De modo geral, todos almejamos dias melhores em nossas vidas, pelo que trabalhamos, ofertando no dia a dia o nosso melhor esforço.
A luta não é pequena. Demonstrando ou não, damos nossa cota de sacrifício em prol do nosso bem-estar e dos nossos amores.
O estudo, o trabalho, a casa, os pais, os filhos, o cônjuge, os amigos, todos e tudo que compõem nossa escala de valores, recebem a nossa dedicação, nosso suor, nossos sorrisos e nossas lágrimas. À nossa maneira, nos fazemos presente, participando na existência de cada um.
Acertamos, erramos, tropeçamos, caímos, levantamos e prosseguimos.
Assim como o rio alcançará o grande mar, nós alcançaremos nosso desiderato.
Os obstáculos são superados, transpondo-os. As facilidades são aproveitadas, dando passos adiante.
Crescemos nós, ajudamos os outros a fazerem o mesmo.
Os embates existenciais têm servido para o despertamento de nossos sentidos, de nossa atenção, de nossa vigilância.
Sabemos que nem todos os dias são de Sol e brisa suave. Há dias de tempestade, acinzentados e frios. E estamos cientes de cada dia é um dia de oportunidades renovadas e a sucessão de todos eles guarda sua importância, sua razão de ser e nos reservam suas lições, que devem ser bem aprendidas e compreendidas.
Quando se apresentam as lições do desânimo, buscamos forças revigorantes e alentadoras que foram armazenadas em nossos corações quando dos dias de fartura de saúde, disposição e vitalidade, bem como quando das concretizações de iniciativas felizes. Hoje, essas lembranças servem de vacina contra o desalento, fazendo com que ele bata em retirada.
Quando chega a lição do cansaço, acautelamo-nos providenciando medidas reparadoras como um rápido e providencial descanso, ocasião propícia para buscarmos identificar que tipo de cansaço sentimos: físico, mental, psicológico, espiritual. Para cada um, nossa ação correspondente. Uma parada mais ou menos rápida para restabelecer forças físicas. Uma mudança de quefazeres, para oxigenar a mente. Uma distração mais marcante, para recompor o nosso estado psicológico. Uma absorção de novos valores e conceitos, de conquistas e realização, para preencher nosso espírito.
Sem deixar de considerar que o descanso faz parte da lei natural do trabalho e é merecido por todos, cuidamos para não exagerar na dose, evitando adentrarmos pela seara do ócio e da preguiça, por serem fatores limitadores das pessoas.
Se se apresenta a lição da indiferença, do desinteresse pela vida e pelos valores existenciais, ou pelo próximo e por nossos amores, resguardamo-nos na reflexão amadurecida do quanto somos importantes e úteis na vida de tantos, além da nossa mesma. Nossas dificuldades tendem a diminuir de intensidade, quando olhamos à nossa volta e vemos os padecimentos alheios, onde há dramas de tal complexidade e dor, que, provavelmente, nós não os suportaríamos.
Que, uma vez mais, o rio nos sirva de inspiração, que segue seu curso rumo ao grande mar, incansável, resoluto, abençoando tudo o que está no seu leito e nas suas margens, sem nada cobrar para si próprio. Apenas pede passagem e prossegue doando vida por onde passa, cumprindo seu papel na grande equação existencial.
Quando chega a lição da irritação, que pode descambar para ira e revolta, com a mesma rapidez como ela chega, recorremos a meditação, à pausa mental, ao refrigério da água da paz. Água da paz é aquele gole de água que colocamos na boca mais não o engolimos… e também nada podemos falar durante esses momentos. Fica ali na boca o gole não engolido, nos deixando mudos pelas circunstâncias, e que assim permanece até que a irritação se arrefece, sem dela termos dado vazão, como inicialmente desejado.
Outro caminho muito usado, quando no turbilhão da vontade de explodir e “perder a elegância”, é o silêncio. Bravamente nos aquietamos, certos de que o silêncio, em muitas ocasiões, é a melhor resposta.
Se formos religiosos, a hora é de oração; se não formos religiosos ainda, bons e tranquilizantes pensamentos serão bem-vindos, até porque, numa análise mais ligeira, oração nada mais é do que um conjunto de bons pensamentos que refletem nossos desejos, nossos louvores, nossa gratidão.
Se na próxima curva do caminho se apresentar a lição da vaidade, fomentadora da soberba, basta que olhemos para a margem da estrada da vida para ali identificarmos a necessidade da renovação em nossa escala de valores, seguindo o exemplo da flor, exuberante, bela, perfumada, senhora de seu espaço, ponto de destaque no horizonte de quem olhe em sua direção, mas que, para atender seu real propósito na vida, sabe que, humildemente, precisa murchar para que resplandeça o fruto do seu sacrifício, o qual servirá a quem o colher, vendo, logo mais, lançado fora o seu último resíduo: a semente.
No entanto, eis que a desprezada semente, no obscuro do solo, renovar-se-á pela força dos reinos da natureza, retomando logo mais a majestade dos desígnios da vida, resplandecendo nova flor, herança de uma outra flor que aceitou exemplarmente a humildade como o veículo da expressão da sua verdadeira grandeza e razão de existir.
Assim, o transeunte da existência, verá em cada flor sua formosura, mas é para o fruto que adveio depois da florada e lhe deu sustento à vida, que vai sua reverência.
