A CONSCIÊNCIA É O VENTRE DA CRIAÇÃO

Um conto oriental narra que houve um tempo em que todos os homens eram deuses. Mas eles abusaram tanto de sua divindade que Brahma, o mestre dos deuses, tomou a decisão de lhes retirar o poder divino.

Resolveu então escondê-lo em um lugar onde seria absolutamente impossível reencontrá-la. O grande problema era encontrar um esconderijo.

Brahma convocou um conselho dos deuses menores, para juntos resolverem o problema.

– Enterremos a divindade do homem na terra, foi a primeira ideia dos deuses.

– Não, isso não basta, pois, o homem vai cavar e encontrá-la.

Então os deuses retrucaram:

– Joguemos a divindade no fundo dos oceanos.

Mas Brahma não aceitou a proposta, pois achou que o homem um dia iria explorar as profundezas dos mares e a recuperaria.

Então os deuses concluíram:

– Não sabemos onde escondê-la, pois não existe na terra ou no mar lugar que o homem não possa alcançar um dia.

Brahma então se pronunciou:

– Eis o que vamos fazer com a divindade do homem: vamos escondê-la nas profundezas dele mesmo, pois será o único lugar onde ele jamais pensará em procurá-la.

Desde esse tempo, conclui a lenda, o homem deu a volta na Terra, explorou, escalou, mergulhou e cavou, em busca de algo que se encontra nele mesmo.

***

Ainda hoje se vê aqui e ali, o animal com cestos em sua costa, servindo ao transporte de coisas. Vai ao seu destino, descarrega a carga e segue sua faina diária.

Se não descarregar e, ainda mais, pôr mais carga, será transtorno na certa.

Na nossa caminhada evolutiva, já nas primeiras expressões da consciência em despertamento, nos damos conta de que, naturalmente, adotamos novos valores existenciais, porém, sem que nos desidentifiquemos dos conteúdos anteriores, no mesmo ritmo. Ou seja, geralmente vamos reunindo nos “cestos da consciência” novas experiências, sem abrirmos mão daquelas crenças, valores e comportamentos então predominantes, hoje desvalidos de substância que nos alimente a alma a contento; sem nos darmos conta, ainda, de que esse apego retarda muito a marcha do crescimento pessoal.

No dizer de Dee Hock, fundador e CEO emérito da Visa Internacional, o problema não é como levar para nossa mente ideias novas e inovadoras, mas como tirar de lá as ideias velhas.

As experiências modificativas são aquelas suficientemente poderosas a ponto de motivar as pessoas a mudar todo o seu padrão de vida.

Mudanças provocam resistências.

Sabemos de reais valores éticos, morais, comportamentais, mas insistimos, por apego, na sobrecarga de desvalores, alguns altamente prejudiciais. Mesmo com riqueza de conteúdos novos à nossa disposição, sabidos e aceitos, não nos libertamos facilmente das paixões dissolventes, ilusões, sentimentos indesejáveis, manias, fixações, cacoetes.

É preciso superar nosso arraigado sistema de crenças.

Sim, acontecerá a libertação desses conteúdos negativos, o esvaziamento dos “cestos” da carga desnecessária, mais dia menos dia Acontecerá ou por deliberação pessoal ou, não raro, de forma penosa. Seja por nossa escolha ou em decorrência de dor-educadora, despertar-se-á em nós os anseios pelas conquistas de melhorias íntimas, que acontecerão, mesmo que lentamente, mas se dará de modo contínuo, e, em dado instante, assumiremos a qualidade de buscadores do bem-estar e da paz, formadores de novos hábitos, com uma nova visão da vida, uma renovada forma de viver.

Essas mudanças nos levarão a uma identificação assertiva e adoção de valores imorredouros, recursos elevados, básicos para o bem-estar e para a paz em construção.

Porém, é preciso nos desidentificarmos de tudo aquilo que se nos faz grilhão impeditivo de passos evolutivos, e nos identificarmos com tudo que sustente e promova nossa caminhada rumo à consciência superior.

Para remover o mundo físico que nós já conhecemos, é preciso explicitar uma indicação, termos propósito.

No dizer de Stephen R. Covey, reconhecido autor norte americano, se desejamos fazer pequenas mudanças e aprimoramentos incrementais, devemos trabalhas nas práticas, comportamentos e atitudes. Se queremos fazer aprimoramentos significativos, quânticos, trabalhemos nos paradigmas. Ou seja, em nossas premissas de vida.

Identidade com novos propósitos e trabalho renovador ressignificarão valores atuais, o que nos dará condições de visualizarmos esses novos e promissores horizontes, e persegui-los então.

