Se for separada uma sala vazia e deixado a disposição móveis e objetos decorativos, pedindo-se a três pessoas diferentes que, uma de cada vez, arrume a sala como queira, por certo, ao final, teremos três ambientes distintos, pois cada pessoa tem sua visão e gosto próprios.
Uma empresa guarda o seu arranjo conforme o olho do seu dono, seja ele uma só pessoa ou várias, que, neste caso, juntos, formarão um modelo comum.
As pessoas (colaboradores) são então reunidas para que cada uma execute uma parte do conjunto das ações, quando o dono já não consegue fazê-las sozinho, as quais, ao final, devem produzir o resultado desejado para a empresa, no modelo que o dono concebeu e segundo seu arranjo dos componentes.
Passadas as eras da civilização: a Era do Caçador e do Coletor; a Era Agrícola; chegou-se a Era Industrial, quando as máquinas e a automação geraram um louvável e fantástico salto quantitativo na produção, alargando horizontes.
A Era Industrial surgiu e gerou demanda para uma nova disposição mental, capaz de abarcar as novas variáveis do negócio, inclusive a de fazer por donde as pessoas aprendessem o funcionamento das máquinas, sujeitando-se a elas, bem como subordinando-se à voz inflexível de comando, alinhando máquina, operação e sua manutenção. A máquina passou a ser estrela da festa.
Nessa Era, os principais ativos e fatores de impulsão do crescimento eram as máquinas e o capital. O trabalho estava circunscrito às máquinas, sendo as pessoas necessárias, porém coadjuvantes, substituíveis como as peças das máquinas também o eram. Ou seja, a pessoa era uma coisa que não precisava e nem devia pensar, apenas obedecer e fazer o que lhes fosse ordenado.
Caminhando pela senda evolutiva, a fila anda, e hoje se apresenta a Era da Informação e do Conhecimento.
A sofisticação dos equipamentos de produção conduziu a visão e esforço criativo para a transcendência da frieza e materialidade do aço, em direção a virtualidade e a imponderabilidade dos bits, dependendo apenas de um sistema binário; dominando-se dois fatores: 0 e 1 (ou os fatores 0 e 1 dominando o sistema?), domina-se o mundo das fábricas, das máquinas, do comportamento humano. E exige-se nesse universo desvendado, uma nova ordem de ideias, uma novíssima disposição mental.
E aqui surge um sério nó górdio para os empresários que ainda se situam na Era Industrial: ou permanecem atados ao modelo autocrático e imperativo, onde o “eu sou o comandante” é a exclusiva bússola e o leme condutivo, onde ninguém precisa pensar, apenas obedecer, ou desfazem o nó, que deve começar a ser desatado em seu mundo mental e emocional, pois é ali que ele está trançado, e adotam a postura de alguém que faz parte integrante de um sistema, onde o trabalhador manual desparece para levantar-se o trabalhador do conhecimento, ou desaparecerão juntamente com suas máquinas enferrujadas e modelo gerencial ultrapassado no tempo, na forma e no conteúdo.
Para ilustrar, nó górdio é uma lenda que envolve o rei da Frígia (Ásia Menor) e Alexandre, o Grande. É comumente usada como metáfora de um problema insolúvel (desatando um nó impossível) resolvido facilmente por ardil astuto ou por “pensar fora da caixa”.
Conta-se que o rei da Frígia (Ásia Menor) morreu sem deixar herdeiro e que, ao ser consultado, o Oráculo anunciou que o sucessor chegaria à cidade num carro de bois. A profecia foi cumprida por um camponês, de nome Górdio, que foi coroado. Para não esquecer de seu passado humilde ele colocou a carroça, com a qual ganhou a coroa, no templo de Zeus. E a amarrou com um enorme nó a uma coluna. O nó era, na prática, impossível de desatar e por isso ficou famoso.
Górdio reinou por muito tempo e quando morreu, seu filho Midas assumiu o trono. Midas expandiu o império, mas não deixou herdeiros. O Oráculo foi ouvido novamente e declarou que quem desatasse o nó de Górdio dominaria todo o mundo.
Quinhentos anos se passaram sem ninguém conseguir realizar esse feito, até que em 334 a.C, Alexandre, o Grande, ouviu essa lenda ao passar pela Frígia. Intrigado com a questão, foi até o templo de Zeus observar o feito de Górdio. Após muito analisar, desembainhou sua espada e cortou o nó. Lenda ou não o fato é que Alexandre se tornou senhor de toda a Ásia Menor poucos anos depois.
É daí também que deriva a expressão “cortar o nó górdio”, que significa resolver um problema complexo de maneira simples e eficaz.
No dizer de Peter Drucker, o ativo mais valioso da empresa do século XX foi seu equipamento de produção. O ativo mais valioso da organização do século XXI, seja ela empresarial ou não, serão os trabalhadores do conhecimento e sua produtividade.
