Cada época, cada povo, tem seus próprios pensamentos, ideias e valores que influenciam a vida diária de cada indivíduo. É o “espírito da época”.
O natural progresso da humanidade impõe, ao longo do tempo, releituras e revisões dos mais diversos paradigmas, diante de avanços do pensamento e seus efeitos também no processo cultural e comportamental das pessoas. Os paradigmas são mutáveis. Se eu não os questiono e nem penso neles, eu não os reconheço, e há os que pensam por nós, para nosso risco de acabarmos manipulados e conduzidos para situações indesejadas, mas cortejadas pela omissão.
Paradigmas são modelos, normas ou padrões previamente estabelecidos, seguidos ou imitados e não questionados pela maioria das pessoas. São padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida.
Nossos paradigmas são formados por nossas crenças que constituem valores, pelos quais vivemos e morremos, ou deixamos de viver como devido seria.
As crenças referidas são aquelas suficientemente fortes e intensas, capazes de estruturarem e sustentarem-se como valor modificador de pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Destaquemos que há aquelas crenças que até as tomamos como também sendo nossa, mas em nada nos modifica para melhor. Também há aquelas que nos são altamente prejudiciais, e há aquelas que nos impulsionam para as melhores realizações, para o êxito.
Como exemplo, examinemos aqueles casos em que crentes, no sentido religioso, aprendem conceitos como solidariedade, fraternidade, amizade, caridade, amor, mas mantém mágoas, ressentimentos, não perdoam e não se perdoam a si próprios, vivem longe do altruísmo, não são capazes de sentir a dor do próximo e estender-lhe espontaneamente a mão de socorro. São os que sabem, mas não fazem. Entretanto, nessas mesmas hostes religiosas, vemos despontar homens santos, gurus, rishis, mestres, exemplos de vida, mártires, heróis do Bem. São os que fazem segundo o que sabem ser legítimo.
Falha na proposta renovadora ou em quem a recebe e na significação e importância que se lhe dá?
Comenta Stephen Covey, autor do livro Os sete hábitos de pessoas altamente eficazes, que paradigmas são poderosos porque eles criam os cristais ou lentes através das quais vemos o mundo. O poder de uma mudança de paradigma é o poder essencial de uma mudança considerável, seja um processo instantâneo ou lento.
Os fatos, a história e nossas próprias experiências pessoais, demonstram que todos os modelos e paradigmas são passíveis de revisão, confirmação ou modificação.
Lembremo-nos de Florence Nightingale (1820-1910) que foi uma destacada enfermeira inglesa. Criou a primeira Escola de Enfermagem da Inglaterra no Hospital Saint Thomas, em Londres. Recebeu a Ordem do Mérito, em 1901, durante a Era Vitoriana.
Florence Nightingale (1820-1910) nasceu em Florença, na Itália, no dia 12 de maio de 1820, na época em que seus pais residiam na Itália. Filha do milionário William Shore Nightingale foi aluna do King’s College de Londres. Em uma viagem ao Egito, visitando hospitais, despertou sua vocação para a enfermagem, apesar de na época não ser uma atividade digna. No geral, eram somente as prostitutas que exerciam essa atividade.
Na Inglaterra, iniciou seu aprendizado, repartindo o tempo entre aulas de anatomia e visitas ao hospital do distrito. Em 1851, aventurou-se na Alemanha, para frequentar a Escola de Enfermagem Fliedner, onde viveu sua primeira experiência como profissional entre as religiosas protestantes de Kaiserswerth.
Foi na Guerra da Crimeia, conflito ocorrido entre outubro de 1853 e fevereiro de 1856, envolvendo de um lado o Império Russo e do outro o Império Otomano, Grã-Bretanha, França, e o reino da Sardenha, que Florence, juntamente com grupo de outras heroínas que ali serviram aos enfermos e padecentes como enfermeiras, que se romperam paradigmas constritores de uma atividade vital para a sociedade, que despontou para ganhar o mundo e os aplausos da humanidade.
Também no campo social, a história recente registrou o casamento da atriz americana Meghan Markle com o príncipe Harry, quebrando uma série de tabus e protocolos de séculos de tradição real.
Meghan nasceu em Los Angeles, tem descendência negra, é divorciada e mais velha que o príncipe Harry. Fora isso, é ativista de causas humanitárias e uniu- se à ONU para lutar por melhores condições às mulheres. Ou seja: uma mulher que não corresponde ao perfil que se supunha para se casar com um membro de uma das grandes monarquias no mundo.
Inclusive a cerimônia do casamento serviu para quebrar outros paradigmas. O reverendo Michael Bruce Curry, negro, da Igreja Episcopal dos EUA, foi convidado para fazer a homilia do casal, quebrando um protocolo britânico. No discurso, fez questão de citar o ativista Martin Luther King, assassinado há exatamente 50 anos, em 4 de abril de 1968. “Precisamos descobrir o poder do amor, o poder redentor do amor e, quando o fizermos, faremos deste velho mundo um novo mundo”.
