultado do esforço pela expansão da consciência.
Em outro artigo nosso já publicado (O Conhecimento e a Chave), escrevemos: “Aprendemos que a alimentação é a promotora da riqueza ou da pobreza do que nutrirá nossa corrente sanguínea, que, por sua vez, levará a todos os nossos órgãos, a todo o nosso corpo, o seu conteúdo – rico ou pobre em vitaminais, sais minerais etc. – e concluímos que a qualidade, a combinação e a quantidade de cada alimento é essencial para termos saúde.
“Facilmente aceitaremos a afirmativa de Hipócrates, considerado “pai da medicina”: Que a comida seja teu alimento e o alimento tua medicina.”
Para efeito de raciocínio:
Despertar da consciência: a comida seja teu alimento.
Expansão da consciência: o alimento (seja) tua medicina.
De uma citação à outra há um diferencial qualitativo que configura – fruto da expansão e aprofundamento do conhecimento – novo significado à mesma prática, quando o alimento transcende o simples saciar da fome, e passa a ser, agora por escolha consciente e prática intencional, uma alimentação que nutra e seja saudável.
Também lá, no mesmo artigo citado, nos referimos a respiração, que vai muito além, como função essencial à vida que é, do simples inspirar e expirar. Do mesmo modo que há maneira certa para se levantar e carregar pesos, respirar pede conhecimento aprofundado e qualificação para melhor prática, aprendendo que podemos chegar à excelência respiratória. Voltaremos a falar sobre isso em outro artigo, com mais informações.
Pensemos nesses exemplos:
– Reconheço que sou membro de uma família. Isso é consciência desperta.
Estou por aprender, a cada instante, a amar meus familiares muito mais. Isso é expansão da consciência.
– Vivo em sociedade. Isso é despertar da consciência.
Me empenho em ser solidário em tudo e com todos. Isso é consciência em expansão.
-Eu sou um indivíduo e devo a mim mesmo zelo e responsabilidade. Isso é despertamento da consciência.
O meu próximo faz parte da minha vida, para quem eu devo fraternidade e relação harmônica. Isso é a consciência a crescer em todas as direções, em franca expansão.
-Eu vivo e dou importância à vida. Isso é consciência desperta.
A vida é mais do que estar vivo; sinto-me pertencente a uma vida que transcende o viver, numa jornada que não termina no fim. Isso é a consciência a tocar o infinito, fruto da reflexão amadurecida, ao expandir-se na verticalidade do bem viver, que vai para além da curva da existência e acima do horizonte comum.
Não se trata de diferença entre uma e outra atitude ou entendimento, mas, comparativamente, de transição ascensional de níveis dentro de um todo em desenvolvimento:
– Consciência, a manifestação do autodescobrimento.
Evolução existencial é lei da vida. Realizá-la é resultante de escolhas assertivas, insistência na sua edificação, persistência no seu alcance.
O significado das coisas não está nas coisas em si, mas sim em nossa intenção e nossa atitude com relação a elas.
A fé é o conhecimento do significado da vida humana, conceito bem anotado por Leon Tolstói, escritor russo, amplamente reconhecido como um dos maiores de todos os tempos.
Tracemos para nós propósitos evolucionários, inovadores, formadores de um novo ser.
Apliquemo-nos a fazer coisas que os que fracassam não gostam de fazer. As mudanças de paradigmas pedem ações inovadoras, intensas. Mesmo que algumas coisas inicialmente não nos agradem fazer, mas esse “não gostar” seja dominado pela força do nosso propósito renovador, do nosso novo ideal de vida.
Decoremos nossa alma, não com uma beleza emprestada, mas com uma própria, aquela que nós mesmos idealizamos e desenvolvemos, ao fazermos uso dos recursos do autocontrole, da bondade, da coragem, da generosidade e da verdade.
O inconfundível Albert Einstein afirmava: Imaginar é mais importante que saber, pois o conhecimento é limitado enquanto a imaginação abraça o Universo.
Ele questionava: alguns homens veem as coisas como são, e dizem: Por quê? Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo: Por que não?
