Quando estudos aprofundados nos indicam o alto grau de comprometimento de nossos alimentos com produtos que irão comprometer nossa saúde, desde o manejo do solo e plantio nas lavouras, passando pela industrialização, com desatenção e desleixo por quem de direito;
quando nos damos conta de como temos sido predadores da natureza, agredindo fatalmente nossas matas, nossos rios, nosso ar, nosso solo, nossos animais, sem cogitarmos das consequências no futuro, que já chegou;
quando constatamos a mesquinhez que toma conta das relações humanas, com nossa concordância, conscientemente ou não, e sem impor qualquer resistência a regência existencial do egoísmo e do orgulho, onde o “eu” não reconhece a existência do “nós”, mesmo se tratando de relações afetivas e familiares;
quando nos apercebemos que no nosso mundo íntimo a satisfação vai medida pelo gozo das sensações, tão-somente, mesmo que em detrimento dos sentimentos e das emoções enobrecedoras, gerando mágoas;
quando notamos que nosso olhos já não enxergam, nossos ouvidos já não ouvem e nossos corações já não se encantam com a sublimidade da vida, como a beleza de uma noite estrelada; de belas paisagens iluminadas pelo Sol; do canto dos pássaros; do farfalhar das folhas; do marulhar das águas nos riachos e rios; do efervescente que a onda do mar produz na areia da praia; dos aromas que as matas exalam; do doce balanço – quase uma dança – dos ramos e dos galhos embalados pelo vento;
ou ainda, quando não mais registramos as incomparáveis obras de arte que são as flores; o alegre sorriso de uma criança; o quanto saudável que é o convívio com familiares em harmonia; como nos faz bem caminhar ao lado de um amigo em agradável conversa construtiva ou mesmo em silêncio quando esse tudo diz entre os dois; o contentamento em estar ao lado e dentro do coração dos entes queridos;
quando deixamos de considerar o quanto é bom ter quem amar; a interação que é a vida desde o menor dos seres vivos até os mais espetaculares em tamanho e forma; a interdependência que há entre tudo e todos nesse grande sistema vivo que é vida, que é a Terra, e desta com relação ao Cosmos, ficamos sem saber se seremos um vivo que já morreu ou um morto que insiste em se manter vivo.
Muitos esperam por nós.
Hora de voltar para casa, em retorno ao natural, ao espontâneo, ao simples, ao sincero, ao modesto, ao solidário, ao pertencimento, à confiança, ao útil, ao essencial.
Simplifiquemos a vida e o viver.
Hora do reencontro com a vida que é Vida verdadeira, repleta de bem-estar.
Fazer longa viagem para dentro de nós mesmos, abrindo-se às percepções mais sutis da alma, a fim de auscultarmos o compasso do coração, examinando pelo que ele pulsa;
redescobrir sentimentos há muito não sentidos, sentir as emoções há muito não fruídas;
de voltar a se encantar e se apaixonar pelo conhecimento edificante;
refazer hábitos que sejam geradores de bem-estar e saúde, revendo crenças e valores e encontrando coragem para empreender as mudanças que se façam necessárias na formatação da paz;
arejar os melhores lugares na intimidade e ali acomodar os amores e mobiliar com todo conforto o recanto central onde em nós mora o amor-ágape, e convidarmos os familiares para se acomodarem, e ali ficarem para sempre;
abrir portas e janelas do peito e deixar que entre o frescor refazente da vida e visite os cantinhos mais escondidos, limpando-os, para podermos rever as melhores lembranças que ali ainda estão, reavivá-las em nome da alegria, e aquelas não catalogadas como boas lembranças, descartá-las sem dó nem piedade;
retirar de algum dos cantos o prazer de estar vivo, sacudir o pó do marasmo e da infeliz rotina que nos submete ao acanhamento e à anulação existencial, sem iniciativa e sem criatividade;
abrir de vez o quarto da confiança e depositá-la em nós mesmos, no próximo e em Deus, e religarmos a luz desse ambiente na bateria inesgotável da fé imortalista e revivificante, e nos reapresentemos prontos para a Vida, não mais para a mesmice daquilo que os outros queiram para nós como vida.
Não e não.
Acabamos de assumir o controle da nossa história pessoal.
Agora somos os protagonistas. As luzes no palco da vida estão focados em nós. Somos os autores da peça e o principal papel é nosso, sob nossa direção. Direção executiva e supervisão somente do Mais Alto.
Depois dessa viagem, podemos voltar ao dia-a-dia, mantendo abertas as portas e janelas do coração, e ali voltarmos com regularidade, assumindo o compromisso com a reflexão amadurecida, com a meditação ativa, atentos ao desafio do mundo, que é o de sermos construtores de pontes de aproximação e relacionamentos saudáveis, sem perdermos de vista que o passado não é mais e o futuro não é ainda, restando-nos o exato presente, o momento-vida de agora, para as nossas melhores decisões, desempenho e atitudes iluminativas.
Vejamos a vida sob um novo prisma.
Sonhemos, sim, nossos melhores sonhos. Construamos nosso melhor destino, e, quando for o caso, choremos todas as nossas lágrimas ou venhamos a rir todos os nossos sorrisos, mas não desistamos jamais de uma vida feliz.
Persistência é a base da vitória.
Pensemos, desejemos, desejemos forte, façamos por donde, e logo mais ali adiante estará materializando-se em nossa existência, o que acalentamos para nossa felicidade.
Confiemos e prossigamos.
Enriqueçamos a mente com conhecimentos úteis. E façamo-nos sábios ao colocarmos em prática o melhor que a vida nos ensine com suas múltiplas lições.
Conjuguemos na prática o verbo Amar. E aceitemos o amor como nosso DNA, em gênero, número e grau.
Já nos ensinava, há mais de dois mil anos, o Mestre Nazareno: ame ao próximo como a você mesmo, e à Deus acima de todas as coisas. Eis aí, em síntese, toda a Lei e os Profetas.
*
Contam que um jovem sedento de afirmação espiritual procurou certa vez o pensador e sacerdote hebreu Shammai e o interrogou:
— Poderias ensinar-me toda a Bíblia durante o tempo em que eu possa quedar-me de pé, num só pé?
— Impossível! — respondeu-lhe o filósofo religioso.
— Então de nada me serve a tua doutrina — redarguiu o moço.
Logo após buscou Hilel, o famoso doutor, propondo-lhe a mesma indagação. O mestre, acostumado à sistemática da lógica e da argumentação, mas também conhecedor das angústias humanas, respondeu:
— Toma a posição.
— Pronto! — retrucou o moço.
— Ama! — elucidou Hilel.
— Só isso?! E o resto, que existe na Bíblia? — inquiriu apressadamente.
— Basta o amor — concluiu o austero religioso. — Todo o restante da Bíblia é somente para explicar isso.
*
Provemos até a saciedade e semeemos aos quatro ventos a esperança, a paz, a reconciliação, a bondade, a confiança.
A paz nos impulsiona sermos maiores do que já somos.
Voltemos a ouvir o canto da Vida verdadeira e vivamos em paz.
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Projeto INOVE – a vida sob um novo prisma
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