Outro ponto alto da cerimônia foi a apresentação de um coral gospel composto em sua maioria por cantores negros. O grupo trouxe a música “Stand by me”, um clássico do blues de 1961 carregado de significados.
Temos também Barack Obama, eleito o 44º presidente dos Estados Unidos. Aos 47 anos, ele torna-se o primeiro negro a governar o país, o mesmo país palco de sangrenta rivalidade entre brancos e negros, em passado recente.
Ainda não cessou a grande revolução que a Internet provocou no geral do mundo, das instituições, das pessoas.
Das partículas indivisíveis de Leucipo e Demócrito à mecânica quântica e ao princípio da incerteza de Heisenberg, nosso conhecimento sobre os átomos percorreu um longo caminho, deixando muitos paradigmas quebrados.
A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original, aponta Albert Einstein.
É o que se dá constantemente conosco mesmo, à medida que aprendemos com vida.
Quando nos deparamos com a necessidade de pequenas mudanças em nosso pensar, em nosso proceder, lançamos mão de novas práticas, nos impomos novas atitudes.
Porém, quando há um conflito íntimo mais complexo e de raiz mais profunda, entre o que desejamos ser e fazer, e o que somos e fazemos, em um autoexame mais apurado, nos deparamos com certos paradigmas ditando posturas, e, ao mesmo tempo, estabelecendo resistência na aceitação de uma inovação existencial.
Nesse embate, sobreviverá o lado que for alimentado pela nossa vontade, persistência e determinação, ou pela falta de algum desses valores norteadores de novas conquistas, ou a ausência de todos eles.
Ou seja, para pequenas mudanças providências simples. Para aprimoramentos significativos, revisão de paradigmas, ampliação de percepções, alteração de premissas, realocação de marcos em novos caminhos, adoção de novas referências.
Se um paradigma for tido, figuradamente, como lentes através das quais vemos o mundo, há momentos em que a alternativa pedida pelo bem-estar visual desejado é a mudança de lentes.
É bem própria a imagem de nossa existência como uma longa jornada. E o óbvio nos diz que para uma jornada proveitosa e segura é preciso se saber, em primeira mão e antes de cada passo, para onde se quer ir. Depois vem o como, quando, com quem, por qual rota e outros detalhes.
De onde estamos, aonde queremos ir são pontos de um mapa mental. Quanto mais enriquecido for nosso mapa mental, mais opções de escolhas de roteiros, mais alternativas de escolhas, mais flexibilidade, maior probabilidade de alcançarmos o destino.
No entanto, se o mapa for inexato, quer quanto ao ponto onde estamos, ou quanto ao ponto aonde desejamos ir, por mais caminhemos, estaremos sempre perdidos. Se for exato, todo o nosso movimento, nossas atitudes, se compatíveis com o desejado, se farão importantes. Mas é preciso que saibamos bem, instalar o Bem, em nossos referenciais.
Referenciais quanto a vida? Sim, falamos de paradigmas, pedindo constante exame a fim de que nos sirvam de alicerce, de apoio, para alcançarmos as mudanças que tanto almejamos.
Em variadas situações que resultaram contrárias ao que desejávamos, provavelmente fizemos votos de superfície, desejos de ocasião, resolução por impulso, sem a devida revisão e ou alteração de paradigma correspondente.
Os paradigmas, insistimos, são modelos, normas ou padrões previamente estabelecidos, pelos quais somos dirigidos. E muitas vezes, herdados por circunstâncias quase que imutáveis e difíceis de serem substituídas, por conterem um grande conteúdo amoroso emocional, vindo de comportamentos frequentes, mesmo habituais em nossas famílias, que tanto desejaríamos fossem o melhor para todos nós. Conscientes ou inconscientemente, são nossos modelos mentais, aceitos por nós, alimentados por nós em cada pensamento, sentimento e ação que se dê em consonância com cada um desses paradigmas.
Os paradigmas são mutáveis, repetimos.
No dizer de Albert Einstein, a liberação do poder do átomo mudou tudo exceto nosso modo de pensar. A solução para este problema reside no coração da humanidade.
Desejamos mudanças? Trabalhemos fortemente a reforma de paradigmas.
Continuar sendo igual, fazendo sempre a mesma coisa, não nos trará resultados diferentes dos já conhecidos.
O grande inventor, que como todo inventor é um quebrador inveterado de paradigmas, Alexander Graham Bell (cientista, inventor e fundador da companhia telefônica Bell, tido como o inventor do telefone), lecionou boa lição de vida: Se andarmos apenas por caminhos já traçados, chegaremos apenas aonde os outros chegaram.
A dificuldade nem sempre é estimular as pessoas a se interessarem pelos novos aprendizados e práticas, mas fazer com que larguem as antigas convicções… ou seja, os paradigmas que norteiam suas vidas.
Criatividade, progresso e inovação são alcançados por pessoas que não tem barreiras ou limites para pensar, é importante procurar novas opções e oportunidades, fugindo dos paradigmas que costumam delimitar nossa criatividade, deixando-nos parados no tempo e no espaço.
