Uma organização é o retrato, o pensamento, dos seus gestores, que, por sua vez, imprimem esse modelo, esse padrão, no pensamento dos seus colaboradores com certa facilidade, pois as companhias contratam pessoas que se encaixam à cultura e sistema estabelecidos, e à maneira estabelecida de fazer as coisas. Há uma similitude desde o início. E juntos formam o retrato geral da empresa.
Para que se tenha um retrato diferente, a pose tem que ser outra na foto.
Mudar!
Palavra conhecida, reconhecida, decantada em prosa e verso, mas pouco assumida.
Toda mudança gera resistência, sendo a primeira e grande: vencer a inércia, formada pela zona de conforto adotada, mesmo que, por mais incrível que possa parecer, seja a do constante desconforto, advindo pelos problemas financeiros, gerenciais, de gestão das pessoas, de instabilidade comercial, e instabilidade emocional e outras tantas que acontecem, que, pela desordem intensa e extensa em que se vive, não se tem olhos para novos horizontes.
Quadros semelhantes a esse são encontrados sem muita procura. E em situações assim, o dono usa da arrogância de ser o proprietário, impondo ordem no grito, literalmente. Mascarando sua incapacidade de liderar e conduzir, faz-se o chefe mandão para empurrar.
Até quando?
A segunda grande resistência está na aceitação da necessidade de mudança, compreendendo que o modelo atual está ultrapassado, se não arruinado, arruinando a companhia.
George Bernard Shaw, dramaturgo e romancista Irlandês que recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1925, foi muito feliz ao anotar: É impossível progredir sem mudança, e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada.
Para realizar mudanças a nível organizacional, o aprendizado deve se processar a nível individual, renovando seu pensar, com o enriquecimento do seu mapa mental.
Para efeito de raciocínio, vejamos a mente como um mapa. Quanto mais rico de informações for esse mapa, quanto mais detalhado, mais opções nos exames e escolhas entre onde estamos e aonde queremos ir.
Uma mudança então pretendida, precisa começar na mente de quem a deseja, passando para o seu comportamento.
É o que Mahatma Gandhi, pacifista e ativista indiano que promoveu a independência do seu país, com enorme esforço e uma correspondente mudança, concluiu: Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim.
Mudança de raiz não é fácil e nunca foi.
Trabalhar por uma estrutura adequada, harmônica, em consonância com os objetivos da organização, que dará a devida estabilidade na jornada de cada dia, bem como procedimentos bem demarcados que possam se repetir sem perda de quantidade e qualidade, sem deixar de se atualizar sempre, contando com gestores e recursos humanos que aprendem continuadamente, deve ser meta. Estabilidade (gerencial, procedimental, emocional) para poder se desenvolver. Dentro de uma estrutura estável, o pessoal dentro dela melhor aprende e mais produz.
Sem isso, uma companhia não conseguirá ser boa em coisa alguma.
Objetivos bem acertados, as mudanças passam a ser almejadas como condicionantes naturais para se alcançar inovações estruturais, estimulando o rompimento com o estado de coisas indesejados e impulsionando os feitos devidos.
Outra grande resistência ser vencida, abrindo espaço para a mudança: permitir que isso aconteça.
Os proprietários terão de permitir, sim, este é o termo, por deliberação pessoal, que as mudanças cheguem e assumam os devidos espaços. Mesmo que isso signifique abrir mão de suposto domínio, deixando de imaginar que estarão abrindo mão da empresa e perdendo seu controle. Falsas considerações essas.
O poeta português, Fernando Pessoa, há muito retratou essa necessidade: Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Entre saber e fazer, há a necessidade da ponte da vontade, que permite a passagem do compromisso, que trará em sua mochila o suprimento da determinação, da continuidade e da coragem.
Não há vontade sem motivação, e não há motivação sem identificação de necessidade, pois é a necessidade que nos induz a buscar o que nos sacie. Por exemplo: a sede e a água.
Ponte é obra que liga dois lados. Nesse caso, o lado do indesejado com o lado desejado. O que deve ficar no passado, rumo ao futuro.
Ponte é símbolo que nos chama a atenção para o entendimento que a mudança é a lei da vida. Aqueles que olham apenas para o passado ou para o presente serão esquecidos no futuro, segundo John F. Kennedy – 35º presidente dos Estados Unidos.
Saber e não fazer é realmente não saber como fazer. Aprender e não fazer é não aprender o que deve ser feito. Atitude, não verbo apenas.
Resistência ou flexibilidade, o ponto de onde se vai adiante com a mudança, ou tudo permanece na estaca zero.
