AINDA SOBRE O DOMÍNIO PERFEITO DA REALIDADE

Uma experiência emocional intensa pode estabelecer marca profunda, com força de reter o ser nesse mesmo estado e tempo íntimos, como uma âncora, que sustém grande embarcação, impedindo-a de ir adiante.

No geral, no entanto, âncora é recurso estabilizador, pela de sustentação que dá.

Uma vez estabelecida, uma âncora mental, psicológica, emocional, passa a influenciar nossas vidas a partir desse momento, conforme a natureza da sua significação em nós.

Funciona com gatilho visual, auditivo ou cinestésico que se torna associado a uma resposta pronta ou a um estado específico. Tudo o que acione a âncora, que diga respeito àquele estado mental, psicológico, emocional, já tem uma resposta previamente conhecida. A resposta será aquela. Boa ou não. Saudável ou não.

Quando algo que nós vemos, ouvimos, sentimos, saboreamos ou cheiramos consistentemente, muda nosso estado. Ou a algo que nos fixamos, de forma consistente, responde da mesma maneira. Fica impressa em nossa memória comportamental. Isso é exemplo de ancoragem.

Comumente dizemos que há certas coisas que nos tiram do sério. “Essas coisas”…, são âncoras!

A capacidade de mudar nosso estado e escolher como nos sentimos, é uma das habilidades necessárias para a liberdade emocional e uma vida feliz.

A liberdade emocional não significa jamais sentir estados negativos e sim ser capaz de senti-los de forma limpa, lidar com eles e escolher a sua resposta.

Corpo e mente podem ser duas palavras, mas são um só sistema. Estados são associados a padrões de pensamento, fisiologia e substâncias neuroquímicas. Mudar qualquer um destes pode influenciar nosso estado.

Nosso estado-base é uma combinação de nossos pensamentos e sentimentos habituais, tanto físicos quanto mentais.

Se nosso estado mental e emocional apresenta aspectos indesejáveis decorrentes de desencontro nosso com a Realidade efetiva, é preciso quebrar tal estado. Sendo ilusório e passageiro, deve ser interrompido esse padrão mental, emocional, comportamental.

Intervir para passar de um estado negativo para um estado emocional neutro, inicialmente, e depois, com ensaio e esforço mental, mudar a polaridade para altamente positivo. Essa a principal chave!

Não se deve tirar o suporte de sustentação emotiva, sem oferecer outra base para comportamento novo e segurança firmada.

Levantar âncora pede que se esteja no perfeito domínio da embarcação, para que se possa navegar rumo ao destino traçado, com segurança.

É preciso fazer mudanças, mas é necessário saber o que mudar, pelo que mudar e como fazer.

Isso pede conhecimento, despertamento de consciência, descobrindo novos valores, identificando-se com novos padrões mentais, emocionais e fisiológicos.

Nossa mente não pode fazer o que julga não poder fazer. Então, por que não nos prepararmos para o que desejamos?

Podemos ensaiar mentalmente o que queremos e como vir a fazê-lo.

O ensaio mental começa por se estabelecer a meta a ser alcançada, visualizando-a com o maior número de detalhes, como desejamos que venha a ser quando alcançada, efetivamente.

Visto onde e como chegar, e o que desejamos encontrar, todo nosso empenho e atenção deve se voltar, agora, ao processo em si mesmo, à caminhada, que precisamos colocar em prática para alcançar a meta traçada.

Passo a passo devemos planejar e executar o que seja preciso para chegarmos lá.

O ensaio mental diferencia-se do sonhar acordado, pois enquanto este focaliza o resultado, como se tudo acontecesse num passe de mágica, sem nossa atuação, o primeiro pede recurso, habilidade e assertividade em cada ação.

Um exemplo bem simples: fazer um bolo.

Nossa meta: um bolo de chocolate, sem cobertura, de tamanho médio.

O processo: primeiro, reunir todos os ingredientes nas quantidades previstas, inclusive forma e forno. Depois, começar o preparo.

