A FORÇA DA RESIGNAÇÃO DINÂMICA

A resignação é uma virtude, amiga da mansuetude e da paciência, que pode ser confundida com a negação do sentimento e da vontade.

Porém, contrário a esse falso entendimento, ela é uma força ativa que carrega o fardo das provações, e permite que se dê o que a revolta insensata deixa cair.

Sua expressão é consentida pelo coração.

É conquista do ser.

Significa aceitação sem revolta frente aos tropeços e as atribulações da existência.

Suporta as adversidades sem se revoltar, por compreender sua feição educativa, bem como seu estado passageiro.

Afinal, tudo passa, menos o amor!

Reconhece a responsabilidade de cada um frente aos acontecimentos, felizes ou não, por se saber ser ele o seu agente promotor.

Sob a luz da resignação, nenhum sofrimento é ignorado; é entendido e atendido.

O ser resignado:

Fisicamente, diante da enfermidade, atende-a com os recursos ao seu alcance, e examina em profundidade a mensagem que ela lhe dirige como convite a remontar à causa, sem se deter apenas no efeito.

Emocionalmente golpeado, se a calúnia o alcançar, sem queixa, resiste em dar-lhe ouvido.

Em contato com maledicência destrutiva, evita-lhe os danos previsíveis, quando não se permite dar-lhe consideração.

Envolvido por perturbação de seus ideais e valores, faz uma pausa, recompõe-se psicologicamente e nega-lhe presença e permanência, sendo mais ele mesmo.

Se a raiva lhe faz uma indesejada visita, não a agasalha no amor-próprio ferido. Busca identificar o medo, ansiedade, tensão, a causa, enfim, de sobrecarga de adrenalina derramada na corrente sanguínea capaz de trazer a reação raivosa no comportamento.

Colhido por qualquer disputa no âmbito profissional, não se permite envolver com a perda de tempo inútil.

Diante de dúvidas existenciais que lhe causem torpor mental, estabelece ação recuperadora de alto valor assertivo, que lhe traz de volta o bem-estar.

Reconhece que todos os acontecimentos têm sua própria condução que pede aceitação, acompanhamento, entendimento, direcionamento.

Enquanto acolhe, resignadamente, os fatores circunstanciais da vida, com dinamismo de uma mente desperta, aproveita o tempo e trabalha pela harmonia.

Figuradamente, é como a ostra que acolhe o grão de areia que a fere na intimidade, e converte o fato em um feito reparador: a pérola.

Mas o ideal seria mesmo que a ostra, vivesse sem incômodos, que desfrutasse somente a sua própria vida, coexistisse harmonicamente com todos os grãos de areia do mar, sem a necessidade de, sendo resiliente, formar ao redor do invasor, algo tão lindo como a pérola, que carrega tamanha carga de dor!

Mas isso…! É outra história, em outro artigo, em outra busca, noutro tempo!

A semente sofre o rompimento da película que a circunda a fim de permitir o desenvolvimento da árvore e o fornecimento do fruto.

Se ferido com um corte no dedo da mão, não se detém na dor, ato contínuo, no dinamismo que lhe é próprio, inicia imediatamente o processo de cicatrização, com a coagulação do sangue para fechar o corte, a formação de uma crosta e a regeneração dos vasos sanguíneos e da nova pele.

São exemplos do sábio fluxo da vida em suas expressões magníficas.

A vida se confirma a todo instante, diante das incessantes oportunidades que surgem pela frente, jamais pelos insucessos que ocorreram no passado.

Do passado restam as lições!

No presente, o convite para libertar-se dos acontecimentos infelicitadores do ontem, como madeira podre que se joga nas águas do rio do esquecimento, e valorizar o momento de agora com ações edificantes do bem-estar físico e emocional.

A cura de uma enfermidade exige a extinção das suas causas.

Se picado por um inseto venenoso, de início se deve bloquear sua expansão pelo corpo, e então se medicar.