Viktor Emil Frankl (1905, 1997) foi um médico psiquiatra austríaco, fundador da escola da logoterapia, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência, e dele emprestamos as seguintes considerações, para nossas reflexões:
Cada vez mais, as pessoas têm os meios para viver, mas não tem uma razão pela qual viver.
O ser humano não é completamente condicionado e definido. Ele define a si próprio seja cedendo às circunstâncias, seja se insurgindo diante delas. Em outras palavras, o ser humano é, essencialmente, dotado de livre-arbítrio. Ele não existe simplesmente, mas sempre decide como será sua existência, o que ele se tornará no momento seguinte.
O que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente. O que ela necessita não é descarga de tensão a qualquer custo, mas antes o desafio de um sentido em potencial à espera de seu cumprimento.
O que devemos nos perguntar é o que podemos fazer para mudar nossas vidas, pensar no que trazemos à vida e no que a vida espera de nós.
A vida nos questiona diariamente sobre muitas coisas, por exemplo: quando vemos uma criança morrendo de fome, tantos morrendo por falta de assistência médica ou de medicamentos, a violência doméstica, as drogas ilícitas dizimando vidas, a corrupção de valores e costumes, o desregramento e a exploração sexual, o abuso sexual, o desrespeito no seio das famílias, a indiferença com a dor humana, o esvaziamento dos templos religiosos, a proliferação da leitura degradante dos valores morais, a indiferença para com a ética, o desperdício do alimento e dos recursos naturais, a destruição do ecossistema, o descaso dos governantes para com os governados, o império do consumismo, o fortalecimento do materialismo, o desprezo do espiritualismo, o ter em detrimento do ser.
Quer um mundo melhor? Ajudemos na sua construção.
Quer sentir-se melhor? Façamos as mudanças devidas. Quebremos os paradigmas que estejam nos impedindo.
Em mais um momento feliz, escreveu Gandhi: Temos de nos tornar a mudança que queremos ver. E, também, nos disse: Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.
Não mais procrastinemos, não nos demoremos a dar o primeiro passo rumo à escrita de uma nova história para nossa vida, virando as páginas do ontem, do passado, deixando-as nos capítulos anteriores, onde não cabe ponto final, apenas reticências, para iniciarmos agora, neste momento, novo e revolucionário capítulo, onde predomine não só sonhos, mas realizações; não só projetos, mas invenções úteis; não só por quês, mas por que não?; não só “eu desejo”, mas “eu posso”; não mais só “eu”, mas agora “nós”; não só existir, mas viver; não focar em viver bem, mas em bem viver; não esperar o destino chegar, mas construir o destino almejado; confiança em você e também multiplicada confiança em Deus.
Alexander Graham Bell foi questionado de onde provinha tanta força para tanta criatividade, ao que respondeu: Que força é esta, eu não sei; tudo o que sei é que existe, e está disponível apenas quando alguém está num estado em que sabe exatamente o que quer, e está totalmente determinado a não desistir até conseguir.
Ainda segundo Bell, inventor é um homem que olha para o mundo em torno de si e não fica satisfeito com as coisas como elas são. Ele quer melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o mundo.
Parafraseando-o, dizemos que vencedor é aquele que olha para dentro de si próprio e não ficando satisfeito de como é e de como está, supera-se e põe-se a trabalhar com todas as forças de sua alma para melhorar-se a cada dia, sendo que no dia seguinte, constata já ser melhor do que no dia anterior, e assim sucessivamente até o fim dos tempos, por cujas ondas seguirá pela eternidade.
Antes de querermos aperfeiçoar o mundo, lidemos com insistência em aprimorarmos o próprio mundo que somos.
Nessa nova atitude reformadora e capacitada que se vai adquirindo à medida que o hábito corretivo consegue ir se instalando, percebemos o real valor dos exemplos vencedores que sempre se apresentam em todas as culturas ao redor da Terra.
De nada adianta apresentar fórmulas espetaculares de conduta nova e felicitante, se em nosso íntimo não estiver instalada e operante a eficiência dos novos conhecimentos, dos novos horizontes, das novas conquistas, que têm o poder de agir e modificar nossos fatores infelicitadores do ontem.
Que sejamos sempre nós, os viajores da evolução, que, ao nos depararmos com um paradigma indevido em nossa situação evolutiva, sejamos sábios o suficiente para de imediato resolvermos enfrentá-lo e modifica-lo com todo o conteúdo do Bem e da Luz que nossos corações sustentam.
O maior vencedor do mundo, o Mestre dos mestres, um dia nos disse: Tem bom ânimo, Eu venci o mundo.
Supere-se. Vença-se!
O momento é agora de começar a grande mudança pessoal para melhor.
Questione-se: quais são as balizas, os paradigmas, para o programa de inovação e de renovação saudável da vida e do viver, do verdadeiro e imorredouro bem-estar?
Busque-os. Viva-os… e seja feliz!
Sejamos todos felizes.
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