Ernst Götsch, agricultor e pesquisador suíço, formado em ciência genética, radicado no Brasil há décadas, é um dos criadores da Agricultura Sintrópica, que implica, segundo ele, produzir alimentos conforme a lógica natural do sistema, com amor incondicional pela vida. Ela é, antes de tudo, uma mudança no olhar.
Conceitualmente, Entropia é a medida do grau da desorganização de um sistema e, Sintropia, em oposição, é elemento que contribui para o equilíbrio organizacional.
Enquanto a Entropia dispersa, degenera, a Sintropia concentra, restabelece, regenera.
A Agricultura Sintrópica trabalha com a regeneração de ecossistemas, em cujo contexto se dá o plantio.
Diz Götsch. “Todos os seres que nascem neste planeta têm uma função: os animais, o solo, a água, o vento. Nós, homens, também nascemos como parte do sistema e das funções. Devemos trabalhar agindo em favor dela, e não contra, como tem acontecido ao longo de milhares de anos.”
Seu trabalho de décadas com essa ideia demonstrou que a saúde da planta não dependia exclusivamente do tratamento dado a ela como indivíduo, mas é preciso considerar o ecossistema por completo, tanto as relações intraespecíficas (ocorre entre indivíduos da mesma espécie) quanto as interespecíficas (ocorre entre indivíduos de espécies diferentes).
O ser humano faz parte da Natureza e de seu sistema ecológico. Pertence ao Universo.
Um sistema é um conjunto de elementos interdependentes de modo a formar um todo organizado.
A relação harmônica dos elementos, gera um sistema harmônico.
O inverso é verdadeiro.
Agora, nos fixemos no ser humano.
O sistema existencial do ser humano envolve relação interativa consigo mesmo (ser integral: corpo, mente, emoções, consciência/espírito), com a família, a sociedade, a Natureza e, por abrangência óbvia, com o Universo, com o Todo.
Com a visão do conjunto, pergunte a si mesmo sobre sua relação com cada um desses elementos do ecossistema vivencial.
Suas atitudes têm levado a desorganização (Entropia) ou a reorganização (Sintropia) desses elementos primordiais entre si?
Você tem mantido uma relação vivencial que congrega ou que desagrega o contexto no seu meio existencial?
Você prioriza a harmonia ou simplesmente aceita a desarmonia?
Posição de neutralidade ou de indiferença sobre esse ou aquele aspecto do ecossistema existencial, não contribui para a harmonia do conjunto, pois ele cria vazio postural (pela inação) que logo é ocupado por atitudes (ação), suas ou de terceiros, necessariamente não positivas.
Não basta saber, é preciso fazer! Saber e não fazer é o mesmo que não saber.
A intenção e a ação é que darão significado, sentido e valor na interação com os demais elementos, pois há uma interdependência que impera entre todos.
A sua vida e seu estado de ser está construído dentro das suas respostas.
Suas respostas às indagações existenciais, são dadas pelas suas atitudes vivenciais.
Mudança pretendida de alguma resposta-vivência, remete ao exame profundo de sua personalidade: seu pensar, seu sentir, seu agir.
Para mudar nossa vida, nosso mundo, devemos, fundamentalmente, mudar nosso modo de pensar, agir e sentir.
Devemos mudar nosso estado de ser.
Porque nossa maneira de pensar, sentir e nos comportarmos é em essência nossa personalidade, e é a nossa personalidade que cria nossa realidade pessoal.
Portanto, para criar uma realidade pessoal renovada, uma vida nova, devemos ter em mente uma nova personalidade; devemos nos tornar outra pessoa.
A teia da vida reage às suas intenções e aos seus feitos, que anunciam o que você é.
Relembre que você é um ser integral, composto de corpo, mente, emoções e consciência (ou espírito). Atender somente as necessidades do corpo, por exemplo, sem maior atenção a mente, emoções e consciência, abre portas à chegada e instalação de conflitos, por certo.
Para que essa realidade humana esteja em harmonia, é preciso que você esteja em equilíbrio, por inteiro.