Não poderia faltar a lição da inveja na estrada do nosso progresso, que é como que um espelho rachado que permite enxergar a nossa imagem partida em várias partes, com falhas entre uma e outra, as quais preenchemos com nossa imaginação distorcida pelas feridas de nossa alma, causadas pelas nossas pressupostas imperfeições ou carestias, ou pelos reveses da vida.
Essa cegueira parcial não permite que nos vejamos em verdadeira grandeza, com nossos recursos, nossos tesouros, nossas conquistas – que todos os temos, uns mais, outros menos. E, por não estarmos habituados e olharmos para dentro de nós, mas somente para o que se passa fora de nós, concluímos, equivocadamente, que no exterior se resume a vida e somente ali se encontram os valores mais apreciados.
Assim, começamos a ver nos outros, com inveja – desejo velado -, o que aspiramos para nós, sem nos darmos conta de que, provavelmente, aquilo almejado já possuímos, ou o que outro faz, nós já o fazemos com maior qualidade. Faltando só olhar para nossa intimidade.
Somente a maturidade psicológica nos faz compreender que a grandeza da vida é ser, e não ter somente. Pois o que temos, podemos deixar de ter, mas o que somos, isso segue conosco para sempre, salvo as modificações para melhor que sofra ao longo da trajetória.
Estas e outras lições que se nos apresentem enquanto estamos a caminho, delas tiremos os melhores proveitos para o nosso amadurecimento e equilíbrio emocional, intelectual e moral.
Não vejamos tais sentimentos lecionados como terroristas internos, nem os deixemos agir assim destrutivamente, mas, sim, como elementos de importantes lições existenciais, as quais, uma vez superadas com êxito, nos levarão ao triunfo certo sobre nós mesmos, fazendo com que saiamos de cada aula da vida, engrandecidos em virtudes, conquistas imorredouras, gênese da felicidade possível.
Cada lição nos propiciará, se bem aprendidas:
- Uma maior visão de conjunto, quando alcançaremos uma elevada perspectiva de novos horizontes, vendo a vida sob um novo prisma;
- Uma autoestima enriquecida, despertando-nos para a valorização da vida e do tempo, enquanto nos traz autorrevelações de quanto somos capazes de superações e de enfrentamentos diante de reveses e de adversários sutis no campo emocional. Levando-nos e perceber que, ao final de uma refrega (física ou emocional), saímos mais fortes e ricos de sabedoria, mais confiantes em nós mesmos, em nossas capacidades. Sentimos satisfação pessoal pelo que já somos e pelo que já fazemos, e pelo que podemos vir a ser e vir a fazer, construtivamente;
- Novos propósitos de viver, pelo descortinar de uma realidade existencial que premia a autossuperação com a compreensão da real razão do existir, onde as conquistas pessoais são valorizadas, escancarando oportunidades para que o nosso próximo também venha a beneficiar-se de nossos triunfos;
- O estímulo para a assunção de firme compromisso com o certo, o verdadeiro, o bem em seu amplo aspecto, decorrente do enriquecimento da nossa mente com novos valores éticos, morais, comportamentais, essencialmente superiores;
- Uma maior contribuição pessoal, brilhando nossa luz, em benefício dos nossos amores, de nossos compromissos pessoais, profissionais, familiares, quando poderemos depositar nosso tijolo de amor em prol da construção de dias melhores para todos;
- Fortalecimento de convicções, confiando em nós mesmos, no próximo e, acima de tudo, nos descortinando a existência de uma Regência Magna, acima de todas as coisas;
- Aumento de esperança em melhores dias, uma vez termos descoberto novos valores em nós, e, com a autoconfiança enaltecida pelas realizações felizes, sabermos que o que quisermos fortemente, brevemente realizaremos.
A jornada evolutiva não é uma simples sucessão de dias, mas de oportunidades bem aproveitadas.
O Sol que resplandece sua claridade iluminando o mundo, serve para iluminar nossos caminhos, e o faz sem nenhuma exigência, apenas serve aos seus propósitos, com seus valores incontestavelmente superiores, por serem essenciais ao surgimento e manutenção da vida.
Com sua inigualável sabedoria, o Mestre dos mestres recomendou-nos, há mais de dois mil anos: Brilhe a sua luz!
Sejamos luz em nosso interior, enquanto nessa grande viagem para dentro de nós, a caminho do autodescobrimento, e sejamos luz em nosso derredor, para que outros, ao nosso lado, caminhem na claridade de nossa capacidade de discernir, agir, fazer e amar.
Ele também nos disse que somos o sal da Terra, pela nossa condição de impormos o tempero certo na quantidade certa onde e como agirmos acertadamente, bem como sermos, com isso, o melhor dos conservantes do grande alimento da vida: o amor.
E ainda acrescentou que somos deuses e que poderíamos fazer muito mais do que Ele, indicando-nos com clareza um caminho de realizações nobres possíveis, estimulando-nos o ânimo a fim de prosseguirmos com destemor pelos rumos libertadores de nossa consciência.
Rompamos com os grilhões do desânimo, do cansaço, da indiferença, da irritação, da vaidade, da inveja, do orgulho, do egoísmo, verdadeiras chagas da humanidade, para, desenvoltos e fagueiros, seguirmos os caminhos da verdadeira vida.
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