Comparativamente, se às voltas com circunstâncias adversas, angustiantes, problemáticas, chamadas situações-problemas, quais “setas morais” envenenadas que penetram e laceram a carne e inoculam o tóxico que rapidamente toma o resto do corpo, de imediato, se retira a “seta envenenada” da alma.

Retirar a causa venenosa e então aplicar o bálsamo-antídoto para harmonizar o estado de ser.

Isso diz respeito a problemas físicos, psicológicos, mental e emocional.

Conforme o mal, o remédio a ser indicado.

Cada efeito, corresponde a uma causa.

Na raiz das causas, quase sempre será encontrado como seu agente promotor – consciente ou inconscientemente – o próprio ser.

Somos resultados das nossas ações anteriores.

Herdeiros de nós mesmos.

A dor, o sofrimento, por si mesmo, não tem vida própria. Ele é consequência de alguma coisa.

Funciona como um sinal de alarme, que chama nossa atenção e nos diz que algo precisa de nossa atenção e busca reparadora.

O alarme não é o problema, é o anúncio do problema.

É uma advertência de que algo não se encontra bem, de que se faz necessário retificar alguma coisa que aguarda renovação.

Se damos uma topada com o dedão do pé numa pedra do caminho, o grito que soltamos fala de dor e sofrimento, no entanto, nós sabemos que o machucado, o motivo da dor, não está no grito (o alarme), e, sim, no dedo do pé (que pede cuidados).

Não existimos simplesmente à força das circunstâncias, mas podemos decidir como será nossa existência, o que nos tornaremos no momento-vida seguinte.

Decidir, assumir a mudança necessária e vivê-la com intensidade remodeladora.

Somente quando se volta os olhos para dentro da alma é que a capacidade de percepção se torna clara o suficiente para se vislumbrar a si mesmo, e identificar quem se é, o que se é e o que se valoriza, e deixar de lado o que aparenta ser.

Precisamos estar conscientes de que não somos perfeitos.

Não há que se envergonhar em ser imperfeito.

Todos erramos, mas é na tentativa de melhorar e mudar que crescemos e nos fortalecemos.

Precisamos aprender a selecionar o que nos seja útil e saudável, que nos leve a realizações pessoais e resulte estado de ser emocionalmente estável, mente tranquila.

Distinguir entre o essencial e o supérfluo, o que convém e aquilo que não é lícito.

Não prestigiar o secundário em detrimento do primordial.

Não há o que reclamar da vida.

Os acontecimentos são frutos de nossas escolhas.

A escada que leva para cima, é a mesma que leva para baixo.

Ser feliz quanto antes ou desventurado por largo tempo depende do livre-arbítrio.

Diante de uma situação que não podemos mais mudar, o desafio é mudar a nós mesmos.

É preciso renovar conceitos e valores a serem praticados em nosso viver.

Afinal, diante de uma situação que nos causa dor, sempre poderemos escolher a atitude com que encararemos essa aflição.

A aceitação, porém, do sofrimento como formador de significado existencial e revelador de propósito de vida, não quer dizer talhar sua própria cruz de padecimentos, mas desenvolver asas de libertação do corpo que funciona como um cárcere material para a conquista da plenitude do ser.

O sofrimento nada mais é do que o sinal sensível e perceptível que indica a necessidade de parar e voltar – voltar-se para si mesmo – a fim de deixar o desvio existencial tomado e retomar a estrada principal, onde a harmonia faz parte do seu projeto construtivo original, mas não contempla as variantes que porventura sejam abertas por um e outro, dentre todos nós.

Esse esforço multiplicado pede a presença da resiliência e da força motriz da resignação dinâmica.

Como diria um poeta do povo: se ontem, você, por não adotar o amor como conduta, encontra agora a dor; hoje, faça da dor, acolhendo-a com resignação dinâmica, o meio de levá-lo de volta ao amor.

____________

Projeto INOVE – a vida sob novo prisma

 www.projeto-inove.com.br

contato@projeto-inove.com.br

Facebook: @PROJETOINOVI

Linkedin: linkedin.com/company/projeto-inove

Instagram: #projetoinovi

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *