A originalidade e individualização pessoal quando esculpida no âmago de nosso ser, não isola e nem aparta, contrariamente, enaltece a interdependência com o próximo e com a natureza, pois é reconhecimento advindo do autodescobrimento, um encontro com a verdade, com a sua identidade real. – Projeto INOVE
Na nossa caminhada de melhoria, de aprimoramento de valores existenciais, as experiências bem vividas se apresentam como oportunidade de capacitação evolutiva.
Quanto maior nossa autoconfiança, maior a coragem para imprimir em nossas vidas e à nossa volta as nossas marcas reais, nossa originalidade saudável, como ser que age e se faz partícipe da grande obra de melhoria geral, pessoal, familiar, social, e promove bem-estar.
Essa consciência desperta, que reconhece suas capacidades próprias, e se mantém em constante aprimoramento, leva o ser a atitudes transformadoras ousadas, com recompensas pessoais e coletivas.
Relembremos alguns exemplos de pessoas que ousaram na sua individuação.
Mohandas Karanchand Gandhi (1869-1948), sozinho iniciou o movimento pela liberdade de seu povo, de sua nação, a Índia, então sob o domínio absolutista da Inglaterra. Sonhava por todos os seus, em poder caminhar pelas calçadas, sem ter que sair delas para dar lugar à um inglês que por ali andasse. Deseja que todos pudessem se casar, sem ter de pedir permissão aos ingleses. Almejava que pudessem decidir os destinos do país, mesmo que viessem a errar na decisão, ao invés de não terem nenhuma prerrogativa política e econômica. Custou-lhe a vida, mas conquistou a liberdade tão sonhada, sempre com a prática da não-violência.
Damião de Veuster (1840-1889), o Padre Damião, missionário católico belga que, espontaneamente, decidiu-se por residir na ilha de Molokai, Havaí, local onde eram degredados os hansenianos, conhecida como a Ilha do Inferno, com a intenção de fazer daquele local um lugar digno de se morar. Custou-lhe a vida, mas conseguiu.
Albert Schweitzer (1875-1965), contrariou todos os conselhos que lhe chegavam e deixou o seu confortável estado de vida na Europa, como professor e reconhecido musicista, foi estudar medicina com o único propósito de atender os mais miseráveis da Terra, no distante então Congo Belga, em Lambaréné. Ficou conhecido como o Profeta das Selvas, laureado como o Prêmio Nobel da Paz. Enfrentou a precariedade de recursos diversos, as doenças equatoriais, a falta de apoio e de dinheiro. Persistiu e implantou assistência médica condizente, construiu grande hospital e estrutura de amparo social, que até hoje funcionam.
Marie Curie (1867-1934), cientista polonesa de naturalização francesa, conduziu pesquisas pioneiras no ramo da radioatividade. Foi a primeira mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel e a primeira pessoa e única mulher a ganhar o prêmio duas vezes. A família Curie ganhou um total de cinco prêmios Nobel. Percebia os efeitos maléficos dos materiais que manipulava em laboratório (até então não conhecidos) e os prejuízos em sua saúde, no entanto prosseguiu, com destemor, até sua morte, mas legou à humanidade importantes conquistas científicas.
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Essas pessoas, destemidas, originais, pois que únicas, mudaram a história com suas atitudes, quer seja de um povoado, ou de toda a Humanidade.
Não objetivavam ser diferentes, mas fizeram a diferença!
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Era uma vez um escritor que morava em uma tranquila praia, junto de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira do mar para se inspirar, e à tarde, em casa, escrevia seus textos. Certo dia, ele caminhava na praia e viu um vulto que parecia dançar. Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia e, uma por uma, jogava-as de volta ao oceano.
– Por que você faz isso? perguntou o escritor.
– Você não vê? explicou o jovem. A maré está baixa e sob sol está muito quente. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na areia.
O escritor espantou-se e argumentou:
– Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora, e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma.
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou demoradamente para o escritor e disse:
– Para essa aqui eu fiz a diferença…
Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano.
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Podemos e devemos mudar a nossa história pessoal, abrigar no compêndio-vida próprio, páginas autoiluminativas, alegres, saudáveis, resplandecentes, com vivacidade construtiva, canalizar nossa energia criativa para o equilíbrio emocional e físico.
Mudar a história pessoal não é iniciar um novo livro, mas, sim, iniciar um novo capítulo num mesmo livro, e dar ao personagem central novo conteúdo intelectual e ético, nova capacidade, nova habilidade, novo objetivo e um novo e enriquecido mapa mental para se conduzir com assertividade.
