ESCRITO OU INSCRITO

Quando pensamos em modificar nossas atitudes, buscamos nos informar em como fazê-lo!

Lendo sobre o que já foi experimentado pelos demais, tentamos assimilar a nova proposta, através de textos que contenham boas sugestões.

Mas o curioso é que nem sempre nosso comportamento se altera, mesmo depois de vários livros lidos sobre o mesmo assunto! É como se algo impedisse, prendesse, segurasse a modificação da conduta, para que ela aconteça tranquilamente!

Como exemplo, acontece como se soubéssemos que temos que ir a uma cidade que a única estrada para a alcançar é a que leva ao norte. Mas, mesmo assim, tentamos atalhos por todas as outras direções senão a norte! Nos iludimos que conseguiremos chegar lá por outros caminhos.

E quando se trata de questões pessoais então, a tarefa se torna árdua e bastante complicada porque não sabemos como iniciar, o que abordar na metade e nem mesmo como finalizar.

Pensando que é o nosso “todo racional” que interferirá, tomando a frente da possibilidade reparadora, e que nos modificará, passamos, às vezes, décadas nesse trabalho, porém sem alcançar o resultado esperado.

E o tempo da vida, passando!

O que não permite que alcancemos o tão esperado comportamento novo?

Não se conhece a acidez do limão pelo simples toque, também não podemos conhecer nossa condição essencial apenas pela razão. Ambos devem ser provados pelos sentidos e percepções e, então, inscritos na consciência como experiência.

Antes de abordar qualquer texto, de citar qualquer pensador que nos sugira algo definitivamente revelador, prestemos atenção em nosso íntimo.

Vamos deixar que fluam os raciocínios não tão lógicos, mas, principalmente, as emoções, que, vez ou outra, interferem em nosso diálogo interno.

Uma mudança na perspectiva provoca mudanças na experiência.

Que tal permitir que essas falas se façam altas, claras, sugestivas, e que possamos dar ouvidos ao que ouvimos?

E logo em seguida, não só escutar, mas deixar o coração sentir.

Presentear à nós mesmos que desejamos mudar, e ficar de mãos dadas com o sentir!

Aquilo com o que nos identificamos, nos domina, nos transforma.

Onde estiver nosso interesse, estará nossa atenção.

Um evento se torna uma experiência através do envolvimento pessoal que se lhe permita, com maior ou menor profundidade de identidade.

Pensamentos, ideias que se fazem convicções, portanto sentidas como verdadeiras, são inscritas na mente subconsciente, e se manifestam como experiências e como forma de ser.

A vida assumida e vivida com intensidade, nos proporciona várias possibilidades para desenvolvermos valores, virtudes e sabedoria, desde que consideremos todas as experiências e aprendizados amalgamadas pela vontade de sermos seres humanos melhores, o que nos leva a imprimirmos mudanças de raiz em nosso pensar, sentir, agir.

A mudança acontecerá quando:

–  Esteja inscrita tanto na mente como no coração; a vivência que a sugestão racional e a emocional direcionaram para área comportamental.

– A proposta remodeladora do comportamento ficar marcada na área do sentir, trazendo prazer intenso ao indivíduo que se auto esforçou, lhe modificando o viver.

O existir, leitor amigo, é sujeito a falhas e perdas, algumas das quais parecem irreparáveis.

Mas não são!

Devemos escondê-las, descartá-las ou repará-las?

Na cultura japonesa, as peças de cerâmica que se quebram, que se partem, são reparadas através da técnica ‘kintsukuroi’ (que significa “reparo com ouro”), na qual se utiliza uma mistura de laca e pó de ouro, o que as tornam mais valiosas do que as que estão intactas.

Isso porque a sua estética final simboliza o valor intrínseco das questões da transitoriedade e da impermanência das coisas, como convite a reflexões sobre essa realidade em relação ao ser humano.

Dos reveses existenciais, das imperfeições humanas (muitas vezes escondidas e desvalorizadas), podem surgir uma riqueza inestimável de uma beleza única para uma vida reparada, renovada.

Façamos as escolhas certas!

Lemos em Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5:

O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.

O que for o teu desejo, assim será tua vontade.

O que for tua vontade, assim serão teus atos.

O que forem teus atos, assim será teu destino.

Nos miremos na técnica ‘kintsukuroi’.

A aceitação das cicatrizes da vida é uma fonte de aprendizagem e uma arte de celebrar a vida.

Reparar, ao invés de tentar esconder ou descartar.

Embelezar e valorizar a vida, e não desprezar o que se é.

Em vez de resistir as mudanças, render-se a ela.

Leitor amigo, dê sentido, significado e simplicidade ao seu existir.

Qualquer reforma interior e qualquer mudança para melhor dependem tão somente do nosso próprio esforço.

Inscreva em sua consciência: “Somos lamparina que há de ser estrela“, disse Agostinho de Hipona.

Não basta ler ou escrever, é preciso fazer para inscrever no caráter.

Não basta saber, é preciso fazer!

Bem viver é mais do que estar vivo.

_____________

Projeto INOVE – a vida sob novo prisma

O novo não é fruto de reforma, mas de inovação

 www.projeto-inove.com.br

contato@projeto-inove.com.br

Facebook: @PROJETOINOVI

Linkedin: linkedin.com/company/projeto-inove

Instagram: #projetoinovi

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *