CONFORMAR-SE OU CONFRONTAR-SE?

O encontro de amigos no final de semana, se dava em clima de alegria.

Conversa boa, assuntos interessantes e construtivos era a tônica comum a fala de todos.

Após o lanche, num dado momento um deles comentou as dificuldades que a população enfrenta nos dias de hoje quanto a alimentação, quer visto sob a ótica da qualidade do que se consome, ou pelo preço de venda que se pratica, com variações sem explicações aceitáveis para alguém que pensa.

– Quanto à qualidade, seguiu o amigo em seus comentários, é conhecido o uso de agrotóxicos, hormônios, antibióticos, conservantes, mix de vitaminas para enriquecer o produto e muitos outros químicos.

Mesmo se aplicados dentro de padrões normatizados, não deixam de interferir no organismo humano, e trazem, ao longo do tempo de uso, efeitos cumulativos e prejudiciais.

Quanto mais processado o alimento, mais envolto em substâncias químicas.

Isso começa desde o plantio, quando é o caso, no preparo da terra, contamina-a com pesticidas por anos seguidos, bem como os rios, lençóis freáticos etc., desencadeia a desestrutura do ecossistema.

Um outro amigo pediu um aparte, e considerou: – A pergunta que devemos nos fazer é a seguinte: – O que cada um pode fazer para modificar o estado vigente das coisas.

Rapidamente um deles falou: – Atitude!

– Quem as toma e as sustém? Questionou outro.

– Quem tenha discernimento diante da verdade, que é alcançada com o exercício da capacidade crítica que dispõe, e tenha a devida coragem de ser e manter-se autêntico, manifestou mais um deles.

Esse, diante de preços descabidos de um produto, não o compra.

Alimentos que lhe prejudiquem a saúde, são evitados.

Adquire coisas pela sua utilidade, não pela sua grife.

Outro mexeu-se na cadeira, e logo falou: – Esse, meu caro amigo, me permito comentar, está entre os que conquistaram significado existencial, e não cede à vulgaridade que destrói intencionalmente significados e valores reais da vida, em razão das conveniências e interesses de pessoas, grupos, organizações de diversos matizes e objetivos, sociais, políticos, econômicos.

Vale dizer que esses amigos que conversavam eram professores universitários muito bem instruídos! E podemos perceber que à cada fala, demonstram sua área de atuação.

E digo mais, esse é o perfil do indivíduo livre e consciente, que faz uso da liberdade de expressão com dignidade, e demonstra a coragem de vivenciá-la.

Isso decorre da capacidade de manter-se o senso crítico, agir com consciência do que se faz e se diz.

Saber o valor do sim e do não.

Usar sua inteligência em seu favor.

Os pontos de vista de outras pessoas são respeitados, ouvidos, não obrigatoriamente acatados. Não sem antes passá-los pelo crivo dos sentimentos e da razão.

Um dos amigos retomou a fala: – O que falta para que os indivíduos acordem desse longo e prejudicial sono a que se entregam, e assumam sua individualidade, firmem opiniões pessoais sem medo de errar e sem se envergonharem de serem imperfeitos, emerjam das profundezas do mar do mesmismo, ajam conforme seus desejos e não conforme a maioria prefere?

– Vontade! Disse um.

– Sim, continuou o anterior que estava com palavra. Atitude, vontade, desenvolver capacidade crítica e discernimento ante a verdade, ter coragem de ser autêntico, são fatores que evitam que se seja absorvido pela ilusão que outros passam como realidade, que tolhe a individualidade e induz o mergulho de cada um na massa comum e disforme das pessoas sem-vontade, sem-opinião, sem-atitude.

Sem objetivo, aspiração, propósito, desinteressado de si mesmo, se faz amargo, pessimista, olha o mundo pelos olhos que não os seus, vive um modelo existencial que não elaborou.

Como não sabe querer nem o que deseja para si mesmo, passa a agir conforme a maioria prefere, adquire aquilo que o rolo compressor do consumismo diz ser o gosto da maioria naquele momento, ou a moda.