E esse estado de equilíbrio refletirá a qualidade agregadora de suas atitudes perante a família, a sociedade, a natureza e, por conseguinte, o Universo, o Todo.
Ao homem cabe a escolha da atitude pessoal diante de cada circunstância em sua vida, para decidir o seu próprio caminho.
Trabalhar pelo bem-estar íntimo é se utilizar das forças criativas edificantes e dirigir corpo, mente e emoções de modo a contribuir decisivamente para despertar e expandir a consciência. Processo também conhecido como de despertamento espiritual.
Esse despertar interior traz um sentimento de grande satisfação pessoal, e, também:
– iluminação mental que aclara o significado e o propósito da vida;
– respostas a muitas dúvidas existenciais;
– a solução de diversos problemas;
– faz nascer sentimento de segurança; e
– descortina a unidade sistêmica da vida e a compreensão do valor de seus semelhantes, da organização social e de toda criação, para a sua harmonia e a do conjunto.
Como dito por Lewis Carroll, em seu livro ‘Alice o País das Maravilhas’: “Não posso voltar para o ontem porque lá eu era outra pessoa.”
O homem-velho, a personalidade anterior, ao despertar, recua a segundo plano com seus traços desagradáveis, egoísmo exagerado, falsas crenças, postura orgulhosa (entropia existencial que desorganiza o indivíduo e o leva ao desequilíbrio geral, psicológico, emocional e físico).
A vida cotidiana já não é a mesma. E ela já não é tolerada.
O homem-novo, o ser desperto, lúcido, interativo e integrado, amoroso e amorável (manifestação da sintropia vivencial que restabelece o ser e seu ecossistema espiritual), surge e sorri ao mundo pela satisfação da autorrealização.
O seu hoje, o seu momento-vida renovado, não tem lugar para o seu insatisfatório ontem.
A visão clarificada do ser desperto é como a visão do homem, prisioneiro na caverna sombria, que sai ao encontro da luz, conforme famosa alegoria de Platão: a beleza e o poder de atração da visão do mundo novo permanecem no indivíduo, que tudo fará para não retomar estado indesejado de ser.
… E se põe a repartir suas recém-adquiridas riquezas espirituais.
Seu empenho passa a ser o do contínuo progresso ético, estético, moral e intelectual, ciente da importância de preservar valores até então conquistados.
Lúcido, reconhece que o macrocosmo só existe enquanto unidade, e, do mesmo modo, que só existe enquanto unidade integral em harmonia com a ecologia existencial e dinâmica da Vida, mesmo que a consciência ainda necessite perceber o mundo através do contraste e da dualidade.
Desperto, se dá conta que pode olhar através das aparências e que existe unidade dentro do aparente contraste que a dualidade mostra.
O escuro que revela a Lua e a claridade que reflete o Sol, apesar do contraste que costura o dual, fazem parte da unidade chamada ‘dia’.
Vê a si mesmo como ser humano inteiro, individualizado, porém integrado harmoniosamente no momento-vida, mesmo diante da luz e sombra, do visível e invisível, da força e potencialidade, do karma e dharma.
Sabe que é um processo de transição entre a saída de um estado de ser, uma antiga posição psicológica, emocional e espiritual, para um novo estado harmônico de ser que ainda não está firme e definido.
Conclui que o êxito depende do seu compromisso, determinação, insistência e permanência no caminho renovador.
Se decide por ser fiel aos seus propósitos, uma vez que fidelidade consiste em professar, fazer, realizar, aquilo em que se acredita.
É como trocar de motorista com o carro em movimento. Sai o homem-velho da boleia e o homem-novo assume a condução.
A consciência desperta se expande e alcança um estado de ser caracterizado por segurança interior, serenidade, alegria, compreensão da vida, amor radiante.
Uma longa jornada começa com o primeiro passo.
Estabeleça o despertamento da consciência como seu propósito primordial.
Não perca a visão da meta final por nada.
Com vontade ardorosa, vá em frente!
A completude chegará para aqueles que, determinados, se mantenham no caminho da autorrealização, com entrega pessoal na construção da integração com os semelhantes e com a Natureza, em unidade com a Vida Maior, elementos essenciais da Sintropia Cósmica.
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