AUTENTICIDADE

estar de acordo com seu coração e sua mente

O conhecimento de si mesmo é a mãe de todo conhecimento. Portanto estou incumbido de conhecer a mim mesmo, me conhecer completamente, conhecer minhas minúcias, minhas características, minhas sutilezas, e cada átomo meu. – Gibran Khalil Gibran

 

Nossas escolhas e nossas verdades pessoais determinam o caminho que nós seguiremos pela jornada da vida.

Isso é sério e poderoso.

A escolha, a definição, a adoção, a estruturação de nossas crenças e valores são os grandes segredos para gerar as nossas realizações, nossas conquistas.

A intenção vale mais do que o ato. O pensamento precede a forma. O sentimento colore o conteúdo. Coração e mente geram nossas ações.

Dotar e enriquecer nossos sentimentos e nossos pensamentos de tudo o que contribua para uma vida em harmonia, com a intenção de experimentar e viver o estado consciencial de bem-estar, é poderoso meio de realização pessoal, espiritual, cuja força motriz está na congruência do sentir e do pensar com o estilo de vida desejado e praticado.

A congruência é um conceito geométrico. Em geometria, duas figuras são congruentes se elas possuem a mesma forma e tamanho.

Congruente é um adjetivo atribuído a tudo aquilo que coincide ou é correspondente a algo em características, propriedades, atribuições etc.

Congruência também é coerência, coesão, identidade, equivalência de características, exatidão ao propósito que se destina.

Para entender o que é a congruência basta observar uma criança. Tudo o que ela expressa é com o seu ser total. Fome, sono, dor, alegria. Suas emoções se expressam com intensidade, não há repressão. Ela está plenamente em sua emoção.

Isso remete ao ditado do Zen-budismo: Quando tenho fome, como; quando estou cansado, sento-me; quando estou com sono, durmo.

Ser autêntico não é sinônimo de falar tudo o que pensamos, sem filtros. Autenticidade tem mais a ver com assertividade, com encontrar a sua essência e saber como expressá-la, ser resiliente, flexível, sem concessões que desfigurem nosso caráter, nosso modo de ser.

É ser autêntico, original; é ser o que se é; é estar de acordo com o próprio coração e a própria mente.

Uma pessoa autêntica é uma pessoa verdadeira. Uma pessoa genuína. Alguém real, sem falsidade e que não tenta ser uma cópia de outra. Uma pessoa que se apresenta como realmente é, sem fingir ser algo que não é apenas para agradar os outros. Reconhece ser uma pessoa única no mundo, confiante em suas habilidades e opiniões e ao mesmo tempo ciente de suas próprias limitações.

Uma pessoa autêntica age de forma consistente com as suas crenças. É muito mais genuína e honesta sobre o que realmente é e o que realmente pensa. Ser autêntico e verdadeiro é uma qualidade importante. Nos liberta para sermos o que realmente somos, com caminhar seguro rumo ao que desejamos e sabemos que poderemos ser.

A coerência dita-lhe as necessidades, que busca atender com equilíbrio e moderação, em contínuo esforço de superação de limites, de aquisição e melhoria de habilidades, não para ser fazer diferente ou acima, mas para estar de acordo com suas expectativas, o nível de sua consciência e sua visão do mundo, onde reside a solidariedade e a fraternidade é bem conhecida e praticada.

Por ser espontâneo e natural, caminhar sempre em frente, com aprimoramento de dons e talentos, faz parte do modo simples de ver, entender e viver, daquele que é fiel e digno consigo mesmo, e, por conseguinte, com o seu entorno.

Se alguém varre as ruas para viver, deve varrê-las como Michelangelo pintava, como Beethoven compunha, como Shakespeare escrevia, discursou Martin Luther King, um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo

Autenticidade tem duas etapas: entender quem você é para ser quem você é.

O caminho é de dentro para fora.

“De dentro para fora” é um caminho que nosso estado íntimo, nosso estado emocional, trafega para se externar e se manifestar. Esse estado é nossa maneira de ser em qualquer momento. Resulta de nossa fisiologia, nossa forma de pensar e de nossas emoções e é maior do que a soma de suas partes. Por exemplo, a fisiologia guarda como padrão um certo número de batimentos cardíacos, que, ao sofrer influência de uma certa emoção e certo pensar, como medo, altera seu ritmo. O medo, no exemplo, é nosso estado íntimo momentâneo que emergiu maior do que nossa fisiologia, nosso pensar e nosso sentir.

Nosso estado-base é uma combinação de nossos pensamentos e sentimentos habituais, combinado com nossa fisiologia. Varia ao longo do dia em intensidade, duração, familiaridade, e tem sempre um componente emocional. Podemos dizer que o coração, sede do sentimento, é o principal catalizador e o principal emissor de tudo o que mexe com nosso estado-base, que influencia e é influenciado.