Nesse ponto, geralmente, quando as mentes estão superlotadas de teorias e conceitos, onde o fazer é só discursado e qualquer feitura nova, obstaculizada sem maior reflexão, ficam sem espaço para a renovação da vida da companhia, e os projetos são retardados e logo engavetados. É quando, por exemplo, as excelentes propostas de uma governança corporativa bem calibrada, se bem implantada, resultaria um conjunto de ferramentas gerenciais apropriadas, cujo uso daria substância e consistência, no presente e no futuro, para a organização, são desprezadas pelos proprietários, por se verem despreparados para viverem numa nova realidade, e não se disporem ao progresso pessoal, mudando-se a si próprios, rompendo com crenças e valores que tiveram seu valor até então, mas que no curso do mercado atual, perderam lastro, deixando de trazer resultados desejados e necessários.
Em marcha ativa, sim, porém marcando passo no mesmo lugar.
Porém, o conceito psicanalítico de Sigmund Freud – médico psiquiatra que desenvolveu a teoria psicanalítica, serve também para o ser coletivo que é uma organização: a mudança acontece quando a dor de mudar é menor do que a dor de permanecer o mesmo.
Sem perder de vista a recomendação de Platão, o notável filósofo: não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida, o empresário deve se suficientemente proativo, rumando, por disposição própria e firme, aos feitos que solucionem seus problemas de agora (já tenha ou não vindo a crise lembrada por Platão), e lhe deem condições estáveis nos dias do porvir.
A solução de um problema, como em muitos dos significativos avanços na história humana, está numa quebra fundamental das velhas formas de pensar.
Dee Hock, fundador e CEO emérito da Visa Internacional, expôs tal dilema: o problema não é como levar para nossa mente ideias novas e inovadoras, mas como tirar de lá as ideias velhas.
Mudemos o nosso pensamento e estaremos mudando nosso mundo, é paradigma a ser adotado.
Com nova mentalidade, conquistaremos novas habilidades.
Que o empresário encontre suporte em si próprio, e se permita a aceitação do desafio de ser uma liderança bem-sucedida, se fazendo a voz da influência, a voz da confiabilidade, a voz e a rapidez da confiança, a voz e a disciplina da execução, enfim, a voz fortalecedora dos melhores propósitos para sua própria empresa, e das demais pessoas que estão ao seu lado.
Os líderes do êxito dão o rumo, mostram caráter pessoal ilibado, mobilizam a dedicação individual, envolvendo os outros, dividindo responsabilidades para somar resultados, geram capacidade organizacional, e enriquecimento de valores éticos.
Com isso, as práticas gerenciais renovadas são capazes de inovada estratégia, formulando e mantendo um estratégia focada e claramente exposta, onde todos poderão contribuir e se beneficiar; de desenvolver e manter uma impecável execução operacional, sem disputas internas, mas com adição de forças; desenvolver e manter uma cultura voltada ao desempenho, onde se aprende a aprender e, em aprendendo, se faz; de construir e manter uma organização ágil, flexível, e hierarquicamente enxuta, onde não há maior ou menor entre todos, mas pessoas com funções próprias, que as distingue uma as outras, mas com sentimentos nobres, que as une e promove. Pessoas com mente, corpo, coração e consciência. Não somente indivíduos, mas pessoas que se esforçam pela individuação. Não somente humanos, mas seres que trabalham pela humanização.
As pessoas só enfrentam os desafios da mudança ou se arriscam de bom grado quando se sentem valorizadas como seres humanos.
Chegou o momento de renovar o senso de propósito, lembrando que identidade é destino.
Identifiquemo-nos com ideias e ideais superiores, pois não há nada tão poderoso como uma ideia cujo tempo chegou, proclamou Victor Hugo, o grande romancista francês.
Construir um senso de nobreza, revestido com a humildade.
A nobreza em si, não se basta. Precisa de humildade. Nobreza sem humildade pode facilmente gerar soberba, arrogância e presunção. A humildade sem nobreza é ineficaz, confundida com sentimento passageiro, sem o brilho da mente que sabe e de um coração que sente o bem, o justo.
O Tao Te Ching diz que o oceano é a maior das substâncias líquidas, e está em nível abaixo das outras, fazendo com que para ele corram todas as outras águas. Esta é uma das metáforas mais profundas sobre liderança, merecendo ser meditada com maturidade.
A nobreza do oceano, sua grandeza, é retratada aqui como resultado de sua profunda humildade, indicando que este sentimento pede profundidade no ser, partindo do coração.
E o Mestre dos mestres lecionou que quem deseje ser o maior que seja o menor dentre todos.
Muitos gestores, homens de negócio, executivos e gerentes caminham pela vida guiados por um certeiro senso de nobreza, mas cegos quanto à beleza da humildade ao lidar com os outros.
Com nobreza e humildade, podemos trabalhar juntos (conte com o Projeto INOVE) para reinventar o espírito empresarial condizente com o séc. 21, restaurando a alma humana nos negócios, levando nossos esforços ao melhor que eles são capazes de ser.
Nobreza e humildade, eis o par mágico que dá o verdadeiro espírito de grandeza.
Os tempos são chegados. É o tempo da travessia, das mudanças para melhor… a começar por nós mesmos.
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Projeto INOVE – a vida sob um novo prisma
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