A semente guarda em sua essência tudo o que será, por já conter no agora o seu porvir. Resta-lhe desenvolver o que se encontra latente.
Ela depende de ter apenas o necessário para vir a ser, e então manifestar o que é.
Se a semente se dedicar apenas ao ter, e esquecer-se do vir a ser, perecerá pela estagnação do seu finalismo.
Ao invés de vigorosa árvore a render frutos em abundância, perpetuar-se depois em novas sementes, novas sínteses em primaveras que se repetirão, fenecerá como semente, gigante adormecido.
Metaforicamente, o fruto é expressão do melhor da planta quando do alcance da sua maturidade biológica, atingida com sua confiante entrega e integração com as leis da natureza, é a manifestação do seu ‘amor’ pela vida e por todos, é doação em totalidade.
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Amadurecidos psicologicamente, não perdemos a oportunidade de bem viver e valorizar o bem-estar, manifestar nosso melhor – nosso amor –, confiantes e operosos, usar o ter em benefício do enriquecimento do ser.
O despertar da consciência, marca gradual na escala evolutiva de todos nós, pede honestidade conosco mesmo, como lente cristalina que faculta-nos examinar e examinarmo-nos, com agudeza e clareza mental, bem como identificar limites e trabalhar a ampliação deles; diante de problemas, as soluções são buscadas e cada vitória formata experiências para nosso crescimento sem cessar.
Erros e acertos fazem parte da equação do aprendizado felicitador, resultado este perseguido com firme decisão e revestido de persistência e continuidade.
Se erramos, logo reparamos; acertamos, e o crescimento se dá em ato contínuo.
Caminhar desperto pelo mar existencial é desafio constante, qual viajor experiente ao singrar águas que, de calmaria, sabe que logo pode se transformar com a formação de ondas revoltas, assustadoras.
Cada passo dado há de ser assertivo e cada decisão tomada estar despida de ilusões, das fantasias que o dia a dia se reveste e atrai marinheiros incautos, como o canto da sereia, e transfere-os para as sombras dos vales submersos, ali distrai-os com falsas alegrias, até que correntes marinhas profundas revolvam a vida, o ‘fundo do mar’, tire-nos do entorpecimento espiritual com graves transtornos orgânicos, sociais, econômicos e emocionais.
No dizer de Rubem Alves, psicanalista, educador, teólogo, escritor: Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.
Também do mesmo autor: Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.
Fugirmos dos compromissos, sem disposição de atendê-los e enfrentá-los, qual semente que prefere permanecer no escuro e úmido soterramento em que se encontra, ao invés de levantar-se em direção à luz do sol, é negar-se à mudança de estágio evolutivo, oportunidade permanente dada à todos, processo existencial construtor do bem-estar.
Em outras palavras, é um autoabandono, que nos leva a transtornos de variados matizes, quase um autocídio, de onde somente a força da dor-educação será capaz de nos tirar, diante do entorpecimento dos sentidos que nos permitimos e que nos impede de registrar a vida em sua mais pura realidade.
Nesse estágio de humanidade em que nos mantemos, as vicissitudes da vida são naturais instrumentos de educação. No entanto, nossa rebeldia, nosso desânimo, faz deles flagelos dilaceradores, sofrimentos.
Nós estamos fadados ao crescimento, quase sempre impulsionados pela dor-educação, quando o psiquismo evolve, passa do estágio das sensações meramente carnais, para as emoções que suavizam e alimentam o ânimo e a coragem; do estágio dos desejos passageiros para as realizações duradouras; da escala de valores que estabelece para o viver diário: acordar, trabalhar, gozar, distrair, alimentar-se, dormir, para nova ordem de valores, onde encontramos estímulo para o bem, para a inovação, para o belo, para a saúde, para o convívio com o próximo como par constante de caminhada para frente e para o alto, rumo a conquistas que trazem a harmonia, o equilíbrio, a paz.
São meias verdades aquelas que tentam nos condicionar à tese de que os imperativos genéticos formam situações constritoras para nós, e nos desaconselham esforço por autossuperações de certas limitações.
Reconhecemos que o que se semeia, se colhe.
No entanto, contrariamente a aceitação passiva das circunstâncias, a dinâmica da vida nos aponta o verbo (ação) fazer como providência imediata ao verbo (ação) saber, que decorre do verbo (ação) querer, quando nossa inteligência é convocada a agir em nosso próprio benefício, a construir nosso patrimônio intelecto-moral, como resultado dos nossos próprios atos, de nossas escolhas, com base no livre-arbítrio, atributo humano.
Os meios determinarão os fins.
O fim de uma ação é aquilo em função do qual ela é realizada; o meio é a maneira apropriada para atingir o fim.
Helen Keller, com uma existência que parecia ter lhe cerceado a interação com o mundo, surpreendeu a todos. Mesmo cega, surda e muda, tornou-se célebre e prolífica escritora e conferencista, bacharel em filosofia, realizou extenso trabalho em favor das pessoas com deficiências. Ela nos ensinou: nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar.
A realidade única que nos referimos antes, não é uma ideia e sim uma entrada consciente para uma forma completamento nova de participar da vida.
A realidade muda junto conosco, na medida em que a consciência de expande, conforme nossa determinação nesse sentido.
A consciência é tudo o que muda na jornada evolutiva. Nenhum aspecto da vida é imune à transformação.
O significado das coisas é fundamental.
Uma experiência que toque o nosso coração ganha significado muito mais pessoal.
A vida tem significado. Encontrá-lo é compromisso existencial, pessoal e intransferível. Colocá-lo no coração é dar-lhe o pulsar que nos sustenta e no impulsiona em direção ao seu alcance.
Um homem vê no mundo o que leva em seu coração.
Assim, diz-nos o poeta Rubem Alves:
Todo jardim começa com um sonho de amor.
Antes que qualquer árvore seja plantada
ou qualquer lago seja construído,
é preciso que as árvores e os lagos
tenham nascido dentro da alma.
Quem não tem jardins por dentro,
não planta jardins por fora
e nem passeia por eles…
Uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX – Johann Goethe, anotou: Todo o nosso saber se reduz a isto: renunciar à nossa existência para podermos existir.
É tempo de deixarmos existência acanhada, e adotarmos novo modo de existir, renascer para uma forma completamente nova de participar da vida, e alçarmos novos voos, como citado por Helen Keller.
Nem o tempo nem a sua linearidade existem fora da nossa mente.
O homem pinta com o cérebro e não com as mãos, disse o notável Michelangelo.
Todo momento é tempo. Basta assumirmos o compromisso conosco mesmo pelas mudanças para melhor.
Há uma grande diferença entre saber o caminho e percorrer o caminho. Cada passo adiante depende de nossa vontade.
Com o devido equilíbrio, vamos andar, correr, voar sobre a corda bamba da vida, a caminho da Luz!
Sublinhou Lao-Tsé, fundador do taoísmo filosófico, em seu livro Tao te King:
Quem conhece os outros é inteligente.
Quem conhece a si mesmo é sábio.
Quem vence os outros é forte.
Quem vence a si mesmo é poderoso.
Não nos baste germinar, precisamos crescer, florir e frutificar.
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