Lemos nos Sutras Iogas de Patanjali: quando estamos inspirados por um grande propósito, um projeto extraordinário, todos os nossos pensamentos ultrapassam seus limites. Nossa mente transcende suas limitações, nossa consciência se expande em todas as direções e nos encontramos num mundo novo, grande e maravilhoso.

Notemos os bebês. Não se prendem a velhas e desgastadas condições. O que seu cérebro absorveu ontem continua no lugar, enquanto novos descobertas continuam chegando, e eles não param.

A intenção, o propósito, vem de dentro de nós, mesmo que estimulado por fatores externos.

Devemos fazer por donde nossas emoções e pensamentos sirvam aos nossos propósitos de gerar a realidade na qual desejamos viver.

De um modo ou de outro, inevitavelmente criamos uma realidade única e pessoal a partir do nosso ponto de vista, de nossa consciência.

Com equilíbrio, levemos nossa mente a uma visão diferenciada e mais ampla sobre a vida e viver, através da arte, da poesia e da música. Leiamos de tudo que seja edificante, retenhamos pelo estudo o que melhor nos convenha em cada momento-vida. Adotemos relacionamentos saudáveis e proatividade pelo justo, pelo belo e pelo bom. Isso nos dará riqueza em nossos mapas mentais, e teremos mais opções e maior flexibilidade em nossos posicionamentos e decisões.

Não há horizontes novos para quem olha para uma única direção e mantém-se na mesma posição, parado.

Para a mente, a consciência é o ventre da criação.

A consciência se transforma em coisas no mundo objetivo e em experiências no mundo subjetivo.

O despertar da consciência nos pede que:

  • Valorizemo-nos.
  • Não esperemos a aprovação dos outros. Em vez de desejarmos a aprovação externa, esforcemo-nos para ajudar os outros a que encontrem sua autoaprovação.
  • Questionemos nossas crenças fundamentais, reforçando as legítimas e abandonando as superadas.
  • Esforcemo-nos para reduzir as nossas exigências quanto a coisas-nenhuma em nome do “ter” sempre e tudo. Vamos nos expandir além dos limites do “eu” e do “meu”, alcançando o vale dadivoso do “nós”.
  • Trabalhemos por “ser”, ao invés de somente “ter”.
  • Miremos o maior propósito que nossa vida possa propiciar como harmonia e bem-estar.
  • Mantenhamos a fé de que o crescimento interior é um processo sem fim.
  • Percorramos o caminho espiritual, seja como assim o entendamos, com sinceridade e esperança, mas com determinação e persistência.

Uma consciência superior não é necessariamente um estado espiritual – é um estado expandido da própria consciência, alcançando melhores significados para a vida e o viver.

Síntese para se ir em frente e para o alto: evolução, expansão e inspiração.

E o caminho para dentro das profundezas de nós mesmos, aquele lugar que Brahma considerou que nós jamais pensaríamos ir, ao qual chamamos de autodescobrimento, nos levará ao reencontro com a nosso poder divino perdido, conforme imagem de nosso conto oriental.

Um bom começo: comecemos com a meditação.

O mundo ocidental segue em seu aprendizado com a milenar sabedoria oriental – já não era sem tempo – que a meditação não só é uma terapia valiosa para superar os conteúdos negativos, como é relevante e basilar à expansão da consciência e desenvolvimento de foco e determinação, tanto quanto a busca interna o é, para o processo de crescimento, de discernimento, de lucidez, de despertar da consciência, enfim.

O bem-estar está ao nosso alcance e tem roteiro seguro para ser alcançado.

Precisamos dar o primeiro passo e logo estaremos dando dois mil. Um único fio conduz a uma complexa tapeçaria.

Nosso Blog já veiculou artigos sobre meditação, seus benefícios e sua prática, e estão em nossas páginas. Estenda sua leitura, visite-nos e leia nossas outras postagens. Lhe será de grande valia.

Projeto INOVE – a vida sob novo prisma

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Um comentário em “A CONSCIÊNCIA É O VENTRE DA CRIAÇÃO”

  1. Vejo uma grande luta nessa busca interior….pois o primeiro passo é mergulhar em nós mesmos e tirar as máscaras que colecionamos ao longo da vida . Nos aceitarmos e sabermos quem somos e ao mesmo tempo aprender a valorizar e vivenciar a riqueza que está dentro de nós esperando ser lapidada…acredito nesse caminho do silêncio interior, da força de vontade sendo preponderante. Acreditar no potencial Divino que está dentro de nós

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