A mentalidade controladora e impositiva da Era Industrial, que ainda domina boa parte das organizações dos dias atuais, é prejudicial na Era do Trabalhador do Conhecimento.
O controle aqui referido como indevido é o de domínio de mentes e atitudes. Controle organizacional, regular, relatar, é parte da saúde das organizações.
A acanhada visão em que as pessoas são despesas e as máquinas, ativos, está superada. Foi essa visão que criou a chamada técnica do Grande Imbecil, baseada na filosofia da cenoura e do chicote, que motiva com uma cenoura à frente (a recompensa) e conduz por trás, com um chicote (o medo e a punição).
Essa nova ordem de ideias, próprias de uma nova Era, a da Informação e do Conhecimento, pede novas concepções administrativas, um novo modo de pensar e de agir em nome da liderança, que precisa estar desidentificada com a cultura da codependência entre o mando e o mandado. Onde o mandado espera (posição de passividade) pelo mando que lhe diga o que fazer.
A liderança dos tempos atuais, há de ver a todos e ver-se sob a efetiva ótica da natureza humana, abrangendo as quatro dimensões universais da vida, que reconhecem os seres humanos dotados de: corpo, mente, coração e consciência.
Essa visão amplificada e, ao mesmo tempo, microscópica da intimidade humana, formatou as ideias próprias para os tempos chegados de agora, do mesmo modo que a evolução das ideias aprimorou a visão atualizada da vida e do viver.
A inteligência humana se manifesta e pede passagem, impondo ser cultivada nas suas expressões: visão, disciplina, paixão e consciência, bem como reconhecida na sua integralidade: corpo, mente, coração e consciência.
Líder hoje é aquele capaz de inspirar (soprar vida em outro, é o significado da palavra original inspirare) cooperação, dedicação e criatividade, dando assento e voz, junto com a equipe, à proatividade e ao respeito a cada um como ele seja, e não como se gostaria que ele fosse.
As organizações, para desatarem o nó górdio que as mantém atadas ao mundo empresarial ultrapassado, precisam desenvolver não apenas uma nova mentalidade, mas um novo conjunto de habilidades e novas ferramentas que decorrem delas.
Não há o desenvolvimento de uma habilidade, qualidade de uma pessoa hábil (o que vai além de apenas se saber sobre alguma coisa, mas ser capaz de fazer e bem feito essa coisa) sem se levar em conta o ser humano na sua efetiva feição integral: corpo, mente, coração e consciência. A habilidade se radica no campo mental de cada um.
Bem anotou Robert Karch: Nem todas as empresas precisam investir em qualidade de vida, promoção de saúde ou coisa parecida. Só aquelas que querem ser competitivas no século XXI.
Como se a organização fosse um espelho, rodando-o sobre seu próprio eixo, será possível ver-se nele refletido outros tantos rostos que participam do momento-empresa, e que bem poderiam estar melhormente integrados, contributivamente engajados nos passos diários da empresa, doando de suas inteligências e competências, até então ignoradas, que mais poderiam ainda ser alavancadas, com técnicas modernas desenvolvimento humano.
A relação mente-corpo é formulação pétrea para o alcance do bem-estar.
Mal-estar não contribui com habilidade, não levanta ânimo, não inspira cooperação, não estimula dedicação, não alimenta criatividade. Exaure a proatividade.
Valorizar e atender o ser humano é própria das organizações de vanguarda, que aprendem e praticam o avanço trazido pelo progresso, para prosperarem sempre.
Mude seus pensamentos e você mudará seu mundo, anotou Norman Vincent Peale.
Novos conhecimentos alargam pensamentos; pensamentos alimentam valores; valores promovem comportamentos; comportamentos pedem atitudes; atitudes atendem o físico, o emocional/social e a consciência/lucidez e grandeza de visão, dotando o ser de novas habilidades pessoais, por conseguinte, profissionais.
Pensar, sentir, agir. Conforme a largueza e profundidade do pensar, será o do sentir e do agir.
Conhecimento, atitudes, habilidades, envoltos com espírito de dedicação e continuidade, formam e ou reformulam hábitos.
O conjunto dos hábitos adquiridos é a estrutura ética, emocional e comportamental das pessoas.
Não mais senhores de empresas, mas líderes inovadores de empresas saudáveis, investidores no tesouro direto do bem-estar dos seus colaboradores.
Inovar não é reformar, aponta Edmund Burke. Reciclar não é sinônimo de resultado melhor.
Inovação é criar ou adotar o novo, o útil, em benefício do melhor.
As organizações progressistas experenciam permanente renovação, começando sempre pela reformulação de paradigmas, norteadores de comportamentos e emoções revigorantes e saudáveis.
O futuro mais certo de ser alcançado é aquele criado hoje do jeito certo.
O que vemos realizado hoje, foi um dia sonhado por alguém.
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Projeto INOVE – o mundo mental e emocional sob novo prisma
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