Os seus sonhos de consumo são os que os outros sonhem.

As suas, são as aspirações e os gostos gerais, pois se vê esmagado pela propaganda que o aturde, quanto mais ele a consome.

Não tem espaço para manifestação do próprio senso crítico.

Os outros, os que pensam por ele, decidem por ele, lhe preenchem a mente com distrações, notícias dirigidas, um extenso mar de informações, sucessivas e rápidas, mas com profundidade de um pires.

Assim, fica a ilusória sensação de que se está a par de tudo, sem se dar conta de que a variedade de notícias, suas contradições e falta de aprofundamento nos conteúdos, estão para desinformar e retirar a noção de rumo certo.

Retiram o prazer de saber, apresentam tudo pronto – porém, como lhes convém – para evitar o uso da imaginação, que enseja criatividade, que pede mudanças, que mudam o estado das coisas… que não lhes convém.

Resta aos desavisados, gostar do que lhe impõem, com redução de opções.

Acaba que até as emoções ficam padronizadas, pois se forja e força o pensar, sentir e agir iguais.

Esvai-se o prazer de expressar a própria emoção de júbilo, rir seus próprios risos, chorar suas próprias lágrimas, sonhar seus próprios sonhos.

– A manipulação chega a esse ponto, indagou um deles?

– Pergunta oportuna, disse aquele que expunha suas ideias. Pensemos juntos.

Me ocorre, como exemplo, a fim de facilitar raciocínio e conclusão, sem precisar que entremos no mérito dele, o que acontece com o COVID-19.

Em dado momento, a imprensa entendeu que os dados divulgados pelos órgãos oficiais não refletiam a realidade.

Reuniram-se em consórcio, a fim de dar a transparência devida com a informação.

No dia a dia, números de um de outro, eram divulgados sem maior diferença entre eles.

Na prática, cada localidade adotou as medidas profiláticas e curativas que entendeu mais adequadas.

O cenário internacional geral da pandemia: sem remédios específicos, alguns indicados improvisadamente e sem consenso, vacinas em desenvolvimento, números de casos sempre em curva crescente, ora mais acentuada, ora menos, muita opinião, quase nenhuma certeza.

Primeira onda, segunda, terceira…

Chegou o período eleitoral em algumas nações.

Sem mudanças no cenário mundial, dados divulgados passaram por queda numérica inusitada.

A imprensa deixou de noticiar com ênfase o problema, e os números que divulgaram passaram a ter também o mesmo perfil surpreendentemente positivo, deixando no ar uma sensação de indução de uma imagem sutil de um quase “milagre”.

Era como se o vírus tivesse se auto extinguido.

Os governantes revogaram praticamente todas as restrições.

Tudo voltou “ao normal”.

Terminado o primeiro turno da eleição na maioria dos estados do país, já nos dias seguintes após os resultados, as notícias da pandemia voltaram a ser manchetes, com quadro “desolador” para “surpresa” de governantes e consórcio de imprensa.

Leitos hospitalares no extremo da ocupação.

Novos infectados e mortes em níveis “assustadores”, agora novamente noticiados pelos detentores e divulgadores dos números, que sempre foram impossíveis de serem checados por alguém da população.

Enfermos em maioria mais jovens.

Governos “pesarosos”, voltaram com medidas restritivas, agora com uma novidade operacional: toque de recolher, como se os que trafegam entre as 23 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte, fossem os grandes responsáveis pelo recrudescimento do quadro pandêmico “não esperado”.

Concomitantemente, notícia de shoppings autorizados a funcionar 24 horas por dia, até o Natal. Comércio liberado. Até escolas, se desejarem, podem voltar a funcionar.

Afinal, parece que é o que nos querem fazer acreditar, a causa está restrita entre as 23 horas de um dia, até as 5 horas do dia seguinte…

Governantes e imprensa passam a imagem de que o vírus está ativo somente nesse intervalo de horas.