Iniciar cada passo definido na receita, usando os ingredientes na ordem e segundo cada quantidade devida.

Enformar, tendo sido untada a forma, e levar ao forno preaquecido na temperatura indicada, deixando assar pelo tempo previsto.

Por fim, se tudo foi feito como devido, por certo iremos ter o resultado almejado. E poderemos provar o doce sabor da boa realização.

Logo, um resultado plausível será alcançado com naturalidade, uma vez se atendendo o passo a passo estabelecido no processo, consciente de cada ato.

*

Não adentremos por desvios mental, emocional e comportamental adotando posturas opostas, mascarando desejos e vivendo de ilusões.

Nem mesmo projetando nosso estado interior em desalinho em torno de nós, manifestando insegurança pessoal que pode ensejar estado paranoico.

Tal grau de conflito íntimo, nos levará a temer nossas próprias resoluções e ações, prejudicando pessoas outras, além de nós mesmos.

Nos decidamos pelo melhor, que nos mantenha coesos com todas as manifestações do Bem.

O mundo “lá de fora” não vai mudar enquanto o mundo “aqui de dentro” não mudar.

Portanto, perguntemo-nos:

– Como encontrar uma solução dentro de mim?

Inicialmente, coloquemos em questão a base e a validade de cada uma de nossas crenças, que são as raízes de nossas emoções flutuantes, atentos a forma como percebemos as coisas e como realmente elas são: como estou aparentando ser; como sou realmente; como eu gostaria de ser; como eu deveria ser.

Reflexões mais aprofundadas sobre nós, pede examinemos, por exemplo: a autoimagem, como eu me identifico; hábitos e comportamentos no dia a dia; emoções diante do modo de viver; relacionamentos mantidos, suas características, suas importâncias, sua sinergia, sua significação; postura diante de problemas e o empenho pela autossuperação.

Cada um de nós, nessa viagem de observação e autoconhecimento que fazemos na intimidade do coração, teremos nossas próprias respostas, retratando nossa realidade.

Olhemo-nos demoradamente no espelho d’alma e não receemos mudanças tidas como necessárias, a fim de promovermos o bem-estar permanente.

Shams Tabrizi, místico Sufi, nascido em Tabriz, no Azerbaijão e falecido em 1.248, nos diz: “Em vez de resistir as mudanças, se renda. Deixe a vida seguir com você, não contra você. Se você pensa ‘Minha vida vai virar de cabeça para baixo’, não se preocupe. Como você sabe se não é melhor do que de cabeça para cima?”.

Do mesmo modo que uma vírgula pode mudar uma frase, uma simples atitude pode mudar uma história pessoal.

“Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço”, anotou Immanuel Kant, considerado como o principal filósofo da era moderna.

O poeta Fernando Pessoa sublinhou: “Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida.”

Estamos fadados à felicidade, e, conforme lição milenar do Sublime Nazareno, temos Caminho traçado: “peça e conseguirá, busque e achará, bata que se abrirá.”

Não nos acomodarmos jamais em como somos agora. Antevejamo-nos como desejamos ser, em consonância com o que já sabemos como deveríamos ser para alcançarmos e sentirmo-nos pertencentes ao então correspondente estado de bem-estar plenificante que almejamos para nós.

Filósofo liberal, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, Khalil Gibran, o cantor da esperança, fala-nos: “A consciência de uma planta no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas para a primavera que irá chegar. A planta não pensa nos dias que já foram, mas nos que virão. Se as plantas estão certas de que a primavera virá, por que nós – os humanos – não acreditamos que um dia seremos capazes de atingir tudo o que queiramos?”

E como todo conhecimento novo proporciona a cada um que o recebe, uma nova realidade, que em breve se tornará um hábito, trabalhemos por interiorizá-lo com aceitação e permissão, para que nosso processo de superação da antiga conduta melhore, auxiliando o quanto antes nossa evolução.

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