As nossas crenças representam uma das estruturas mais importantes do comportamento. São as diretrizes, as regras pelas quais vivemos!
Quando realmente acreditamos em algo, nos comportamos segundo essa crença. São os nossos melhores palpites frente à realidade e formam nossos modelos mentais – os princípios pessoais pelos quais o mundo parece funcionar, com base em nossa experiência e nossos pontos de vista.
Lemos no Bhagavad-Gita: O homem é feito de sua crença. E o que ele acredita, ele é.
Crenças não são fatos, embora muitas vezes as confundamos como sendo. Geralmente, pensamos nas crenças como “tudo ou nada” e achamos que as coisas nas quais acreditamos são sempre verdadeiras. Entretanto, um minuto de reflexão é o suficiente para percebermos que, no decorrer de nossa vida, modificamos muitas das nossas crenças. Por exemplo, é improvável que você ainda acredite em Papai Noel.
Quem já não se pegou dizendo: “eu avisei”? Essa é uma frase que traz satisfação porque significa que nossas crenças se mostraram corretas, naquele momento.
As crenças são generalizações que fazemos a nosso respeito, acerca de outras pessoas e do mundo ao nosso redor. Elas são os princípios que orientam nossas ações e efetivamente formam nosso mundo social e são essas convicções que animam o homem e o arrasta para outros objetivos variados.
Há a crença em si mesmo, numa obra material qualquer, a crença política, a crença religiosa, a crença filosófica, a crença na pátria etc.
Para o artista, o poeta, o pensador, a crença é o sentimento de ideal, a visão desse foco sublime, iluminado pela mão divina nos píncaros eternos, para guiar a Humanidade na direção do belo e do verdadeiro.
No sentido comum a crença em algo constitui a fé. Normalmente inata, manifesta-se pelo seu caráter natural em aceitar as coisas e realidades conforme se apresentam, sem mais amplas indagações.
É inata em todos os homens, constituindo particular e especial manifestação do ser.
Ninguém está isento da sua realidade, porquanto é parte integrante de cada vida. Naturalmente procede da ancestralidade do próprio homem, resultado de experiências objetivas ou não, que se lhe implantaram no inconsciente e que cada vez mais se fixa pelo processo automático em que se fundamenta.
Embora tenhamos crenças essenciais que são muito arraigadas e importantes para nós, podemos ser flexíveis naquilo que escolhemos acreditar em determinadas áreas de nossa vida. As crenças não são fixas e imutáveis. Por isso, a pergunta que devemos fazer sobre qualquer crença é: Ela é útil e adequada para mim?
O fato comprovado de que as crenças têm uma forte tendência a se tornar realidade é o que lhe dá poder. Se você mudar uma só crença, também modificará muito do seu comportamento. Crenças agem como profecias autorrealizáveis. Mas, se você mudar apenas um dos aspectos do seu comportamento, provavelmente não estará mudando crenças.
Quando falamos de comportamento, falamos de atitudes, de hábitos.
Apenas para efeito de raciocínio, consideremos que façamos uso (comportamento) regular de determinado alimento ou substância, por entender que ele nos faz bem (crença). Num dado momento, somos convencidos que esse alimento ou substância está nos causando graves problemas de saúde. Com o devido esforço, mudamos ou refazemos nossa crença de até então, e, por conseguinte, passamos a nos abster daquele alimento ou substância.
Naturalmente, tanto quanto a nova crença vai se consolidando, mais se caracterizando um novo comportamento correspondente, de modo tranquilo e paulatino.
Crenças têm que produzir ação se forem significar alguma coisa. Logo, para ser proveitosa, a crença tem de ser ativa; não deve entorpecer-se.
É certo que, mudando-se efetivamente certa crença, muda-se comportamento decorrente. É consequência natural e espontânea. Podemos afirmar que determinado comportamento é determinada crença sendo externada.
Porém, é certo também que, se apenas adotamos determinado e momentâneo comportamento, pela circunstância, pela conveniência, pela necessidade, sem a correspondente mudança na crença que promovia o dito comportamento, oportunamente, conforme o que ocorra e conforme conveniência, prevalecerão os ditames da crença não mudada, fazendo com que, mais dia menos dia, retomemos comportamento anterior.
É o caso dos regimes alimentares, das tentativas de deixar de fumar e outras práticas, iniciadas e não concluídas. Há hábitos tão intensos e arraigados, em que a resistência a mudanças é grande. Quem já não ouviu contar que há pessoas sob regime alimentar que “assaltam” a própria geladeira na calada da noite, ou se escondem para fumar? Ou seja, em casos assim, a pessoa foi informada que precisa de mudanças comportamentais, mas ela ainda não se convenceu disso (não adotou a nova crença).
No caso da crença ou fé religiosa, a regra é a mesma.
O fato de saber sobre certa religião, o fato de frequentar templos religiosos, não significa que tenha se estabelecido a crença a respeito. E, por conseguinte, o comportamento esperado não chega. A reforma íntima não acontece. Pois os valores existenciais continuam os mesmos, uma vez que ainda não foi sentida a necessidade ou identificada forte razão para reformular pensamentos, valores e atitudes. Ainda não houve suficiente estímulo para mudanças.