O problema não é como levar para nossa mente ideias novas e inovadoras, mas como tirar de lá as ideias velhas, comentou Dee Hock, ex-CEO da Visa Internacional.
O consagrado poeta Fernando Pessoa fala-nos a respeito, quando lemos estes seus escritos:
Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas
que já tem a forma do nosso corpo
e esquecer os nossos caminhos
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia
e, se não ousarmos fazê-la
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.
Mahatma Gandhi lutou pela libertação política e humanitária de mais de 500 milhões de pessoas, seu povo, e ensinou-nos que a verdadeira liberdade se dá no coração de cada um, e que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.
Sem acordarmos para a realidade de agora, e insistirmos em manter o passado como eterno presente, inexistirá um futuro possível.
Coragem para empreender as mudanças.
Ainda com as lições de Gandhi: Estou firmemente convencido que só se perde a liberdade por culpa da própria fraqueza.
Frei Damião, lá pelos idos de 1870, dispôs-se ao enfrentamento dos preconceitos, da desumanidade das autoridades, que então impunham um sepultamento de vivos a céu aberto, ao condenarem à morte centenas de pessoas de todas as idades e sexo, portadoras da hanseníase, abandonando-as em Molokai, a quinta maior ilha dentre as do Havaí. Ilha isolada e proibida, para onde, os ali desterrados, sabiam ir e nunca mais voltar. Damião, voluntariamente para ali foi e levou junto os valores da fé, da solidariedade e da fraternidade. Lutou contra as chagas que mutilavam os corpos e se empenhou até sua morte para dar uma vida digna aos habitantes da ilha.
Absorver a sublime substância da original coragem e destemor desse “herói sem espadas”, em nossa nova história pessoal e empreendamos luta sem tréguas para vencer em nós próprios, preconceito, injustiça, desamor, orgulho, vaidade, egoísmo, bacilos causadores de chagas que corroem os sutis tecidos da alma.
Deixemos ao nosso passado que ocupe o tempo que lhe diz respeito: passado; que já aconteceu, teve sua chance de mudança e, se não aproveitada, fica lá sem renascer a todo instante.
Dele guardemos as lições do fazer e do não fazer, dos acertos e dos erros.
Nos vem à lembrança Charles Dickens, o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana: Cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisava aprender.
No dizer de Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho: O passado já não é mais e o futuro não é ainda.
Comecemos por viver o nosso atual momento-vida, abramo-nos para a Vida, deixemos entrar o sol do presente nos porões de nosso ser. E dali retiremos os lixos tóxicos do passado mal vivido para abrir espaço à uma nova e saudável vida, construindo um porvir de bem-estar.
Machado de Assis, na mestria de seus escritos, legou-nos a orientação: Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.
Madame Curie, com a ousadia de sua originalidade, enfrentou, com suas pesquisas, as fatais consequências, até então não sabidas, de elementos radioativos, a fim de deixar à Humanidade os ensinos de como lidar com esses elementos da natureza em benefício da própria vida.
De nossa parte, lidemos com os elementos nocivos que ainda tenham abrigo em nosso pensar, sentir e agir. Nos façamos radiantes do bem, e não tóxicos, radioativos-destrutivos.
Não se pode planejar o futuro pelo passado, somente pelo presente.
Ao aprender com os acertos e os erros, nossos e dos outros, tracemos o final feliz de cada novo capítulo que estamos por escrever no livro de nossas vidas. Será desenvolvido o modo seguro de alcançarmos o futuro almejado criado a partir do agora.
Na leveza das palavras de Rumi, poeta, jurista e teólogo sufi persa do século XIII, podemos largar a imaginação e viajar em direção do ideal sonhado:
Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol para fora de ti.
A viagem conduzirá a teu ser,
transmutará teu pó em ouro puro.
Hoje, portanto, é o nosso dia. Agora é o nosso tempo.
Façamos a diferença!
Sem medo de ousar, nos façamos unos com a originalidade dos valores imorredouros da vida; vivenciemo-los em gênero, número e grau, da mesma maneira que o cantor se faz um com o canto para assim se manifestar.
Sempre em frente e para o alto, deve ser nosso lema de todos os dias.
Recitemos com Charles Chaplin, célebre ator, diretor, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante, dançarino, roteirista e músico britânico, seu cântico de ordem:
Não faças do amanhã
o sinônimo de nunca,
nem o ontem te seja o mesmo
que nunca mais.
Teus passos ficaram.
Olhes para trás…
mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegues para poderem seguir-te.
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Projeto INOVE – a vida sob novo prisma
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