Quais sonhos sonhados, ele comentava ter experiências do tipo “eu sou tudo”, que chamava de auto-expansão, que resultava transcender o fluxo normal do tempo e os limites normais do espaço. Ele dizia não sair do rio do tempo, exceto mentalmente. Eram experiências onde não havia “nem evolução nem destino, só Ser”.
Desde a infância, ele tinha uma capacidade notável de conceber problemas complicados. Assim que definia uma imagem mental para o problema, Einstein procurava uma solução que fosse igualmente intuitiva e arrematava: Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio – e eis que a verdade se me revela.
O que faz das soluções de Einstein fascinantes é quanto de imaginação estava envolvido.
Ludwig van Beethoven, um dos mais notáveis musicistas do mundo, tinha suas músicas inteiras na mente, ali ouvindo-as, somente depois as colocava na partitura, e o fazia com muita dificuldade pois o imanifesto era mais sublime que o manifesto. O sonhado era superior ao que ele conseguia reproduzir na realidade tangível para os homens.
Falamos aqui de alma como aquela parte de nós onde se encontram a intuição, a imaginação, a intenção, o propósito, a vontade, a compreensão, o conhecimento, a sabedoria, a inspiração, a inteligência, a criatividade.
Curioso que dizemos que jamais moraríamos com um estranho, mas a maioria vivemos com um estranho: nós mesmos.
Todos podemos e devemos trabalhar pelo autodescobrimento, expandir a consciência a cada instante.
Se não for assim, seguiremos a passar o tempo com outras pessoas e nunca em nossa própria companhia, afinal, pouco nos autoconhecemos e conhecemos quase nada das razões do próprio viver.
Olharemos no espelho e não nos reconheceremos. Caminharemos pela vida sem saber onde venhamos estar e porquê estamos, nem para onde estaremos indo.
Diz-nos Viktor Frankl, neuropsiquiatra austríaco e fundador da terceira escola vienense de psicoterapia: Quem tem um ‘porquê’ enfrenta qualquer ‘como’.
Enquanto não formos nossa melhor companhia e ela não nos bastar plenamente, não existirá raciocínio lógico que consiga nos inspirar a ter nossa intenção e vontade rumo a melhoria de nosso íntimo.
Despertar da consciência é acordar para a vida. Expandir a consciência é enriquecer a vida.
Enriquecimento que nos leva a flutuar por sobre o sonho que acalenta não só o coração, mas também inunda a mente!
O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã, é recomendação do célebre Leonardo da Vinci.
*
Recita-nos Rabindranath Tagore:
Sonhei que sonhava…
Tudo era, então, risonho e doce encantamento, onde a dor e o sofrimento, a tristeza e a maldade se diluíam, quais bolas de sabão ao sabor do vento em primavera cantarolante.
Os rios encachoeirados douravam-se sob os raios de permanente luz, e os homens, em bandos gárrulos, exaltavam o amor.
Havia, em toda parte, a fraternidade sem suspeita e o serviço sem remuneração.
A poesia do bem recitava os versos de enternecimento, com que as criaturas melhor se entendiam e completavam.
Recordei-me da guerra e do ódio, das pestes e dos suplícios, mas ninguém me pode responder, quando interroguei os felizes habitantes desse paraíso.
Todos eram jovens e sábios com a idade dos tempos vencidos, além dos tempos a vencer…
Nem sombra ou mácula encontrei em parte alguma e dei-me conta de que as claridades que fulguravam em todo lugar, nasciam em toda parte, sem extinguir-se em noite de triunfo mentiroso.
Sonhei que sonhava com o porvir, quando o Carro do Rei da Juventude e da Paz rasgara a estrada do infinito no rumo do sem-fim.
Amado Rei, por quem anelo, sempre sonhei Contigo, porém, hoje sonhei que sonhava.
… A Realidade chegou e despertou-me, dizendo-me, em canção de esperança: ama e aguarda! Amanhã já não sonharás, porque o teu sonho já será.
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