O povo, sem senso crítico, pois anulado pela massificação, com individualidade castrada, afastado intencionalmente da realidade dos fatos, porém sujeito as circunstâncias, fica sem apresentar resistência nem oposição. Aceita sem questionar. Passivo, por neutralizado que foi, simplesmente sobrevive.

Como a pandemia transformou-se em um ativo político, econômico, financeiro, nada impede a cogitação, simples e hipotética feita aqui, de que os remédios usados nesse período, fruto da ousadia de alguns lidadores da saúde que se propuseram a pensar com humanidade, foram duramente criticados e desaconselhados, em decorrência de interesses muito bem ativos, que vieram para abafar os interesses reativos e humanos.

Sem precisar de exercício numérico, se percebe as altíssimas cifras multibilionárias que estão para serem colhidas, em face de medicamento que se coloque no mercado, ou ainda, pelas vacinas, que estão a bater todos os recordes históricos de tempo para desenvolvimento e aplicação na população da Terra.

Prática evidente, cruel e desumana.

Não se pode falar em coincidência.

No contexto desolador e desesperador da humanidade, esta aceita tudo o que lhe for impingido.

Sua capacidade de dizer “basta” desfaleceu, pois foi exaurida desde há muito, desde que os homens foram afastados da sua realidade e tiveram sua individualidade anulada, ao ser mergulhada no grupo social sem autoafirmação e sem autovalorização.

O indivíduo na massa desaparece. Sem referência pessoal, está amorfo, morto, por ter perdido a identidade.

A sua invisibilidade sequer é percebida.

– E a reversão desse quadro é possível? Questiona um dos presentes.

– Sim, por certo é.

Acordar é palavra que melhor representa a reação necessária e urgente que o ser humano precisa adotar.

Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.

Não podemos nos permitir ser produto das circunstâncias criadas pelos outros, mas sermos produto de nossas decisões pessoais, tomadas com lucidez.

Não bastam meio para viver, somente. É preciso ter razão para viver.

Se dispor a mudanças ético-comportamentais, e vivê-las intensamente.

Dar características exclusivas e pessoais no pensamento, sentimento e ações, formar nova personalidade, que enseja nova realidade pessoal, com individualidade e identidade inconfundível.

Assumir nova vida com significação, crenças e valores de nossa livre escolha.

Somos dotados de livre-arbítrio.

A tônica não é simplesmente sobreviver, mas desejar melhoria, decidir como será nossa existência, o que nos tornaremos no momento seguinte.

Harmonizar os sentimentos, a razão e as aspirações, com a verdade, a honradez e a dignidade.

Fazer a diferença, destacar-se da massa informe dos sem-identidade.

Como foi já foi dito aqui, há que se buscar a conquista do significado existencial, para o que precisamos readquirir capacidade crítica, apurar discernimento ante a verdade, ter coragem de ser autêntico e de assim manter-se.

Não se trata de sentido da vida de um modo geral, mas antes o sentido específico da vida saudável que decidimos para nós.

Afirmar-se ante a vida: Eu Sou!

A autoconfiança que nasce, então, leva ao encontro da grandiosa finalidade para a qual existimos, e convida-nos à superação dos impedimentos transitórios que parecem nos asfixiar.

Nos depararemos com o autoconhecimento de como somos e de como nos encontramos, e, cientes das próprias deficiências, vislumbraremos igualmente as incontáveis possibilidades a nosso alcance.

E, por fim – que é o grande começo -, ainda em resposta a sua pergunta, meu amigo: com consciência desperta, já não se aspira pela mudança do mundo, pela transformação da sociedade, porque se descobre que esse cometimento tem início em nós mesmos.

Nós devemos ser as mudanças que desejamos para o mundo.

Agora, pelo adiantado da hora, sugiro irmos todos para nossas casas, salvo se algum de nós ainda deseja comentar algum ponto a mais.

De minha parte digo-lhes que foi um ótimo momento reflexivo para mim.

Agradeço-lhes pelas boas ideias que vocês manifestaram, com desejo de nos encontrarmos outras vezes mais.

Por fim, deixo-lhes uma pergunta: Conformar-se ou confrontar-se?

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