O quão bem nós aprendemos depende do estado em que nós estamos.

O quão bem é nosso desempenho depende do estado em que nós estamos.

No estado de congruência, o pensar, sentir e agir estão em total acordo. Todo o nosso ser está em harmonia. Nossas manifestações serão autênticas.

O benefício da congruência, dentre outros, é permitir nos concentrar completamente em uma atividade temporária e assim poder concluir algo, tirar aprendizados e apreciar momentos prazerosos.

O Budismo, em O Sutra da Mente Desperta, ensina: “Andando, o praticante deve estar cônscio de que está andando. Sentado, deve estar cônscio de que está sentado…”

Cada pensamento, cada ação empreendida à luz da atenção plena se torna sagrada, pois desejada deve ser atendida.

Focalizar totalmente nossa atenção no trabalho que estivermos a fazer, mantermo-nos constantemente prontos a controlar com habilidade e inteligência qualquer situação que surja: isto é alertar a mente.

Mente alerta não é outra coisa senão ter toda nossa atenção focalizada na ação que estivermos por realizar, e manter-se capaz de usar discernimento total.

Mente alerta é o milagre pelo qual restauramos e conquistamos a nós mesmos

Dessa maneira, o enfrentamento começa na mente.

Nosso estado de consciência é base de todos os hábitos mentais e de todas as atitudes. A partir disso, nós desenvolvemos o comportamento existencial.

A maneira de mudar a vida é começar com a expansão da consciência, com determinação pessoal, aliada à vontade. Quando ela muda, a situação também muda.

Sem a consciência, a inteligência busca logicar e crê, mas não se submete.

Segundo o antropólogo, sociólogo e filósofo francês, Edgar Morin, a consciência é um estado de espírito conhecedor, um olho que aprendeu a observar o que está além do que se vê, um ouvido que ouve o que está mais para lá dos sons, um entendimento que é capaz de interpretar além do que se compreende à primeira vista, enfim, aquela capacidade de sentir existencialmente o que está acontecendo naquele exato momento e de compreender, no todo vivido até ali, o real significado do que está sendo percebido.

E acrescenta: é justamente o fato de existir em níveis que garante à consciência a possibilidade de ser educada, pois ela é processo e movimento, embora toda tomada de consciência aconteça em um determinado momento.

O notável poeta Gibran Khalil Gibran foi instado a falar do conhecimento de si próprio.

E ele respondeu:

“Vosso coração conhece em silêncio os segredos dos dias e das noites;
Mas vossos ouvidos anseiam por ouvir o que vosso coração sabe.
Desejais conhecer em palavras aquilo que sempre conhecestes em pensamento.
Quereis tocar com os dedos o corpo nu de vossos sonhos. E é bom que o desejeis.
A nascente secreta de vossa alma precisa brotar e correr, murmurando para o mar;
E o tesouro de vossas profundezas ilimitadas precisa revelar-se a vossos olhos.
Mas não useis balanças para pesar vossos tesouros desconhecidos;
E não procureis explorar as profundidades de vosso conhecimento com uma vara ou uma sonda,
Porque o Eu é um mar sem limites e sem medidas.
Não digais: ‘encontrei a verdade.‘ Dizei de preferência ‘Encontrei uma verdade.
Não digais: ‘Encontrei o caminho da alma.‘ Dizei de preferência: ‘Encontrei a alma andando em meu caminho.
Porque a alma anda por todos os caminhos.
A alma não marcha em linha reta nem cresce como um junco.
A alma desabrocha, qual um lótus de inúmeras pétalas.”

Saber e fazer o que sabe e como sabe, primar pelo melhor; ser e viver como devido perante a própria consciência, dá-nos individualidade consciente de nós próprios e dos outros, e dos relacionamentos convenientes.

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Exemplos de quem sabia e fez conforme o que sabia:

Christiaan Neethling Barnard (1922/2001), cirurgião sul-africano, o primeiro a realizar um transplante de coração no mundo.

O coração de uma pessoa morta palpitou pela primeira vez no peito de outro ser humano, às 5h25, de 3 de dezembro de 1967, na África do Sul. O primeiro transplante de coração, realizado no hospital Grote-Schuur, na Cidade do Cabo, foi bem-sucedido. O chefe da equipe era o professor Christiaan Barnard, então com 44 anos de idade.

Florence Nightingale (1820/1910), enfermeira, estatística, reformadora social e escritora britânica, que ficou famosa por ser pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra da Crimeia. Com ela e conforme ela, nasceu a enfermagem moderna.