O protagonista dos Novos Tempos, Jesus, afirmou: Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus…
Não basta discursar em voz alta para se fazer notado, e bater no peito como símbolo de fortaleza de fé, é preciso ter convicção, fé que possa encarar a razão e se alojar no coração, o que acarretará o despertar da consciência da religiosidade em nós.
São as nossas crenças que ordenam os nossos valores de vida e são as mesmas adquiridas, conquistadas, aceitas e adotadas por nós – conscientemente ou não -, e são mutáveis, por conseguinte. Ou seja, podemos deixar de adotá-las. Basta que assim queiramos.
Deepak Chopra escreveu: O que for teu desejo, assim será tua vontade. O que for tua vontade, assim serão teus atos. O que forem teus atos, assim será teu destino.
Um maior despertamento da consciência nos pede que sejamos os autores de nossa própria história pessoal.
Indaguemos de nós mesmos, o que fazemos e os por quês, o que desejamos, a que propósitos atendemos e a que finalidades se destinam.
Vamos assumir o controle da direção do barco da vida.
Querer e saber querer é poder. E se podemos, por que não fazemos o melhor?
Se você quer, você pode.
Quando você se propõe realizar os labores que lhe dizem respeito, abre-se à vitória, que alcançará na oportunidade própria.
Simon Bolívar, o excelente Libertador de quase metade da América do Sul não poucas vezes perdeu batalhas e esteve preso. Porque não desistiu, perseverando nos ideais e lutando, triunfou.
Benito Juarez, órfão e pobre, humilhado e sob injunções terríveis, contribuiu para a liberdade do México, mais do que qualquer outro herói.
Franklin Delano Roosevelt, paralítico, vitimado numa cadeira de rodas não se compadeceu do próprio estado de saúde e desempenhou relevante papel no seu país, como Primeiro Mandatário, revelando-se extraordinário libertador, durante a Segunda Guerra Mundial.
Edison experimentou cerca de 1.000 testes para lograr o êxito da lâmpada elétrica e porque insistiu sem desânimo, ofereceu à Humanidade um valioso contributo.
Faraday, até aos 14 anos, permaneceu numa Gráfica, na condição de encadernador. Lendo um dos livros em que trabalhava, interessou-se pela eletricidade, revelando-se pioneiro nesta tecnologia de grande utilidade para a Humanidade.
Cervantes sofreu incompreensões e experimentou a miséria, teve os seus escritos desconsiderados, viveu em regime de mendicância para não morrer de fome, não obstante, prosseguindo, legou-nos o “Dom Quixote de la Mancha” de valor literário e filosófico inegável.
Camões, sem uma vista, fez-se cantor de “Os Lusíadas”.
Confúcio, aos 55 anos, foi abandonado pelo seu mestre. Sem desânimo, prosseguiu, oferecendo extraordinária contribuição filosófica para o pensamento universal.
Maomé, na busca de fiéis, padeceu terrivelmente, até que, sem abandonar a luta, espalhou o Alcorão pela Terra.
Buda, procurando a iluminação, provou solidão e abandono, conseguindo que a mensagem da paz passasse a impregnar as vidas…
A história de Jesus é por demais conhecida para que se ampliem considerações…
A galeria daqueles que não desistiram e confiaram na vitória que souberam esperar, é muito grande.
Se queremos, portanto, a vitória, insistir sempre. Desistir, jamais!
Tornemo-nos um consciente criador de escolhas e assim geraremos ações que nos evolucionarão.
Reavaliemos nossas crenças, começando por tomarmos ciência delas. Depois, lancemos dúvida sobre tudo o que nos controla, critiquemos todo pensamento perturbador e determinemos estrategicamente onde queremos chegar. Não havendo consonância entre o que nos está movendo e onde queremos chegar, se o objetivo for preponderante, fundamental para nossa harmonia emocional, trabalhemos a reformulação da crença modeladora de nosso comportamento atual. Concluindo que essa ou aquela crença não contribui em nada ou se é desorientadora, ela é inútil. Descarte-a, substituindo-a por outra mais de acordo com suas aspirações e expectativas de bem-estar mental, psicológico, emocional, espiritual.
Buscarmos conhecer nossas crenças é enriquecer o nosso autoconhecimento. É preciso conhecer, pensar e sentir cada uma delas, dando margem para que o coração não seja abafado pelos gorjeios da razão, e para que a razão não se amolente sob os impulsos da emoção. A crença essencial e duradoura é o resultado da harmonia entre o saber e o sentir!
Duvidar, criticar, determinar. Verbos importantes para a gramática existencial.
Acreditemos em nós próprios. Acreditemos no Todo Maior. Acreditemos em Deus.
Realiza-se, porém, a crença, na sua plenitude, quando é consequência da razão em consonância com os nossos melhores sentimentos. Quando ela se apoia na razão e promove bem-estar emocional, transcende a própria capacidade, transformando-se em estado de espírito.
A crença edificante tem a propriedade de abrasar o espírito, dispô-lo aos lances arrojados. Quando honestamente elaborada é calma e fecunda, inova propiciando equilíbrio físico e psíquico e sustenta a vida humana dentro de um novo prisma, rumo ao bem-estar.
Projeto INOVE – enriquecendo mentes, harmonizando emoções