A Partitura que é Só Sua

Era uma vez um músico que não sabia tocar.
Sentava-se entre os virtuoses, vestia-se como eles, seguia o compasso com destreza imitativa – mas nada ali vinha de si.
Ele copiava.
O gesto. A pausa. O som do outro.
Por anos, passou despercebido.

E por anos, perdeu-se.

Não foi falta de chance.
Foi falta de escolha verdadeira.
Enquanto todos os outros afinavam suas cordas internas, ele apenas sobrevivia no eco do esforço alheio.
Até o dia em que o silêncio o expôs.
O rei morreu, e com ele, a harmonia da ilusão.

Ali, diante de um novo maestro e de sua própria ausência, não restava mais disfarce.
A nudez sonora de quem nunca ousou se ouvir.

Você já sentiu isso?
Essa sensação de estar no meio da vida – entre gente, compromissos, tendências – e, ainda assim, não se escutar?
É como estar numa orquestra afinada, mas com seu instrumento desligado.
Você sorri, acena, concorda, segue.
Mas algo ali não vibra.

E cedo ou tarde, a vida muda o regente.
O pano cai.
A cortina da repetição se abre.
E então… é você – só você – no centro do palco…
Sem partitura alheia.
Sem eco.
Sem a multidão para camuflar o vazio.

A vida nos convida a ser solistas.
Mesmo que por vezes a gente insista em apenas seguir o coro.

Somos todos tocados pelos mesmos elementos: os cinco sentidos que abrem janelas, o corpo que respira e precisa de cuidado, o dia que exige esforço e entrega.
Mas o que fazemos com isso – o como, o porquê, o quanto – é o que nos individualiza.
É o que nos transforma em compositores da nossa própria existência.

Porque, veja bem: o perigo não está em se parecer com os outros.
Está em se esquecer de si.

Quando você deixa de decidir a própria música, alguém decide por você.
E logo está vestindo o azul que te mandaram usar, repetindo frases que não são suas, indo aos lugares onde sua alma não pisa.
Tudo parece certo. Tudo parece seguro.
Mas lá dentro, algo se contrai.

E o que se contrai, um dia grita.

A alma não suporta viver disfarçada por muito tempo.

Somos seres criativos. Inventivos.
Somos feitos para fazer acontecer.
E quando essa natureza é silenciada em nome da adaptação, o que surge não é paz – é estagnação.

Sentimos.
Mesmo sem saber o nome da dor.
Mesmo sorrindo por fora.

Uma vida sem autoria é uma vida que se repete.
Uma partitura copiada demais já perdeu o som original.

E se você decidisse reescrever a sua?
E se, em vez de seguir o compasso da maioria, você criasse o seu próprio ritmo – ainda que desafinado no início?

Você tem o direito de dizer sim ao que te fortalece.
Você tem o direito de dizer não ao que te apaga.
Você pode, e deve, cultivar opinião, presença, coerência.

Juntos, sim – confundidos, não.
Afinizados, sim – anulados, jamais!

Olhe-se no espelho. O que você vê ali é você – ou é o reflexo das expectativas dos outros?
A resposta talvez doa.
Mas é também a senha para a liberdade.

Porque não basta viver.
É preciso viver-se.

Na orquestra da vida, há uma música que só você pode tocar.
Ela pede sua assinatura, seu fôlego, sua escolha.
Ela não será perfeita – mas será autêntica.

E na autenticidade mora a beleza que transforma.

Se hoje a vida te chamasse ao palco, você estaria pronto?
Você saberia tocar a si mesmo com verdade?
Ou repetiria, como aquele músico exilado:
“Que idiota que fui ao não aproveitar a oportunidade que me ofereceram!”

Há uma sinfonia escrita especialmente para você.
Ela tem sua cara. Seu jeito. Sua luz.
Assuma o lugar de solista.
Aqueça suas cordas.
Ensaie com alma.
Toque.
Porque a plateia mais importante é a sua consciência.

E ela espera – em silêncio – que você comece!

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