Alexander Fleming (1881-1955), biólogo, botânico, médico, microbiólogo e farmacologista britânico. Autor de diversos trabalhos sobre bacteriologia, imunologia e quimioterapia, notabilizou-se como o descobridor da penicilina.

Albert Sabin (1906/1993), o médico polonês que criou a vacina contra a poliomielite, uma de suas maiores contribuições para a História da Humanidade, durante a década de 1960. Renunciou aos direitos de patente da vacina que criou, o que facilitou a utilização dessa vacina pelo mundo.

A biografia do expoente da humildade e da virtude – Francisco de Assis – relata que ele capinava calmamente o seu jardim quando Frei Leão, analisando a atividade do colega, perguntou-lhe:

– Irmão Francisco, se você soubesse que morreria hoje, o que faria?

Francisco, com tom sereno, autenticidade e convicção tranquila que lhe eram inerentes, respondeu:

– Eu? Eu continuaria a capinar o meu jardim.

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Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, considerado o “Pai da dialética”, anotou: ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.

Assim também podemos observar cada dia de nossas vidas: quando ele chega, já não somos os mesmos e o tempo é outro.

Nada é permanente, exceto a mudança, concluiu Heráclito em suas reflexões.

Ao se tratar de mudanças, só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã. Hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver. Oportuna citação atribuída a Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, reconhecido por todas as escolas do budismo tibetano.

Mudemos hoje para melhor, e façamos a diferença para nós mesmos, o que, por extensão, refletirá onde e com quem estivermos, sempre.

Estabeleçamos novo e autêntico significado para nossa vida, com propósitos nobres, e passemos a praticá-los.

O valor a ser dado no hoje, não contemplado em nosso ontem, reside exclusivamente na intenção.

Em uma consciência expandida, a intenção inclui vontade e propósito, aspiração e visão superior, com largueza de horizontes.

Uma vez plantada a semente de uma intenção legítima em terra fértil em um coração que vai regá-la com boa vontade, a jornada de nossa alma, automaticamente, se desenrolará, e colheremos os melhores frutos.

Hilel, o Ancião, aquele que ama a paz, como seus conterrâneos se referiam a ele, viveu durante o reinado de Herodes, o Grande, e foi uma figura central dos últimos tempos, foi quem disse: Se não eu por mim, quem por mim? Se não for agora, quando?

Grande utilidade da vida é gastá-la em algo que sobrevive a ela: nós próprios.

A autenticidade é uma qualidade que o mundo deseja encontrar em tudo e em todos, no meio comercial, financeiro, político, afetivo etc.

Estar de acordo com seu coração e sua mente, é o anseio da consciência, que nós, desde que queiramos, podemos satisfazer desde agora.

Ser autêntico é uma conquista que põe em destaque o como todos devemos ser, que recebe aplausos daqueles que trilham os caminhos da iluminação, mas fomenta reprovação por parte dos que, mesmo cientes do que deveriam ser, sem reservas morais suficientemente fortes para se tornarem quem gostariam de ser, por inveja, se empenham em derrubar quem tenha avançado e alcançado a vitória sobre si mesmo, a fim de tentar nivelar todos por baixo.

Atitudes valem mais do que palavras.

Mostremos quem realmente somos, sem fingimentos; expressemos nosso pensar com autenticidade; manifestemos nosso sentimento sem medo de rejeição; ouçamos nosso coração, nossa intuição, na hora de tomarmos decisão; desenvolvamos convicção e autoconfiança em nós mesmos; lembremo-nos de que agradar os outros não é premissa de todos os dias; não nos comparemos com outras pessoas, sejamos únicos e autênticos, sem deixar de ser apoio e estímulo aos que queiram crescer em valores pessoais.

Ser autêntico é desidentificar-se do domínio das sensações e identificar-se com a vivência de emoções reconfortantes, facultando-se conquistas de outros níveis de consciência, nos quais o bem-estar e a paz formam os novos hábitos.

***

Era uma vez um escritor que morava em uma tranquila praia, junto de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira do mar para se inspirar, e à tarde ficava em casa a escrever. Certo dia, enquanto caminhava na praia, ele viu um vulto que parecia dançar. Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.

Por que faz isso? perguntou o escritor.

Você não vê? respondeu o jovem. A maré está baixa e o sol já desponta em brilho e calor. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na areia.

O escritor surpreendeu-se, mas argumentou:

Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora, e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma.

O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou para o escritor e disse:

Para essa aqui eu fiz a diferença…

Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano.

***

Para concluir, Martin Luther King:

A covardia coloca a questão: ‘É seguro?’
O comodismo coloca a questão: ‘É popular?’
A etiqueta coloca a questão: ‘É elegante?’
Mas a consciência coloca a questão, ‘É correto?’
E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta.

Sejamos autênticos!

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